Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, fevereiro 15, 2009

Boi de piranha!?...

A liderança dos Democratas (DEM) promove uma verdadeira caça às bruxas contra o deputado federal Edmar Moreira (DEM-MG) - conhecido agora em todo o território nacional como o dono do castelo no interior de Minas. A liderança do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), por sua vez, bate cabeça por conta da briga interna provocada pela reeleição do deputado José Aníbal (PSDB-SP) como líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados e também por conta do espinhoso assunto prévias. Nem todo tucano é favorável a esse processo interno de escolha de candidatos.




Enquanto isso, no lado oposto, de forma bem barulhenta, a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) e os governistas mostram fôlego para turbinar a candidatura da ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS).
A ungida do vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP) já foi até mesmo apresentada à comunidade internacional graças a uma publicação de dez páginas em uma badalada revista norte-americana - bancadas tanto por dinheiro público quanto da iniciativa privada - na qual Roussef é a estrela da hora. A ministra foi estampada, inclusive, como a provável candidata do PT à sucessão do vosso presidente da República em 2010.



Anunciado como instrumento anticrise pelo Palácio do Planalto, o novo Plano de Aceleração do Crescimento Econômico (PAC) também entra na lista das ações para inflar a candidatura da ministra petista. O programa foi turbinado com a previsão de mais investimentos até 2010, ano da eleição. Até lá, serão mais R$ 142 bilhões, totalizando R$ 645 bilhões para serem aplicados em obras de infraestrutura social e urbana, basicamente habitação e saneamento, para colocar as rubricas em pratos limpos.




De olho nos passos do Governo, a Oposição acusou o golpe, vem tentando arrumar a própria casa apagando o incêndio na bancada na Câmara dos Deputados, mas a queixa se perdeu no vento. Pudera! De acordo com a propaganda oficial, o PAC será responsável por manter empregos e gerar renda durante a turbulência doméstica provocada pela crise financeira internacional. Para justificar o fato de que, nos últimos dois anos, somente 11% das obras incluídas no PAC foram concluídas, Luiz Inácio da Silva culpou a burocracia, que torna “a papelada” mais importante que a palavra empenhada.
Sem dar a mínima para a guerra de números da semana passada, quando os novos recursos do PAC foram anunciados, o Palácio do Planalto segue firme na tarefa de colocar Roussef em evidência e nos trilhos dessa pré-campanha.



O Encontro Nacional de Prefeitos e Vereadores é outro exemplo. Com uma só tacada, ao organizar o encontro o Governo conseguiu esvaziar a tradicional romaria coletiva realizada anualmente pelos gestores municipais em busca de verba e também abrir espaço para que a ministra falasse, falasse e falasse. A própria plateia, determinada hora, admitiu que o evento teve como objetivo turbinar a candidatura da ministra petista, que vem também ministrando palestras nos estados onde a cúpula do PT identificou resistências ao nome dela. Foi o caso do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal. No próximo Sábado, vale destacar, a ministra-presidenciável é esperada em Belo Horizonte para um bate-papo com prefeitos, vices, vereadores e deputados do partido.
Como se não bastasse, além desse movimento “para dentro”, a direção nacional do PT decidiu criar uma agenda específica para Rousseff se aproximar mais dos partidos aliados e dos movimentos sociais com o claro objetivo de pavimentar sua candidatura rumo a 2010. A idéia do partido é que a ministra comece a participar, nos fins de semana, de eventos fora de sua agenda oficial.




Roussef gostou. Até porque, as primeiras articulações já deram certo resultado. A última pesquisa de intenção de votos, divulgado no início do mês , mostrou que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), segue líder na preferência do eleitorado quando o assunto é a sucessão de Luiz Inácio da Silva, mas também que a ministra cresceu na comparação com o levantamento anterior, realizado em dezembro: pulou de 10,4% para 13,5%, enquanto seus virtuais adversários caíram: Serra foi de 46,5% para 42,8% e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG) de 25,3% para 23,3%.




É uma boa notícia para os que investem na candidatura de Dilma Roussef, mas, faltando ainda tanto tempo para a eleição presidencial, causa estranheza essa decisão de colocar a ministra na berlinda, uma vez que abre espaço para os adversários detonarem a candidatura dela. O PT e Luiz Inácio da Silva sabem disso. Não seria a ministra, então, apenas “boi de piranha”?