Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, junho 13, 2010

Um dedo de prosa com o “furacão” Arósio

SÃO PAULO (SP) – A BELA atriz Ana Paula Arósio, ao contrário dos colegas de elenco, diz que não é exatamente fã das séries que retratam o universo da Justiça e da polícia, sejam elas séries brasileiras ou estrangeiras. A verdade é que Arósio não é muito de assistir a TV - embora, depois de protagonizar papéis fortes nas minisséries “Hilda Furacão” (TV GLOBO) e “Um Só Coração” (TV GLOBO) e nas telenovelas “Terra Nostra” e “Ciranda de Pedra” (TV GLOBO) seja um rosto marcante da TV brasileira. Para este ano, já está reservada para as gravações da próxima telenovela de Gilberto Braga (TV GLOBO), que sucederá a telenovela “Passione” no horário nobre das 21 horas, a qual deverá protagonizar em 2011.

BASTOU ler o texto de Antonio Calmon para a série “Na Forma da Lei”, que Arósio se encantou pelo personagem da promotora Ana Beatriz, que lhe foi oferecido pelo diretor de Núcleo de Teledramaturgia, Wolf Maya. "Ela é frágil e forte ao mesmo tempo", diz a atriz dona de estonteante beleza, que em Outubro estreia também no Cinema: em “Como Esquecer”, do diretor Malu di Martino, com distribuição e co-produção da GLOBOFILMES. Em “Como Esquecer” Arósio interpreta uma professora universitária homossexual.

JÁ em “Na Forma da Lei”, Arósio conta com uma companheirona em cena: sua cadelinha Cocker Spaniel Amanda, de 12 anos, que, subindo e descendo dos móveis no cenário, virou xodó de todos nos estúdios da Central Globo de Produção.

WOLF Maia, que assina a direção-geral da nova série global, conta que, por conta da próxima telenovela, não foi fácil ter Arósio em “Na Forma da Lei”. Assim como não foi fácil trazê-la do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) para a TV GLOBO, em 1998, para estrelar sua primeira série, “Hilda Furacão” - adaptação escrita pela novelista Glória Peres a partir do romance homônimo escrito pelo saudoso romancista mineiro Roberto Drummond -, e com a qual Arósio viu sua carreira estourar, aos 23 anos. "Na época, foi preciso muita força e muita vontade minha e dela para conseguirmos uma liberação do Silvio Santos", lembra o Maia. Da jovem de rosto perfeito e timbre impactante, passou a atriz do primeiro escalão. "Ela evoluiu muito, só tem se aprimorado. É inacreditável seu processo de concentração. Além da beleza, chama muito a atenção a textura da voz, o estudo", elogia o diretor e amigo.

AGORA, com os cabelos mais curtos por conta do personagem - é o menor comprimento que já teve na vida -, Ana Paula Arósio continua linda. Eis a seguir o resultado da nossa conversa com a bela morena, no intervalo da gravação da série, quando atriz desfilou sua beleza no Pavilhão da Bienal, para assistir à edição Primavera-Verão do São Paulo Fashion Week 2010.

ESSAS mudanças de visual te agradam?

“GOSTO de mudar, me ajuda na forma do personagem. Quase sempre a forma do visual acaba conduzindo a descoberta do conteúdo”.

ANA você estava com saudade dos estúdios de TV?

“NÃO sei se estava exatamente com saudade, mas é gostoso voltar com um bom papel. E eu adoro trabalhar com o Wolf. Ele é um excelente diretor de ator, se interessa, dá apoio’”.

COMO foi o convite para protagonizar ”Em Nome da Lei”?

“O CONVITE veio direto do Wolf. Ele me mandou o texto, me conhece, sabia que eu não iria recusar. O texto é muito bem escrito, é interessante dramaturgicamente. E tem também o fato de ser ágil”.

E O que o público deve esperar de sua personagem?

“É UMA pessoa muito íntegra, honesta, que tem compromisso com a justiça, acima de tudo”.

