Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, julho 11, 2009

A beira da ruina

RIO DE JANEIRO - RECENTEMENTE, a revista norte-amaricana Time publicou uma reportagem de capa prevendo a extinção do Partido Republicano, caso não se modernize. Parece que isto pode se confirmar, se algo não for feito com urgência. Por comodismo ou conveniência, os líderes deixaram que os radicais de extrema direita tomassem conta do Great Old Party e isto pode levar o Partido Republicano a ficar cada vez mais dissociado da atual realidade norte-americana.

HÁ QUEM preveja um ambiente favorável para o surgimento de um terceiro ou mais partidos dentro do contexto político norte-americano, que se notabilizou pelo sistema de alternância entre os dois grandes partidos: Republicano e Democrata. Para quem não sabe, nos Estados Unidos da América (EUA), há uma grande variedade de partidos - até mesmo o Partido Comunista -, no entanto, eles não tem nenhuma representatividade.

OU, MELHOR, não tinham até agora. Com o esvaziamento do Partido Republicano, partidos como Independente, Reformista, Verde e outros podem ganhar força e se tornarem uma real alternativa para o poder - tanto no Legislativo como no Executivo. A eleição do presidente da República dos EUA, Barack Obama, então, um senador pouco cotado há pouco mais de dois anos, animou aqueles que lutam pela quebra do status quo vigente no sistema eleitoral norte-americano.

O GRANDE vacilo dos republicanos é abrir espaço para Rush Limbaugh, o tonitruante radialista que propaga ideias radicais e afirmou estar torcendo pelo fracasso do governo do democrata Barack Obama; junto oo ex-vice-presidente da República Dick Cheney e o senador Karl Rove, legítimos representantes da administração George W. Bush (2001-2009), reprovada nas urnas pelos eleitores, e Newt Gingrich. É chegada a hora de o Partido Republicano buscar novas figuras, com mentalidades mais arejadas e conforme com a atual realidade do país.

MUITOS dentro do próprio partido estão desconfortáveis com esse radicalismo, que está transformando o Partido Republicano num braço da direita branca evangélica dos EUA. O sectarismo pode ser nocivo e ir matando lentamente o partido. Os números do Censo apontam cada vez mais o crescimento das minorias na composição étnica do pais, portanto, o partido que desprezar esta realidade está mesmo condenado à extinção como previu a revista Time.

ALÉM de Arlen Specter, senador da Filadélfia que se bandeou para o lado democrata, outros líderes querem mudanças significativas na ideologia do partido, a fim de continuar sendo uma opção efetiva para um eventual governo decepcionante dos democratas - hoje dominando completamente a cena política norte-americana, no Executivo, Legislativo e, em breve, no Judiciário, com a nomeação de juízes para a Suprema Corte Federal. As defecções podem aumentar ainda mais, se não houver revisionismo por parte dos líderes. As duas senadoras pelo estado do Maine (Olympia Snowe e Susan Collins) são republicanas com ideias mais progressistas e apóiam várias medidas propostas pelo governo Barack Obama, enquanto criticam outras. O governador de Utah, estado altamente conservador e republicano por excelência, aceitou o convite de Barack Obama para ser o embaixador dos EUA na China. John Huntsman Jr. foi missionário mormon na China, onde aprendeu a falar mandarim. Apesar de dirigir um dos estados mais conservadores do pais, Huntsman é apontado como moderado.

NUMA tentativa de se modernizar e abrir as portas para as minorias, os republicanos elegeram o negro Michael Steele como presidente nacional e apostam no sucesso de Bobby Jindal, governador do estado de Louisianna e descendente de indianos. Nomes como os de Charlie Crist, governador da Florida, e Tom Cole despontam como possíveis opções eleitorais por suas posições mais moderadas.

O EMBATE será entre esta nova ideologia e a atual, que alega ser ridículo o Partido Republicano ter de se modificar e virar uma cópia do Partido Democrata para vencer eleições. Quem está certo somente o futuro dirá.

PS: ESTOU DE VOLTA ao Rio para assistir nesta noite de Sábado, 11, ao megashow de Roberto Carlos no Maracanã - comemorando seu cinquentenário de música. 50 anos de sucesso! Não se trata de um gênero musical ao qual eu aprecio, mas como bom repórter reconheço a magnitude do evento, e respeito o seu sucesso popular.