Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Menos complacência!

TIRADENTES (MG) - O governo do vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) está sendo complacente, sem uma razão convincente, com um assassino condenado pela Justiça na Itália. O terrorista Cesare Battisti, que recebeu asilo no Brasil, anda causando um mal-estar diplomático com a Itália, que quer sua extradição.

A Cidade Maravilha mutante de São Sebastião do Rio de Janeiro não merece a pecha de redentora dos criminosos fugitivos internacionais. Embora, o personagem Claude Rains elegantemente tenha se escondido no Rio em um dos melhores filmes de Hitchcock (Interlúdio, de 1946). Como o ex-ladrão Ronald Biggs, depois de roubar um trem em 1963, trocou uma prisão britânica pela praia de Copacabana - causando mais inveja do que difamação.

Ao merecer tal distinção do governo Luiz Inácio da Silva (2003-10), Battisti se juntou a esse grupo, depois que de receber status de refugiado político do Brasil.


Pouquíssimos italianos têm dúvidas de que o julgamento de Battisti, ex-militante de esquerda condenado pelo assassinato de dois policiais nos anos 1970 e pelo seu envolvimento na morte de um açougueiro e de um joalheiro, foi justo.


Battisti foi condenadoà prisão perpétua

Enquanto Battisti esteve exilado na França, representantes do governo francês e do governo italiano discutiram o caso, mas o governo italiano esperava que o Brasil fosse mais colaborativo. Mas seus protestos foram recebidos com descaso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do tipo reservado para ocasiões em que ele pensa que um País mais desenvolvido está tentando dizer ao Brasil o que fazer.

As razões do governo Luiz Inácio da Silva para proteger Battisti não são convincentes.


O ministro de Estado da Justiça, Tarso Genro (PT-RS) se referiu à tradição do País de receber exilados políticos, variando do General Alfredo Stroesner, um ex-ditador particularmente odioso (ex-presidente ditatorial do Paraguai), a Olivério Medina, um ex-guerrilheiro (da Colômbia). Agora que a democracia é a norma nas Américas, esta tradição é anacrônica. Tarso Genro também parece acreditar que Battisti foi condenado por crimes políticos, e não por assassinato.


Aqui dois sentimentos parecem estar por trás da decisão de Tarso Genro. Um seria a relutância do Brasil em examinar seu próprio passado - toda vez que surge a questão de se investigar o regime militar (1964-1985), ela é rapidamente posta de lado, ao contrário do que ocorreu no Chile e na Argentina.

O outro seria a solidariedade, encontrada entre alguns membros do Partido dos Trabalhadores (PT), ex-militantes da extrema esquerda nos anos 1970.

Na Itália, que perdeu um ex-primeiro-ministro para as Brigadas Vermelhas e teve um assessor do governo assassinado em 2002 por seus imitadores, as atitudes de agentes de Estado são menos indulgentes.