Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Nó em pingo d’água

Temos que reconhecer: o vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP). Em plena crise econômica internacional, que deixou a economia dos Estados Unidos da América (EUA) em situação mais difícil do que na quebradeira de 1929 , e que atingiu todo o mundo, incluindo o Brasil, ele consegue se manter com aprovação pessoal de 84% dos brasileiros e de 72% para seu Governo (2003-10).



Usando um mote do próprio Luiz Inácio da Silva, nunca antes neste País um governante chegou tão perto na intimidade com o eleitor e com o cidadão. E olha que não faltaram problemas. O mensalão engendrado pelo delubiovalerioduto do petismo, que derrubou e cassou o mandato do então comissário todo-poderoso do Planalto Central, José Dirceu (PT-SP), os dólares na cueca, o caseiro que derrubou o então ministro de e Estado da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT-SP), as muitas confusões nascidas no seu Partido dos Trabalhadores (PT) e agora a crise financeira mundial.



Luiz Inácio da Silva é mais que blindado. Admite-se, ele fala ao coração do povo simples, que com ele se identifica, na retórica e na atitude, mas fala também à classe média, ao defender o país, ao não permitir grandes invencionices na condução econômica, ao não se esconder diante de polêmicas e ao se posicionar à sua moda, com o microfone na mão, andando de lá pra cá como que em palanque de campanha, mas com a coragem de falar do seu jeito sobre o que bem entende.




O que poderia parecer inconsequência, acaba sendo interpretado como ousadia pelo povo. O que poderia parecer demagogia, em seu discurso é recebido como coerência pelo seu eleitor. A clara preocupação com os desprotegidos, a fala em favor da planície, mesmo estando ele no Palácio do Planalto, soa como espontânea, verdadeira.



Especialistas em análises dessas entrelinhas retóricas ficam boquiabertos com a capacidade do vosso presidente da República em se manifestar naturalmente sobre temas variados sem contudo perder o fio da meada entre sua voz e o povo a quem fala. E não é uma sabedoria aprendida na escola. É algo intrínseco a ele, faz parte de sua personalidade.



Luiz Inácio da Silva teve escola no palanque, foi candidato muitas vezes e muitas vezes perdeu a eleição para a elite política, a mesma que hoje estica para ele o tapete vermelho. Perdeu para o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) em 1989, para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Cardoso (PSDB-SP) duas vezes consecutivas (1994 e 1998), mas quando ganhou a eleição presidencial de 2002 contra José Serra (PSDB-SP), Luiz Inácio da Silva tinha adquirido experiência no ramo. Sempre saía na frente nas pesquisas mas perdia quando a classe média decidia em favor de outro candidato. Quando conseguiu ganhar, já não era o sapo barbudo, cortou o cabelo, arrumou os dentes, se vestiu como o eleitor desejava e seu discurso aveludou no conhecimento de causa. Vamos reconhecer: ele deu um banho nos caciques da política brasileira. Os mesmos que hoje buscam seu amparo para uma foto. Ou para uma indicação ou apoio.



No encontro com os prefeitos ocorrido em Brasília (DF) na semana que passou, uma coisa ficou clara: o vosso presidente da República é o grande líder atual de quem todos querem companhia. Ficou claro que Luiz Inácio da Silva usou o evento como ponto de partida para a campanha da ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS), sua candidata. É verdade, mas não assumida. O ex-sindicalista e ex-metalúrgico aprendeu como fazer política o tempo todo. Estava à vontade, falou como sempre. Rousseff aproveitou, já que é o trator do Programa de Aceleração do Crescimento Econômico (PAC). Os prefeitos lá presentes se derramaram em degustações com o cheiro do poder na Esplanada dos Ministérios.


Prefeitos, em geral, chegam a Brasília (DF) com pires na mão. Encontraram um presidente da República que lhes ofereceu amparo, possibilidades de recursos para obras. O ambiente revelou extrema capacidade de se produzir resultados, esperanças. E possíveis apoios para a campanha presidencial de 2010. Assim é a política, cheia de oportunidades. Luiz Inácio da Silva deixa um recado implícito. Se a Oposição não correr e se posicionar logo - e corretamente -, ele vai seguir em frente.



E a ministra Rousseff, antes durona, agora mudou até o visual, não usa óculos, fez plástica, renovou a maquiagem, e faz discurso de candidata com um sorriso estampado no rosto. Que se cuidem os que querem disputar com ela o poder. A parada é que promete ser dura.