Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Muita calma nessa hora!

O recente episódio da brasileira que afirmou ter sido agredida por supostos neonazistas na Suíça produziu lições valiosas de como não se deve tratar um incidente internacional.



A afoiteza como o assunto foi tratado, sobretudo pelas autoridades governamentais, instituições da sociedade civil e na mídia eletrônica, sobretudo, demonstra imediatismo e um equivocado espírito de patriotismo.




Causou, inclusive, espanto na Imprensa suíça o julgamento açodado exibido pelo Brasil. O ministro de Estado das Relações Exteriores, o chanceler Celso Amorim (PMDB-RJ), por exemplo, apressou-se em condenar nos temos mais veementes a suposta agressão sofrida pela jovem advogada Paula Oliveira. A linguagem dos países é a diplomacia e não é de bom alvitre que um chanceler seja precipitado numa hora dessas. O vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP) foi na mesma linha, afirmando que o país não permitiria agressões contra seus cidadãos no exterior.



A atitude da polícia suíça, que desdenhou desde o início as alegações da moça, também geraram indignação. É claro que há muita intolerância contra os estrangeiros - principalmente aqueles oriundos do Terceiro Mundo - nos países da Europa Ocidental, a Europa mais rica e civilizada.




Agora, então, quando as economias do Primeiro Mundo sofrem intensa retração devido à derrocada financeira ocorrida nos Estados Unidos da América, a xenofobia tem ganhado contornos cada vez mais radicais. Haja visto as humilhações sofridas por brasileiros nos aeroportos da Espanha, por exemplo - não por acaso um dos países mais afetados pela turbulência global.



A Suíça, paraíso dos bancos e das contas secretas engordadas por dinheiro oriundo de ditadores e corruptos dos países periféricos, perdeu em poucos meses metade do seu Produto Interno Bruto em ativos financeiros, devido à fuga de capitais.
Tudo isso colabora para o clima de ojeriza aos estrangeiros. Só que as hordas de neonazistas vão bem mais além do que insultar os não-europeus. As agressões que ocorrem, sobretudo na Alemanha, são de extrema violência. Chegam a causar mortes. Visam principalmente africanos, árabes e turcos.
Tudo isso pesou na avaliação das autoridades suíças.




Ao que tudo indica, a jovem advogada realmente praticou a autoflagelação, talvez por um surto psicótico. O que a torna inimputável. Vale a lição para os brasileiros. Prudência e caldo de galinha nunca fez mal a ninguém.