Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, março 28, 2009

O relógio não pára

Chegou a hora de os peessedebistas descerem do muro: o caminho está aberto para as prévias internas o partido, que norteará a candidatura presidencial de 2010. Antes, ninguém sabia se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iria permitir a realização de prévias amplas, gerais e irrestritas para escolher o pré-candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) na sucessão do vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP), entre os governadores Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP). O TSE autorizou as prévias, embora nem tão amplas. Restringiu-as aos filiados dos partidos políticos. Em São Paulo, a liderança do PSDB está fazendo até um recadastramento. Em Minas, nada...

Resta agora, na opinião do governador Minas Gerais, Aécio Neves, que o PSDB possa, através da sua Executiva Nacional, se reunir para regulamentar a consulta. Cabe ao PSDB definir a data, segundo o TSE, que não se posicionou sobre este ponto, por julgá-lo da competência interna dos partidos. Na visão de Aécio, o mais aconselhável seria entre Outubro e Dezembro. E que após o réveillon o PSDB já entre o Ano Novo tendo não apenas o seu pré-candidato, mas também uma proposta para a era pós-lulismo.

O primeiro passo deve ser a proclamada caravana peessedebista pelo País. Eles já estiveram no Recife (PE), onde Aécio e Serra prestigiaram o lançamento do livro do ex-deputado pernambucano Fernando Lyra sobre a transição democrática, tendo a figura do ex-presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, como pano de fundo. Como quem não quer nada, os dois governadores deverão se encontrar agora no Ceará para atender insistente convite do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Em seguida, um novo convite ali com certeza vai encontrar espaço das agendas dos dois postulantes à legenda Pessedebista.

Apesar de tudo, parece que a prévia é apenas a última opção. Esta é a realidade fora de Minas, porque aqui se entende que já passou a hora de um mineiro voltar ao Palácio do Planalto.

Política é a arte de convencer os contrários e Aécio e Serra sabem disso. A cúpula oficial do PSDB, convenhamos, não é forte politicamente, não tem cacife para ditar as regras e passar por cima dos três principais personagens do partido, que são os governadores mineiro e paulista, além do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Portanto, não será do senador Sérgio Guerra (PSDB-CE) qualquer decisão. Ele pode ir do Palácio da Liberdade ao Palácio dos Bandeirantes mais para cumprir um ritual do que para deslanchar qualquer processo. Aécio e Serra sabem a hora da onça beber água. No momento certo, eles estarão batendo o martelo, se é que já não o fizeram. Ambos não são afoitos nem estão preocupados com a suposta antecipação da campanha eleitoral por parte do lulismo.

E como nosso avós já diziam, a volta é que endireita o anzol. Aécio não vai abrir mão facilmente. Serra terá que dar o troco. Para ser o candidato a presidente e contar com o governador e os votos dos mineiros, o paulista terá que oferecer boa parte do poder a Minas Gerais. O mesmo vale para Aécio com relação ao voto dos paulistas.

As cartas estão na mesa aguardando uma negociação. O problema é a Oposição, hoje integrada pelo PSDB, Democratas (DEM) e Partido Popluar Socialista (PPS), achar que já ganhou, como registram as pesquisas. O Partido dos Trabalhadores (PT) não vai entregar o poder de bandeja, como Aécio conseguiu em Belo Horizonte. Além de dividir o bolo, Aécio ou Serra terá que apresentar uma proposta que convença o eleitorado, o que, até o momento, não aconteceu