Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, outubro 17, 2009

Modus operandi de bandidos rurais

SÃO PAULO – O ANÚNCIO do delegado de Polícia Civil em Borebi (SP), Jader Biazon, do pedido de prisão preventiva dos integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) que participaram da depredação da Fazenda Santo Henrique, propriedade da empresa Cutrale, dá ao cidadão pagador de seus impostos e cumpridor de seus deveres, a esperança de que algo comece a ser feito para reverter a desmoralização da autoridade pública e dos direitos da pessoa que as operações desse dito "movimento social" têm provocado. E o delegado Biazon já identificou seis envolvidos, entre os quais dois líderes do MST, e está munido de farto material probatório dos crimes cometidos pela gangue emessetista, razão por que já formalizou inquérito indiciando os delinqüentes por formação de quadrilha, esbulho possessório, furto e dano. O pedido de prisão preventiva desses meliantes já foi encaminhado ao Fórum de Lençóis Paulista. E, de posse dos números das placas dos veículos dos sem-terra que estavam na fazenda, durante a operação, o delegado espera identificar outros suspeitos.

CABE a nós registrar aqui que, se foram tão chocantes quanto esclarecedoras do modus operandi habitual do MST, as imagens captadas por helicóptero pela Polícia Militar de São Paulo (PMSP), da depredação vandálica de instalações, da destruição de milhares de pés de laranja, de tratores e de equipamentos de produção agrícola, o trabalho pericial descobriu um grau de destruição ainda maior, não captado pelas câmeras. Os invasores também furtaram equipamentos, defensivos e pertences de oito famílias de colonos da fazenda, o que leva a concluir que, apesar dos métodos "revolucionários" ou terroristas que usam em suas operações, no fundo a ação do MST tem mais a ver com o velho cangaço, com o saque como objetivo principal. E não lhes interessava apenas lesar uma empresa capitalista, com um prejuízo calculado em R$ 1,2 milhão, mas sim saquear até empregados rurais e suas famílias, apropriando-se de pertences de suas casas. "A sociedade está revoltada e cobra uma resposta da polícia", disse o delegado Biazon, ao que acrescentaríamos: da polícia, do Ministério Público, da Justiça e das autoridades federais que comandam os gabinetes da burocracia em Brasília (DF), especialmente das que se mostraram "indignadas" pelas ações "grotescas" do MST, mas nunca se negaram a dar dinheiro público para uma entidade que insiste em permanecer fora da lei, justamente para não ser fiscalizada a respeito do emprego das verbas públicas que recebe por meio de suas "associadas", cooperativas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) com registro de pessoa jurídica.

É BOM lembras que quando estava para ser aprovado, no Congresso Nacional, um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o uso de verbas públicas pela entidade dos sem-terra, o governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) pôs para funcionar seu rolo compressor majoritário no Legislativo, que provocou a retirada de 26 assinaturas de adesão ao pedido. Assim é que a criação daquela CPMI deixou de ser aprovada porque teve 3 votos a menos do que os necessários 171 - número, por sinal, sugestivo, no Código Penal Brasileiro (CPB) . Agora, depois que aquelas cenas "grotescas" foram mostradas ao País inteiro, pelos telejornais, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) afirma já ter coletado 35 assinaturas, superando as 27 necessárias para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado Federal, cujo objetivo principal será apurar o destino e o emprego das verbas federais repassadas a entidades ligadas ao MST, no total de R$ 115 milhões, em cinco anos. Disse-me a senadora em entrevista essa semana que a invasão e depredação da fazenda da Cutrale facilitou a coleta: "Aquilo revoltou a sociedade e o Congresso. Em duas horas conseguimos mais de 30 assinaturas", informou.

À ÉPOCA em que foi tentada a instalação da CPMI, um grupelho de "intelectuais" lullopetistas fez um abaixo-assinado para que não se fizesse aquela investigação parlamentar. Qual a razão dessa aberrante manifestação contra a transparência no emprego de dinheiro público, contra o respeito ao direito das pessoas e contra o ordenamento jurídico do País? Aí talvez só se chegue a uma resposta de tipo shakespeariana, dizendo que há mais coisas entre tais “intelectuais” e algumas ONGs que recebem verbas governamentais do que sonha nossa vã filosofia... De qualquer forma, se sair a nova CPI para investigar as ações e o financiamento do MST ainda restará uma nesga de esperança quanto à cobrança do respeito à lei, neste grande e bobo País.