Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, maio 12, 2014

O risco e a oportunidade de um financiamento para a Graduação

EM 2013, segundo estudo recentemente divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), 05 milhões, 341 mil e 109 estudantes estavam matriculados em cursos de graduação do Ensino Superior ofertados por Instituições Privadas no Brasil. Dessa totalidade, 1,66 milhões de estudantes, ou seja, 31% são beneficiários do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – estes, são estudantes brasileiros que encontraram no crédito estudantil a possibilidade de sustentar um curso de graduação superior.


A CONCESSÃO de empréstimos para financiar um curso de graduação superior é um investimento para o futuro, contudo, antes mesmo de se utilizar deste instrumento de crédito, recomenda-se planejar tal decisão e avaliar qual a linha de financiamento se adéqua melhor a suas necessidades e qual oferece taxas de juros menos pesadas. É relevante considerar também outros gastos envolvidos com a freqüência a uma faculdade como o transporte, os livros e o material escolar, além é claro, da alimentação.


POR exemplo: utilizando-se do Fies, os juros são de 3,4% ao ano – ou 0,27% ao mês – e é possível financiar de 50% a 100% do valor da graduação para todos os cursos na modalidade presencial. Porém, nem todo estudante brasileiro tem o perfil beneficiário do Fies. Para ter o acesso ao Fies a renda familiar bruta tem que ser necessariamente de até 20 salários mínimos (o teto). Então, o estudante beneficiado paga, durante o período de duração do curso, o valor máximo de R$ 50 a cada trimestre. E após a conclusão da graduação, o aluno ainda tem 18 meses de carência, pagando o valor máximo de R$50, trimestralmente. Apenas após esse período é que o aluno começa a pagar o saldo devedor, parcelado em até três vezes o período financiado do curso, com o acréscimo de um ano. Destaque-se que pela nossa projeção, um estudante de um curso de graduação superior com duração mínima de dez semestres (cinco anos) e cuja mensalidade seja R$850, concluído o curso em cinco anos, o estudante que assina o contrato hoje já estará contraindo de saída uma dívida líquida de R$51 mil reais. Para um jovem de 18 anos recém acolhido no mercado de trabalho, eu acho uma dívida onerosa


ENQUANTO isso, no Prouni é oferecida uma bolsa de estudo (que pode ser integral ou parcial) ao estudante de baixa renda. Para concorrer às bolsas integrais, o candidato tem que ter renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. Já para as bolsas parciais de 50%, a renda familiar bruta mensal tem que ser de até três salários mínimos por pessoa. Ademais, o estudante tem que ter cursado todo o Ensino Médio em escola da rede pública, ou então, ter sido bolsista integral (sem qualquer ônus) em escola da rede privada de ensino.


AGORA, se o bolsista parcial (50%) do Prouni não tiver condições de arcar com o custo dos 50% restantes não cobertos pelo Programa, ele poderá requerer a participação no Fies para financiar os 50% restantes.


MAS, como o parcelamento é longo, antes de decidir por qualquer programa de crédito estudantil, é fundamental que se verifique a qualidade da instituição de ensino superior desejada; como também procurar saber qual é o piso salarial que o mercado de trabalho oferece ao profissional da área do curso de graduação superior desejado. Porque um diploma de Ensino Superior não é a garantia de um emprego garantido e muito menos de uma profissão de alto rendimento, ou mesmo sustentável. Procurar ter contato com ex-beneficiários dos programas de crédito estudantil é recomendável antes de se fazer uma opção.


ADEMAIS, bem antes de optar pelo financiamento de um curso do Ensino Superior, procure saber se a instituição de ensino escolhida oferece um desconto ou até mesmo uma bolsa por meritocracia, condicionada ao bom desempenho do aluno nos processos seletivos e/ou ao longo do curso. Algumas instituições (sobretudo aquelas confessionais) subsidiam uma parte do valor do curso, que em alguns casos pode chegar a até 100% dos juros do crédito estudantil. Eu sempre considero que crédito bom é crédito consciente. O que pode gerar a inadimplência é o descontrole financeiro, e não o simples fato de se contratar um empréstimo.