COMO é a atuação profissional dela?

“ELA é uma promotora muito visada, que trabalha em casos importantes. Ela acredita na justiça. Tem medo, é ameaçada, mas a violência não a paralisa. O que a deixa enlouquecida é o fato de o bandido continuar solto. Essa é uma violência pior ainda”.

DE que forma se preparou para o papel?

“EU tive aulas de tiro, fiquei lendo sobre filosofia do direito. Uma amiga que é advogada indicou. O interessante desse personagem é que não é só o lado do direito, não é uma série jurídica. Tem muito drama”.

COMO foi o entrosamento entre vocês atores?
“FIZEMOS algumas leituras, mas essas relações tiveram de ser construídas no dia a dia. O fato de ser um elenco carinhoso ajuda muito, com generosidades preenchendo possíveis lacunas que aparecem em trabalhos de televisão onde não há tanto tempo para os ensaios”.

E VOCÊ está ansiosa quanto à estreia?

“FICO ansiosa pela direção e a produção. Sei da importância que tem para eles o produto ter uma boa aceitação na grade de programação anual da TV GLOBO”.

“EM Nome da Lei”, a nova série produzida pela TV GLOBO estréia nesta Terça-feira, 15, a partir das 23h. E traz como destaques do elenco os atores Márcio Garcia, Luana Piovani, Thiago Fragoso, Maurício Mattar, Carolina Ferraz, Monica Martelli e Thalia Ayala.

Comemoração aliada à cautela

SÃO PAULO (SP) – A ECONOMIA brasileira disparou no primeiro trimestre e cresceu 2,7%, em ritmo equivalente a 11,2% ao ano, enquanto a maior parte do mundo mal começava a sair da recessão. O governo tem excelentes motivos para celebrar esse desempenho, especialmente porque o aumento da produção e das vendas veio acompanhado de uma forte expansão do emprego. Mas a boa notícia é também um fator de preocupação. Para o Brasil, expansão “chinesa” resulta em aumento da inflação e em perigoso desajuste das contas externas.

O MINISTRO de Estado da Fazenda, Guido Mantega (PT-SP), concorda com essa avaliação, mas tenta tranquilizar quem se preocupa. Segundo ele, a acomodação já começou e o crescimento acumulado no ano ficará entre 6% e 6,5%.

OS EXCELENTES números divulgados essa semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) não chegaram a surpreender. Tanto no governo quanto no setor privado já se estimava para o primeiro trimestre uma expansão na faixa de 2% a 2,5%. Mantido ao longo do ano, esse nível de atividade resultaria num crescimento pouco abaixo ou pouco acima de 10%.

NESTA última semana, as projeções econômicas coletadas pelo Banco Central do Brasil (BC) em consultorias e instituições financeiras já eram baseadas em estimativas dessa ordem. Os cálculos indicavam para 2010 uma inflação de 5,6%, bem acima do centro da meta (4,5%), um superávit comercial de apenas US$ 15 bilhões e um déficit de US$ 48,5 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos. Para 2011 projeta-se um rombo de US$ 58 bilhões.

É BASTANTE razoável prever alguma acomodação da atividade econômica ao longo do ano e alguns sinais já são indicados pelas entidades empresariais. Mas são sinais pouco claros. Em Maio, as montadoras produziram 309.629 veículos, 6,6% mais do que no mês anterior e 14,9% mais do que um ano antes. O arrefecimento observado em Abril parece ter sido passageiro. Os últimos dados gerais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) são desse mês. Em Abril, segundo esse levantamento, a indústria de transformação faturou 4,9% menos que em Março, descontada a inflação. As horas de trabalho na produção diminuíram 3,4%.

ENTRETANTO, o uso da capacidade instalada aumentou 0,8%, chegou a 83% e voltou ao nível anterior à crise de 2008. De Janeiro a Abril deste ano o faturamento real foi 12,1% maior do que o de um ano antes. Se a capacidade usada é a mesma de antes da crise, o investimento do último ano e meio foi insuficiente para um crescimento seguro.

