Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, junho 13, 2011

As presepadas de Hadadd e seus auxiliares

ANTES mesmo de completar 30 dias a revelação de que o Ministério da Educação (MEC) distribuiu na rede pública do Ensino Fundamental um livro de português da coleção Por uma vida melhor que defende a supremacia da linguagem oral sobre a linguagem escrita, admitindo que "é certo falar errado" e que corrigir erros é "preconceito", constatou-se que o MEC também entregou a 1,3 milhão de alunos livros de matemática da coleção Escola Ativa com erros primários em contas de subtração - além de vários problemas de revisão e muitas frases incompletas ou sem sentido. A coleção contém 35 volumes destinados a professores e alunos e pelo menos 5 livros ensinam que 10 menos 7 é igual a 4, que 18 menos 6 é igual a 6 e que 16 menos 7 é igual a 5. DISTRIBUIDOS em escolas da zona rural de 3.109 municípios, os 7 milhões de exemplares da coleção Escola Ativa - adquirida para prestar apoio às escolas rurais das Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste - custaram cerca de R$ 13,6 milhões aos cofres públicos. Para apurar as responsabilidades e o montante exato dos prejuízos, pois os cinco livros terão de ser reimpressos e redistribuídos, o MEC abriu sindicância e pediu uma auditoria à Controladoria-Geral da União (CGU). O ministro de Estado da Educação, Fernando Haddad (PT-SP), tomou essa iniciativa depois que a nossa reportagem solicitou informações sobre os graves problemas que vêm ocorrendo com as coleções compradas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). NO último dia 03, os especialistas contratados pelo MEC concluíram que, em vez de publicar uma errata, como foi cogitado inicialmente, o órgão deveria recomendar aos professores que não utilizassem os cinco livros em sala de aula, tal a quantidade de "erros graves e grosseiros". No mesmo dia, a coleção Escola Ativa foi retirada da web, "para correções", e o responsável por sua aquisição, no ano passado, André Lazaro, se demitiu do governo. Em 2010, ele dirigiu a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad-MEC) - e, desde a posse da presidente da República, Dilma Wana Rousseff (PT-RS), vinha atuando como secretário executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNH). SEGUNDA a cúpula do MEC, os erros nos cinco livros de matemática não decorreriam de má-fé, mas de inépcia administrativa e falha de revisão da Secad - o mesmo órgão que coordenou a produção do kit anti-homofobia vetado pela presidente Rousseff. Na realidade, o problema parece ser o aparelhamento político da administração federal, com a substituição de técnicos especializados por "companheiros" do petismo. DESDE a posse de Haddad, o MEC já se envolveu numa sucessão de trapalhadas administrativas. As mais graves aconteceram nas duas últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na edição de 2009, o vazamento das questões obrigou o MEC a adiar a prova, o que prejudicou o cronograma de muitas instituições universitárias, uma vez que os resultados do Enem contam pontos para os vestibulares. Na edição de 2010, houve problemas com a licitação para a escolha da gráfica responsável pela impressão das provas, 21 mil cadernos de perguntas e o cabeçalho da folha de respostas foram impressos com erros, o sistema de informática do MEC não foi planejado para atender o número de candidatos inscritos e a Justiça Federal chegou a conceder liminares cancelando o Enem, o que obrigou o MEC a recorrer às pressas ao Tribunal Regional Federal (TRF), para não ter de adiá-lo. ESCRITA a vinte mãos, a coleção Escola Ativa foi criada em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e vinha sendo distribuída anualmente, sem problemas. Em 2008, no segundo mandato do governo Luiz Inácio das Silva (2003-10), o MEC decidiu revisá-la e atualizá-la, pedindo sugestões às autoras e deixando a parte executiva a cargo de uma equipe editorial formada por servidores da Secad. A coleção atualizada começou a ser distribuída entre Fevereiro e Março de 2011 e os erros primários nas contas de subtração em 5 dos 35 livros da coleção não foram detectados pelos revisores. ESSA é mais uma demonstração da incompetência reincidente no MEC, por causa do aparelhamento político de seus quadros técnicos desde quando o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou ao poder central deste grande e bobo País.