Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

quinta-feira, junho 24, 2010

Nova pesquisa CNI-Ibope aponta Roussef na dianteira

MESMO após o ex-governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), ter sido amplamente exposto nos programas eleitorais dos partidos que integram a coligação de Oposição (PSDB- DEM-PPS) veicularam ao longo deste mês, a candidata governista à presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS), ganhou fôlego e aparece, pela primeira vez, liderando a pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião e Estatística (Ibope). Rousseff tem, segundo levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 40% das intenções de voto, contra 35% de José Serra. Marina Silva (PV-AC), aparece com 9% da preferência do eleitorado.

DE ACORDO com o diretor de Operações da CNI, Rafael Lucchesi, são quatro os pilares que justificam a liderança da candidata governista na nova pesquisa Ibope: aumento do número de eleitores que identificam Rousseff como candidata do presidente Luiz Inácio da Silva (PT-SP); altos índices de aprovação do presidente; bom desempenho econômico do País; e maior exposição da candidata petista na mídia. "O alto índice de aprovação dele, a aprovação da forma dele governar, o crescimento econômico, a capacidade dele de transferência de voto conseguiram transferir para a candidata Dilma uma maior afirmação para o eleitorado", afirmou Lucchesi em entrevista após a divulgação da pesquisa. Luiz Inácio da Silva manteve recorde de aprovação pessoal em 85% e o número de eleitores que afirmaram saber que Rousseff é a candidata do presidente subiu de 58% em março para 73%

MARINA Silva foi lançada candidata do Partido Verde (PV) à presidência da República no último dia 10, em evento em Brasília (DF). O vice dela é o empresário Guilherme Leal, dono do grupo Natura. Zé Serra foi alçado como aposta do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), em Salvador (BA), no último dia 12. Até hoje, no entanto, o partido não acertou quem será o vice na chapa dele. Rousseff foi anunciada como candidata no dia seguinte, 13, em Brasília (DF), com o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), como candidato a vice-presidente.

SEGUNDO a nova pesquisa, Rousseff venceria um eventual segundo turno contra Serra. A petista aparece com 45% das intenções de voto neste levantamento, contra 38% de Serra. A margem de erro também é de 2%.

SE ROUSSEFF disputasse hoje o segundo turno com a candidata do PV, Marina Silva, ganharia com 53% contra 19% da candidata verde

EM CASO de um segundo turno entre Zé Serra e Marina Silva, o candidato peessedebista seria eleito com 49%. Marina Silva receberia 22% nesta situação.

NENHUM dos candidatos dos partidos chamados nanicos conseguiu alcançar 1% das intenções de voto nesta nova pesquisa. O candidato Ciro Moura (PTC) aparece, nesta pesquisa, com 0,9%, e Levy Fidelix (PRTB) com 0,3%. Ivan Pinheiro (PCB), Zé Maria (PSTU) e José Maria Eymael (PSDC) figuram com 0,2% da preferência do eleitorado. Américo de Souza (PSL), Mário de Oliveira (PTdoB) e Oscar Silva (PHS) vêm atrás, com 0,1%. O candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, ficou com 0% nesta pesquisa.
A CANDIDATA do PT à sucessão deste ano aparece em primeiro lugar na pesquisa espontânea das intenções de voto feita pela CNI/Ibope, com 22% da preferência do eleitorado. Na última pesquisa, em março, ela tinha 14%.

NESTA pesquisa, os entrevistados falam em quem pretendem votar para presidente sem que o entrevistador apresente antes o nome dos candidatos.

ZÉ Serra, do PSDB, também cresceu nesta pesquisa, chegando a 16% contra 10% na pesquisa anterior. Marina Silva, do PV, passou de 1% para 3% na pesquisa espontânea.

O EX-GOVERNADOR de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG), foi apontado por 1%. Outros 7% disseram que vão votar nulo e 40% não sabiam ainda quem escolher nesta eleição.

AINDA é grande, porém, o número de entrevistados que disseram não saber em quem vão votar para presidente nesta eleição: 40% responderam assim na pesquisa CNI/Ibope.

ESSA pesquisa foi feita entre os dias 19 e 21 deste mês, com 2,2 mil entrevistados de 140 municípios. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral TSE sob o número 106390/2010.