TAL HIPÓTESE parece confirmada pelo estudo do IBGE. No primeiro trimestre, o investimento em máquinas, equipamentos e instalações aumentou 7,4% em relação aos três meses finais de 2009, um resultado notável. Mantido até o fim do ano, esse desempenho corresponderia a um crescimento de 33%. Mas a evolução acumulada em quatro trimestres, até Março, ainda foi uma redução de 1,5%. A proporção entre o investimento e o Produto Interno Bruto (PIB), 18%, voltou ao nível do primeiro trimestre de 2008. Apesar da elevação, continua insuficiente para uma expansão econômica sensivelmente superior a 5% ou 6% ao ano.

O SETOR privado continua sendo, de longe, o responsável principal pela ampliação da capacidade produtiva. No setor público, a companhia pública Petrobrás S/A é uma exceção. O governo poderia fazer muito mais do que tem feito para ampliar e modernizar as estradas e outros componentes da infraestrutura. Mas não tem mostrado capacidade gerencial para isso nem tem oferecido ao setor privado oportunidades suficientes para participar desse esforço por meio de concessões e de parcerias.

ADEMAIS, a tributação continua crescendo excessivamente e dificultando a ampliação da base produtiva. Nos quatro trimestres terminados em Março, o PIB a preços básicos aumentou 2,3%, enquanto a arrecadação de impostos sobre produtos aumentou 3,6%.

E A ARRECADAÇÃO continua crescendo e o vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), já prometeu liberar os gastos federais contingenciados. Se isso ocorrer, a despesa do governo continuará alimentando a expansão da demanda interna. A acomodação da economia dependerá da alta de juros e, talvez, dos efeitos da crise europeia sobre o crédito. Não é uma perspectiva animadora.

ESSE crescimento de 2,7% do PIB, no primeiro trimestre do ano, em relação ao quarto trimestre do ano passado, e de 9%, ante o mesmo período de 2009, mostra uma economia superaquecida e, sem dúvida, acima do seu potencial. Seríamos tentados a dizer que se trata de um PIB para anabolizar a campanha eleitoral governista.

TODOS os dados divulgados pelo IBGE apresentam equilíbrio no crescimento dos diversos setores e nos componentes da demanda, como se verificaria num país como a China, do qual nos aproximamos em taxa de crescimento.

OUTRO fato positivo foi o aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), isto é, dos investimentos, que cresceram 26,9% em relação ao mesmo trimestre de 2009, mas apenas 7,4% ante o quarto trimestre do ano anterior. Atrás desses resultados está a maior dinamização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que o lullismo escolheu como emblema da campanha política.

A ALTA dos investimentos tem, todavia, sua contrapartida na fraca relação da FBCF com o PIB: de apenas 18%, ante 18,1% no primeiro trimestre de 2008, e de 19%, no de 2009. Um outro fator de preocupação é a relação entre poupança e PIB. No primeiro trimestre foi de apenas 15,8% - ante o nível máximo mais recente, de 18,2%, no primeiro trimestre de 2004 - e que, para comparar, é de 40% na China. Há que elevar muito mais os investimentos para não termos de recorrer à poupança externa.

ISSO mostra que a taxa de crescimento da economia está acima do nosso potencial: de uma taxa anualizada ligeiramente superior a 9%, teremos de reduzir o PIB, sensivelmente, nos próximos meses, sob pena de elevarmos as dívidas externa e interna a um nível insuportável, ao mesmo tempo que estaremos criando uma forte pressão inflacionária.

O BC, na sua reunião do Comitê de Política Monetária (CPM) na última Quarta-feira, 09, elevou a Taxa Selic. A marcha da economia também vai contribuir para conter o crescimento, com preços mais elevados - o que já se refletiu nos dados sobre a produção industrial de Abril.