Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, abril 12, 2009

Perigo em alto mar

Parati (RJ) - Talvez a garotada ainda vibre com a série “Os Piratas do Caribe”, onde Johnny Depp interpreta um pirata charmoso e irreverente, e até mesmo as crianças se divertem com o famoso Capitão Gancho, inimigo de Peter Pan.

Porém, nem a literatura, a música e o cinema conseguem achar graça nos modernos piratas somalis, que vêm fazendo cada vez mais vítimas entre os tripulantes de cargueiros internacionais que se atrevem a navegar pela costa africana. Os bandidos abordam os cargueiros e ameaçam os tripulantes, caso eles não concordem em deixá-los abordar o cargueiro.

Aos leigos parece inconcebível que navios enormes se deixem atacar por um punhado de bandidos a bordo de botes frágeis. Entretanto, um capitão da marinha mercante norte-americana explicou que eles abordam os navios armados com potentes rifles e lança granadas. Como os navios não podem navegar com velocidade ou fazer manobras rápidas, ficam à mercê dos bandidos, uma vez que navios mercantes não podem levar armas a bordo, e muito menos carregar torpedos. E o disparo de um lança granadas pode colocar o navio a pique.

Frequentemente, os navios que cruzavam o Golfo de Aden eram vítimas dos piratas somalis. Para evitar este tipo de crime, navios das marinhas americana, francesa, indiana e chinesa – não, por acaso, países que foram vítimas destes bandidos africanos - começaram a patrulhar as águas do Golfo de Aden restringindo as ações dos piratas.

Depois de um período de calma, mudaram o ponto de ataque, investindo em mar aberto, perto da costa de Angola. Depois de capturarem turistas franceses, atacaram o Maersk Alabama, cargueiro dinamarquês que navega com a bandeira americana, e fizeram o capitão Richard Phillips como refém.

Entretanto, a tripulação do navio reagiu e impediu a ação dos piratas, ao prender um dos bandidos. A fim de resolver a questão, os tripulantes e os piratas fizeram um acordo, no qual eles trocariam reféns. Porém, após ter recuperado o membro do bando, os líderes dos piratas se recusaram a devolver o capitão.

Entre uma ação e outra, como num filme, navios da marinha norte-americana seguiram para o local e agora os piratas estão cercados, sobretudo pelo USS Brainbridge, que tem os piratas na alça de mira. A situação está ruim para os dois lados, mas os piratas não abaixam a crista e exigiram o pagamento de resgate para libertar o comandante.

Quando escrevi sobre isto, é verdade, o impasse não havia sido concluído, mas fala sério: está mais do que na hora de as nações instituírem um sistema de proteção para os navios mercantes que navegam por aquela região do globo e impedir que este tipo de ação incentive piratas de outros países a adotar este tipo de crime.

Acho melhor continuarmos a nos divertir com os piratas da música, dos livros e do cinema, que não fazem mal a ninguém.