Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, maio 04, 2009

Em nome do rei!

RIO DE JANEIRO - VENDO a final do Campeonato Carioca de 2009, na festiva tarde deste Domingão, 03, entre os OITENTA E QUATRO MIL TORCEDORES que lotaram mais uma vez o Maracanã pra ver o nosso MENGÃO sagrar-se PENTA-TRICAMPEÃO, encima do Botafogo, fiquei pensando...

A VIDA inteira, nosso Rei Pelé só não driblou zagueiro português e jornalista brasileiro. Em 1966, na Inglaterra, apanhou como um cachorro de Morais, até deixar o Brasil com dez em campo (naquele tempo, não eram permitidas substituições em Copa do Mundo) e sem o tricampeonato (que viria quatro anos depois, no México). Ainda hoje, coitado, ele se queixa de ter tido alguma declaração deturpada pelos meus traiçoeiros coleguinhas da Imprensa, sempre ansiosos por insinuar que o Rei tem ciúmes de seus sucessores. Zico, Romário, Ronaldo.

O TÍTULO sapecado no alto desta nota anuncia, afinal, ser esta uma defesa de Pelé. Então, entrego o que prometo. Quero defendê-lo de outra má interpretação, a maior de todas, que o persegue há décadas. Certa vez, ele declarou: “O brasileiro não sabe votar”. E meus coleguinhas da Imprensa ouviram nisso não a constatação de que sob a ditadura militar não se votava, como alega o Rei, e sim um elogio a ela.

ORA, veja, quero crer que Pelé, com a clarividência freqüentemente involuntária dos craques de sua extirpe, estava era enxergando o ponto futuro no qual vários parlamentares em Brasília (DF) são diariamente flagrados em atos, no mínimo, imorais.

FLAGRADOS com as calças na mão, tomando recursos suspeitos no buraco do seu caixa dois, legislando em benefício próprio, envolvidos em quadrilhas para surrupiar o Erário. Sem falar nos congressistas suspeitos com o envolvimento no delubiovalerioduto que irrigou o mensalão empreendido pelo petismo e adjacências, descoberto no primeiro mandato do “Cara”.

SÃO números consistentes com uma antiga declaração sobre 300 picaretas no Congresso Nacional. Uma vez no poder, o declarante se aliou a eles.

NÃO quero crer que os eleitores dos “desviados” concordem que está certo se apropriar de dinheiro vindo sabe-se lá de qual cofre público. Logo, eles não souberam votar. Como nenhum de nós pode ter certeza da honra dos eleitos, todos nós somos suspeitos de ter votado errado.

NOSSOS parlamentares demonstram cabalmente que não sabem votar é por terem cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP). Se um denunciou algo que não é nem criminoso nem feio, por que condená-lo? Se outro chefiava um esquema que não existe, por que condená-lo?

DE MINHA parte, como mea-culpa por velhas diatribes, se o ex-comissário do petismo, Zé Dirceu, voltar a circular pelo Baixo Bebe, aqui no Leblon, qual um personagem do novelista Manoel Carlos (TV GLOBO), eu aponho minha assinatura à lista pedindo sua reintegração política.

O FUTEBOL de Pelé, Zico, Romário, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e tantos outros representa um Brasil competitivo que, a despeito de seus políticos, aí incluídos os militares que acumularam a função durante 21 anos, consegue escapar do círculo vicioso de abjeção que lhe nega oportunidades na vida.

BEM-AVENTURADOS os que jogam bola. São garotos pobres ou remediados que, arrimos de famílias numerosas, ganham a vida com o suor do próprio rosto, não com o saque da esperança alheia. Seu futebol tem regras claras, dá certo, dá alegria, engrandece o País, encerra uma moral.

JÁ a cartolagem, lato sensu... Numa perspectiva simbólica, não admira que o bom futebol brasileiro tenha se exilado no exterior.

AH PARABÉNS NAÇÃO RUBRONEGRA pela festa!