Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

terça-feira, julho 27, 2010

PT torna-se um dos controladores da OI

NOVA YORK (EUA) - A DIRETORIA da Portugal Telecom (PT) anunciou na noite desta Terça-feira, 27, aqui nos EUA, dois grandes negócios no Brasil. A Cia. portuguesa está vendendo sua participação na operadora de telefonia celular Vivo para a Companhia Telefónica di Spaña, por 7,5 bilhões de euros, e comprando 22,4% da holding brasileira Oi de Telecomunicações, por até R$ 8,44 bilhões, um pouco menos da metade do que receberá dos ex-sócios espanhóis na Vivo.

ESSA entrada da PT no capital social da Oi Telecomunicações faz com que o maior acionista da empresa apelidada de "supertele" nacional pelo governo do vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) passe a ser uma empresa estrangeira. Os portugueses não serão meros investidores na Oi, tendo representantes no conselho de Administração, direito de indicar um diretor e, mais importante, poder de veto às decisões dos dois principais acionistas privados, o Grupo Empresarial Andrade Gutierrez e o Grupo Empresarial La Fonte, do empresário Carlos Jereissati. "Conseguimos o que parecia impossível", disse Zeinal Bava, presidente da PT. "Anunciamos dois grandes negócios simultâneos e encontramos o equilíbrio certo para todas as partes”.

ESTA compra da participação na Oi está sendo feita numa operação complexa, que inclui compra de ações da Oi Telecomunicações e de participação em empresas que pertencem ao Grupo Andrade Gutierrez e ao Grupo La Fonte.

A PORTUGAL Telecom entra no bloco de controle da Oi menos de dois anos depois de o governo petista (2003-10) ter mudado a regulamentação do setor e concedido R$ 6,7 bilhões em créditos de bancos públicos e estatais para a compra da empresa Brasil Telecom que operava no mercado de telecomunicações em São Paulo e na Região Sul do Brasil, após a desestatização do setor em 1998.

O PLANO petista, divulgado naquela época (2006-07) para justificar o negócio, era a criação de uma "supertele" nacional, para fazer frente aos espanhóis da Telefónica di Spaña e aos mexicanos da América Móvil, controladores das empresas Embratel, NET e Claro.

CONTRÁRIOS a visão de que a Oi está sendo desnacionalizada, seus acionistas usam o argumento da internacionalização. O acordo prevê a compra de até 10% da PT, o que permitiria às empresas irem juntas a outros mercados, como o africano, onde a PT já possui operações.

CONTUDO, a compra dos 10% da PT é somente uma opção que pode ser exercida ou não. Não existe prazo ou preço para que isso aconteça. Se comprar 10% da PT, a Oi se tornará a maior acionista individual da operadora portuguesa.

GOVERNOS de Portugal e do Brasil exerceram papéis importantes na negociação. A maioria dos acionistas da PT tinha aprovado uma proposta anterior da Telefónica di Spaña, de 7,15 bilhões de euros, que acabou sendo vetada pelo primeiro-ministro luso, José Sócrates, usando as golden shares (ações com direitos especiais) do Estado português.

APÓS esse episódio, Sócrates discutiu o negócio da Oi com “O-CARA!”, para garantir que a empresa portuguesa se mantivesse investindo no Brasil, origem de mais da metade de seu faturamento. Luiz Inácio da Silva negou as conversas e a desnacionalização da Oi, garantindo que "enquanto for presidente da República" a operadora Oi continua nacional. “O-CARA” entrega a Presidência da República do Brasil ao seu sucessor no próximo dia 1.º de Janeiro de 2011.

Pesquisas & pesquisas

NOVA YORK (EUA) – A DESTACADA diferença nos resultados entre as pesquisas do Instituto Vox Populi (BH) e do Instituto Datafolha (SP), tão debatida nos meios de Comunicação no Brasil nos últimos meses, está além da margem de erro de ambas. No cenário com os candidatos dos pequenos partidos, a candidata governista Dilma Rousseff (PT-RS) tem 41% das intenções de voto, no instituto mineiro, contra 36% no instituto paulista. Aplicada a margem de erro de 2 pontos porcentuais, Dona Rousseff teria no mínimo 39% na pesquisa divulgada pelo Vox Populi, ainda um ponto além do máximo a que chegaria na pesquisa divulgada pelo Datafolha (38%).

JÁ COM o candidato oposicionista, José Serra (PSDB-SP), as pesquisas dos dois institutos estão no limite de um empate técnico. Os 33% de intenção de voto que Serra tem nas pesquisas do Vox Populi poderiam ser no máximo 35%, somada a margem de erro. Feita a conta inversa com os 37% que Serra tem no Datafolha, o ex-governador do Estado de São Paulo chegaria a no mínimo 35%.

NÃO! Não se trata de um desencontro episódico. Há meses que os resultados das pesquisas do Instituto Vox Populi têm sido consistentemente diferentes dos resultados do Datafolha, e têm contado uma história com final distinto.

O VOX Populi identificou uma aceleração mais acentuada de dona Rousseff e sua ultrapassagem sobre Zé Serra no final de Junho último, enquanto o Datafolha desde meados de Maio vem mostrando um empate técnico persistente entre os dois líderes na disputa pela eleição presidencial deste ano.

NO NOSSO entendimento o motivo dessa divergência é a maneira como os dois institutos abordam e entrevistam os eleitores. Enquanto os pesquisadores do Instituto Vox Populi abordam os eleitores em seus lares, os pesquisadores do Instituto Datafolha fazem a abordagem nos chamados pontos de fluxo. Seus críticos dizem que assim o Datafolha não atinge o eleitor da Zona Rural. Mas quem mora no campo também visita a Cidade.

CONTUDO, a diferença de tipo de abordagem não deveria levar a uma divergência tão consistente nos resultados. Os números do Instituto Datafolha nas pesquisas mais recentes têm se aproximado dos resultados do Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisas Estatísticas (Ibope), que, como o Instituto Vox Populi, aplica 85% dos questionários nos lares dos eleitores.

A MAIOR diferença está na ordem e na formulação das perguntas no questionário. Antes de indagar a intenção de voto estimulada, os pesquisadores do Vox Populi perguntam o grau de conhecimento que o eleitor tem de cada um dos três principais candidatos, citando seus nomes duas vezes, e assim, estimulando a memória dos entrevistados.

DEPOIS, os pesquisadores do Vox Populi perguntam em qual dos candidatos o eleitor votaria e mostra uma cartela em que, ao lado dos nomes dos candidatos, está escrito o partido político de cada um dos candidatos. São duas informações que não necessariamente estavam associadas na cabeça do eleitor e que, juntas, podem levá-lo a optar pelo candidato do partido político Alfa ou do partido político Beta.