Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Quem será poste da vez?

A precipitação do processo sucessório presidencial do ano que vem tem incomodado e, naturalmente, influenciado os políticos e seus movimentos. Toda vez que se aproxima uma disputa de poder, os políticos se salientam e não resistem a falar e a pensar naquilo 24 horas do dia. Neste ano pré-eleitoral, a pressa tem sido maior ainda por conta de novos personagens, pelo menos, no campo das pretensões, como o vice-governador do Estado de Minas Gerais Antonio Augusto Anastásia (PSDB-MG), pela sucessão estadual, e a ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS), na presidencial. Ambos têm origem administrativa, mais técnica do que política, razão pela qual careceriam de se mostrar mais para superar o anonimato majoritário. Para não parecerem nem ficarem com cara de ‘poste’ no ano eleitoral, eles decidiram ‘sargentear’ pela política como meio de alcançar visibilidade e embocadura no meio.




A determinação do vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP) por Rousseff como sua pré-candidata à sua própria sucessão tem mexido com o partido de ambos, o Partido dos Trabalhadores (PT), e também com o do adversário. Ao contrário das advertências do governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG), pré-candidato a sucessão presidencial, a liderança nacional do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) está se vendo obrigada a antecipar suas decisões, dando uma resposta ao outro lado. Luiz Inácio da Silva não se contenta em indicar a candidata de seu partido, quer também escolher o adversário, ao avaliar ser mais fácil vencer o governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), outro pretendente do PSDB.



Do lado do PSDB, a reação começa a priorizar a unidade interna. Eles irão se reunir, no próximo mês, com os aliados Partido Popular Socialista (PPS) e os Democratas (DEM), ensaiando uma coligação para enfrentar o PT de Rousseff e Luiz Inácio da Silva. Com isso, eles pretendem marcar a unidade interna, entre Aécio e Serra, que o vosso presidente da República deseja ver destruída. A liderança do PSDB sabe que não pode vencer a eleição sem Aécio e sem Serra. Separados, facilitam o caminho um candidato governista. Juntos, liderariam os dois maiores colégios eleitorais do País – São Paulo e Minas Gerais - e, por essa razão, poriam facilmente o candidato peessedebista em um segundo turno eleitoral.


Para que isso aconteça, alguém terá que ceder. O que o governador mineiro quer apenas, agora, é a realização das prévias neste ano, em tempo hábil, sem manobras e segundas intenções. Não dá para jogar para o ano que vem, de maneira a prender o mineiro no PSDB. Se o processo interno for democrático, Aécio não teria motivos para cruzar os braços ou deixar o partido. Caso contrário, tudo pode acontecer. O que Aécio quer ter é chances dentro do partido. Se perder, poderá indicar um vice de Minas. No momento, todo mundo está jogando o jogo, como aquela brincadeira da cadeira. Existem duas cadeiras, três postulantes: uma é governista, a outra é cobiçada pela Oposição. Quando acabar a musiquinha, quem sentar primeiro é o dono dela.


Agora uma coisa é certa: combinado ou não, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Damata Pimentel (PT-MG) incomodou também meio mundo político em Minas e em Brasília com suas declarações em entrevista à revista Veja (Editora Abril), na semana passada. São coisas da política, ou do vazio político que envolve Pimentel nos dias de hoje, que promovem certos movimentos tidos como desastrosos. Como ele não nasceu ontem, pode-se intuir que Pimentel está convencido de que será candidato a governador do PT, e sem o apoio do governador Aécio Neves.


Não foi à-toa que ele atraiu para si o apoio do grupo dos deputados triangulinos Welliton Prado (PT-MG) e seu irmão Elismar Prado (PT-MG)). A idéia é ajudar a eleger Welliton deputado federal e Elismar Prado, estadual. Em contrapartida, receberia os votos do grupo na executiva estadual petista. Aliás, como já aconteceu durante a sucessão municipal passada, quando o ex-prefeito derrotou o grupo do ministro Patrus Ananias (PT-MG).



Do lado peessedebista mineiro, o óbvio tem sido a tônica. O governador Aécio Neves não teria como não dizer que Antonio Augusto Anastasia é o seu candidato. Não há outro nome do PSDB em Minas Gerais; no campo aliado, ainda é alternativa o presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Alberto Pinto Coelho (PP-MG), sustentado por um movimento suprapartidário parlamentar que deseja ver o Legislativo chegar ao poder.