Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sexta-feira, janeiro 09, 2009

O acanhado PROER do petismo

A diretoria do Banco do Brasil (BB) anunciou nesta sexta-feira a compra de parte do Banco Votorantim, pertencente à família Ermírio de Moraes. Pelo acordo, o BB comprou 44,99% do capital votante e 50% do capital social – ou seja - a família Ermírio de Moraes manterá o controle acionário, mas a gestão será compartilhada com o Banco do Brasil.

Com a aquisição, o BB continua como segundo maior banco brasileiro, mas encosta no Itaú/Unibanco na liderança do ranking dos maiores bancos do país por ativos.

O negócio foi fechado por R$ 4,2 bilhões, metade do valor da instituição, segundo analistas. O BB pagará R$ 3 bilhões em 33.356.791.198 ações ordinárias do Banco Votorantim e fará a subscrição de 7.412.620.277 novas ações preferenciais emitidas pelo Banco Votorantim pelo valor de R$ 1,2 bilhão.

A concretização do negócio acontece após cerca de três meses de negociações, iniciadas quando o Grupo Votorantim enfrentou dificuldades financeiras devido à crise financeira global.

Segundo a diretoria do BB, a consolidação de parte que lhe caberá no Banco Votorantim elevará seus ativos para R$ 553,3 bilhões, observando os dados consolidados até o final de setembro. Ainda não é o suficiente para ultrapassar o Itaú/Unibanco - que juntos, segundo dados do Banco Central do Brasil (BC), possuem ativos de R$ 554,9 bilhões.

O BB ainda negocia a compra do Banco de Regional de Brasília (BRB) e do Banco do Estado do Espírito Santo (Banespes). Caso feche a compra de um das duas instituições, ultrapassará o Itaú/Unibanco Holding Banco.

No novembro do ano passado, o banco estatal já havia adquirido a Nossa Caixa por R$ 5,386 bilhões na busca por retomar a liderança do setor.

O mais engraçado disso tudo é que o petismo doura a pílula para não dar aos nomes aos bois: isso nada mais é do que o Governo colocando em prática o bom e velho Programa de Recuperação das Instituições Financeiras criado pelo Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) em meados da década passada. E tão prontamente criticado pelos arautos do petismo. Programa aquele salvou o nosso sistema bancário de um colapso, tal festa mal-arrajadamente o Governo W. Bush nos EUA agora a pouco.

Mas o problema aqui, além do acanhamento dos “puritanos” do PT em dar nome aos bois, está no fato de que não é a autoridade monetária do País, o BC, que está operando o PROER do petismo; mas um banco público (o BB) que faz oferta pública de ações no mercado. Ou seja, os acionistas minoritários (a maioria, pequenos poupadores e assalariados brasileiros) que viram no BB, no passado, a oportunidade de aplicar o seu parco dinheirinho na esperança de futuro melhor para os seus. Não imaginaram o que está acontecendo com o BB indo forra nas incorporações como se fosse um negócio privado (com seus riscos pertinentes); porém em se tratando de um banco público com milhões de acionistas minoritários, esperava-se da direção do BB no mínimo uma freada neste processo para ver como é que ficará, por exemplo, a inadimplência neste ano que se inicia... O câmbio e outras cositas mas.

Como bem disse Demétrio em artigo para a revista Veja (edição de 4ª feira, 07/01), o que preocupa é a herança do outono desse Governo Luiz Inácio da Silva. “Esqueletos na Petrobrás”; “esqueletos na OI (ex-Telemar), “esqueletos no BC”; “esqueletos no BB”, “esqueletos na Eletrobrás”; “esqueletos na Caixa”, “esqueletos, esqueletos, esqueletos”. Onde isso vai parar?! Talvez saberemos lá nos idos de 2013, 2014, 2016...