Diplomacia de ressentidos

ESTE governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) chega ao fim do seu segundo mandato sem haver concluído um só acordo de livre comércio com um grande parceiro internacional. O governo tem procurado apropriar-se do sucesso comercial do Brasil nos últimos oito anos, mas esse é apenas mais um caso de apropriação indébita. A expansão do comércio exterior nesse período resultou principalmente da combinação de três fatores estranhos à diplomacia do petismo. O primeiro foi o empenho do empresariado brasileiro em aumentar sua participação no mercado internacional. Esse esforço, iniciado no começo dos anos 1990, com a abertura econômica do País, ganhou impulso depois da reforma cambial de 1999. O segundo foi a expansão do comércio global, favorecida por novos esquemas de produção e por uma longa fase de prosperidade. O terceiro foi a intensa demanda de matérias-primas, alimentada pelo crescimento econômico da China e de outros países emergentes.

E QUANTO à diversificação de parceiros, foi a continuação de uma velha tendência: há muito tempo o Brasil é classificado como um exportador global, ao contrário do México, muito vinculado a um grande comprador. O número de mercados para produtos brasileiros aumentou, mas nos anos 80 as vendas já eram destinadas a compradores de todos os continentes.

O COMPLEXO “terceiro-mundista” do ministério das Relações Exteriores em nada contribuiu para favorecer o Brasil no mercado mundial. Ao contrário: atrapalhou, e muito, assim como a voracidade fiscal e a incompetência do governo em investir na infraestrutura.

NISSO um balanço publicado essa semana pelo Jornal O GLOBO mostra as limitações dos pactos comerciais concluídos pelo governo federal a partir de 2003 e já postos em vigor. O acordo de livre comércio com Israel é positivo, naturalmente, mas pouco afeta as contas externas do País. O mercado israelense absorveu em 2009 apenas 0,18% das exportações brasileiras. As preferências negociadas com a Índia valem para 450 produtos e só favorecem 0,2% das vendas do Brasil. As preferências acertadas com a União Aduaneira da África Austral ainda não foram aprovadas pelo Congresso Nacional brasileiro.

OUTRAS negociações foram iniciadas com nações de economias em desenvolvimento e todas têm alguma importância, mas nenhum acordo de grande alcance foi concluído com os mercados mais importantes. Enquanto isso, concorrentes do Brasil firmaram acordos com a União Europeia (UE) e com os Estados Unidos da América (EUA) ou simplesmente ocuparam espaços - como a China -, graças ao seu poder excepcional de competição.

OS GRANDES exportadores chineses tomaram mercados de brasileiros não só no mundo desenvolvido, mas também na América Latina (AL), onde os acordos comerciais e os equívocos diplomáticos deixam em desvantagem os exportadores nacionais. Nos acordos do Mercosul com parceiros sul-americanos, a abertura de mercados para o Brasil só se completará em 2014, 2018 ou 2019. Ao mesmo tempo, a ilusão de liderança regional estimula o governo a aceitar o protecionismo contra os produtores brasileiros.

AS PRIORIDADES oficiais não são diferentes dos objetivos dos empresários, disse o coordenador do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, embaixador Evandro Didonet, citado na reportagem publicada em O GLOBO. "O Brasil sempre demonstrou interesse em negociar com Europa ou Estados Unidos", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior, Welber Barral (PT-SP). Os fatos desmentem. As negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foram enterradas por iniciativa do governo do Brasil. Os negociadores norte-americanos só criaram obstáculos quando os brasileiros, secundados pelos negociadores argentinos, já haviam feito grandes esforços para impedir qualquer acordo. O vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), vangloriou-se diante de sindicalistas de haver "tirado a Alca da pauta".

ESSA certamente foi uma das muitas tolices cometidas por um chefe de Governo, e de Estado, despreparado para o assunto e aconselhado por assessores incompetentes. Nas negociações com a UE, iniciadas há mais de dez anos, o governo brasileiro cedeu ao protecionismo dos sócios argentinos. Na Rodada Doha, foi abandonado pelos "parceiros estratégicos", como Índia e China. Que mais seria preciso para demonstrar o fracasso da diplomacia comercial lullopetista?