Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Só Freud explica!

Só Freud para explicar como o vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP) consegue sobreviver à oposição da mídia e atravessar, pelo menos até aqui, a crise financeira sem que sua popularidade caia ou que a aceitação do seu Governo sofra qualquer abalo. Pelo contrário. Com crise e tudo, mesmo que ainda no seu começo, a popularidade do presidente subiu para 84%, índice jamais alcançado por qualquer outro presidente, e a aprovação do seu Governo foi para 72,5%. E olha que a mídia, tanto do Rio de Janeiro como a de São Paulo, não lhe dá folga - bate sem dó nem piedade.
Como explicar uma coisa dessas? O que parece saltar aos olhos é que a população mostra ter a consciência de que a crise é de fora para dentro, isto é, pegou lá fora primeiro para depois chegar aqui, ainda assim de forma pouco acentuada até agora. Mesmo com os jornais paulistas e cariocas ironizando a expressão do presidente, que ao estourar da crise disse que lá ela seria um tsunami, mas que aqui não passaria de uma “marola”. E quando não é ironia, é paulada mesmo, como as que lhe dá diariamente um jornal do Rio de Janeiro.



É verdade que a crise por aqui está apenas começando, pelo que dizem os economistas. Há alguns que já anunciam o fim do mundo, mas são poucos, raros, os que admitem que a crise poderá chegar ao país de maneira atenuada, graças à solidez do sistema financeiro e ao controle da moeda exercido pelo Banco Central. Mas por isso e aquilo, o que se observa e o que é notável é a avaliação que a população faz do presidente e do seu Governo. Essa pesquisa última da Sensus, feita por encomenda da CNT, é de deixar a oposição de cabelos em pé, logo ela que parece querer se alimentar da crise, com raras exceções, para dela tentar tirar proveito. Não parece ser uma boa estratégia. O que sobressai da pesquisa é que a população parece confiar no presidente e acreditar no acerto das medidas tomadas pelo seu Governo, a despeito de um erro ou outro, logo explorado pela oposição, tanto na mídia como no Congresso, como a medida tomada recentemente pelo Ministério da Fazenda que burocratizava as importações.



A pesquisa Sensus/CNT não ficou apenas na avaliação de Luiz Inácio da Silva e de seu Governo (2003-10). Os números jogam luzes também sobre a sucessão presidencial e revelam coisas interessantes. Mostram, por exemplo, que a imagem do governador Aécio Neves, ainda bem distante de José Serra, vai se consolidando como potencial candidato à Presidência da República. Aliás, a tanto tempo da eleição, Aécio não pode pretender outra coisa. Seus índices, ainda que tenham caído um pouco desde a última pesquisa, assim como caíram também os de Serra, estão de bom tamanho, segundo avaliação do próprio Palácio da Liberdade. É de lembrar que, há um ano, Aécio sequer aparecia nas pesquisas. Hoje, já ostenta 23% e 24%, já acima da ministra Dilma Rousseff, que, no entanto, é o pré-candidato que mais tem crescido, mesmo que muito distante dos lideres José Serra, sempre em primeiro, e Aécio, bem atrás dele.
Nesse sentido, os números são bons para Serra, que mantém a liderança; Aécio, que vem subindo desde o ano passado; e a ministra Dilma Rousseff, a que vem tendo o melhor desempenho. O que teria feito Aécio subir desde o ano passado, quando ele nem aparecia nas pesquisas?




Outra coisa não foi senão dizer que é pré-candidato e colocar-se perante a nação como uma alternativa ao tucano paulista José Serra. Há quem diga, em São Paulo, que Aécio errou ao se colocar como concorrente de Serra dentro do PSDB, já que dificilmente ele será capaz de derrotar o candidato paulista no interior do seu partido.



É possível que não derrote mesmo, mas Minas jamais perdoaria o seu governador se ele ficasse com medo do rastro da onça e não resolvesse ver o tamanho do bicho. Minas, isso os paulistas não sabem, não gosta de ver os seus líderes fazendo aventuras, mas não perdoa os que não se arriscam. O último a dar essa lição foi ninguém mais ninguém menos do que o avô de Aécio, o presidente Tancredo Neves, que se impôs ao doutor Ulysses e ganhou a condição de representar o PMDB contra o também paulista Paulo Maluf. Mas não custa lembrar que pesquisa eleitoral, a essa distância das eleições, tem pouco ou quase nenhum valor. Vale para o momento.