Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Relembrando a Blitz

Charles Gavin, vocalista dos Titãs, reconheceu. Roberto Frejat, do Barão Vermelho, também. O jornalista Rodrigo Rodrigues só se deu ao trabalho de esmiuçar os detalhes da banda que todos eles consideram responsável pela fundação do Rock Brasil dos anos 80 (o chamado movimento BRock) - ou como prefere definir o produtor Marcelo Sussekind, “o primeiro grande expoente de música para jovens nos anos 80”. Sem mais blablablás e tititis: finalmente, vem à tona a história do sucesso fugaz do grupo que tem à frente o irreverente Evandro Mesquita, com o lançamento da biografia “As Aventuras da Blitz”, detalhada pelo apresentador do Vitrine da TV Cultura.



“O rock nacional era uma coisa meio embolada, que ninguém sabia direito para onde ia. Existia um som mais pesado, como Made in Brasil e Joelho de Porco, de um lado, e do outro havia Rita Lee, Raul Seixas. Mas Rock Brasil, pós-Jovem Guarda, era um segmento que estava meio adormecido. Nos anos 70 rolou um ‘gap’ desse tipo de música, época da Tropicália. A grande volta da música para jovens foi nos anos 80, e o marco zero disso foi a Blitz”, discursa Rodrigues, de 33 anos, que se deixou levar pelas histórias de um tempo divertido e ingênuo em que ainda era criança.


O esboço da ideia de escrever uma biografia, que contasse a trajetória do grupo que estourou com “Você Não Soube Me Amar” em 1982, começou há pouco mais de dez anos, quando Rodrigues ainda cursava Jornalismo na Estácio de Sá.


À procura de uma pauta para o programa Clip Brasil, veiculado no canal universitário UTV, tomou um susto quando leu o anúncio de um show da Blitz na revista “Showbusiness”. “Para mim, a Blitz tinha acabado há muito tempo”, relembra.


Ele alugou com o dinheiro do próprio bolso todo o material de gravação e foi atrás da banda: não só descolou a entrevista, como conquistou a amizade de Toninho, o empresário da Blitz, e de todos os seus integrantes.


A trupe de Mesquita o convidou para eventualmente excursionar de ônibus, a fim de registrar imagens do grupo. Convite aceito, Rodrigues decidiu mergulhar nos meandros da banda que nasceu meio de brincadeira em São Conrado, numa fusão do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone e a banda de Marina Lima.


Lobão, então baterista da quase-banda, foi quem sugeriu o nome Blitz - e não agradou aos outros integrantes num primeiro momento. “O pessoal não tinha gostado muito porque, afinal, todos eram surfistas, ‘paz e amor’”, conta Rodrigues.
A banda britânica The Police estava a caminho do Brasil pela primeira vez e um dos argumentos mais convincentes de Lobão foi: “Pô, se tem Police, tem Blitz!”


Dos integrantes originais da banda que durou até 1986, ressurgiu em 1994 e até hoje tem agenda cheia de shows corporativos e particulares, só Ricardo Barreto, Márcia Bulcão e Antônio Pedro Fortuna não quiseram conceder entrevista para a biografia por acreditar que ela é “chapa branca”, sem contar a disputa judicial que tiveram com os demais. Entenda melhor lendo o livro.