Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, janeiro 31, 2010

A volta do terrorismo eleitoreiro

TIRADENTES (MG) - VOSSO presidente da República, Luiz Inácio da Silva (2003-10) e a sua criatura eleitoral, a ministra-candidata Dilma (“Pinóquio”) Rousseff (PT-RS), com a inestimável contribuição do presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), neste Janeiro deram a largada para o festival de capoeira política com que pretendem suprir as carências aparentemente insanáveis da candidata “Pinóquio” em se afirmar como presidenciável dotada de luz própria. No primeiro comício do ano, travestido de ação administrativa - a inauguração de uma barragem no empobrecido Vale do Jequitinhonha (MG) -, a ministra-candidata acionou o seu conhecido temperamento agreste para instalar no coração do eleitorado o medo de que uma eventual vitória da Oposição abra as portas para o desmanche dos programas sociais implementados pelo lullismo.

E TEVE como pretexto para a investida uma entrevista do senador Guerra à reportagem da Revista Veja (Editora Abril) publicada no último 13 de Janeiro. Nela, com a sutileza de um helicóptero das Força Aérea dos Estados Unidos da América (EUA) pousando diante do semidestruído palácio do governo do Haiti em Porto Príncipe, Guerra anunciou que um pretenso governo do PSDB no futuro acabará com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por se tratar de uma ficção. No diagnóstico, ele está certo. O PAC é uma invencionice publicitária para Luiz Inácio da Silva (PT-SP) mostrar serviço no descuidado setor de infraestrutura e turbinar o nome Rousseff, "a mãe" do programa. Perto de 2/3 das 7.700 obras que o integram ainda não saíram do papel. Apenas 10% foram concluídas. Mas uma coisa é apontar o fiasco que expõe a lorota da capacidade gerencial da ministra-candidadta. Outra é ajudar o vosso presidente populista, prometendo acabar com seja lá o que for que tenha feito.

A DECLARAÇÃO do senador Guerra deu no que deu; e de tão desastrosa - que poderia vir de um petista infiltrado na cúpula do PSDB -, proporcionou a Rousseff a chance de "chutar do peito para cima", como diria o seu patrocinador. "Vira e mexe querem acabar com algum programa do governo Lula. Em 2006, queriam acabar com o programa Bolsa-Família", aterrorizou.

A MÁQUINA de comunicação e mídia da cozinha do Palácio do Planalto, dias depois, propagou a versão de que a senhora “Pinóquio” tinha dado prova de traquejo ao chamar a Oposição para a briga. Na realidade, observadores independentes registraram a esqualidez do desempenho da ministra-candidata, a sua fala desprovida de força e empatia genuínas, a sua atitude subalterna em relação ao chefe de quem é a antítese no quesito carisma e a quem não cessa de invocar para se associar a ele como que por osmose.

ENTÃO, eis por que “O-CARA!” avisou que levará a ministra-candidata a tantas inaugurações quantas puder nestes primeiros três meses - só até o fim de Fevereiro deverão ser pelo menos 11, em 7 Estados da Federação -, pois a partir de Abril "a Dilma já não estará mais no governo e quem for candidato não pode nem subir no palanque comigo". A compreensível insegurança do “CARA!” com os futuros voos solos da sua candidata o leva a exacerbar a mobilização do governo em seu favor e a escalar no vale-tudo.

ELE JÁ transformou, de cara, a primeira reunião ministerial do ano em sessão de comitê eleitoral, reiterando a estratégia de fazer da sucessão um plebiscito. "Quero", anunciou autocraticamente "fazer a campanha do quem sou eu e quem és tu". "Eu" não seria Dilma, mas o lullismo, nem "tu" seria o governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), mas o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

E NUM assomo de cinismo, mesmo para os seus padrões, exortou a equipe a evitar o "jogo rasteiro" da Oposição, para que a disputa "não seja de baixo nível" - e de um só fôlego disse que Guerra é um "babaca". A grosseria não saiu sem querer. O autor sabia que ela seria relatada à Imprensa. Foi, portanto, o prenúncio de um deliberado ciclo de selvageria política.

É VERDADE que ninguém precisa ensinar coisa alguma ao “CARA!” em matéria de xingatório de botequim, diferentemente da candidata “Pinóquio”, que precisa tomar aulas de comunicação com o povo dia sim, o outro também ; pelo visto, com resultados que devem desacorçoar os seus tutores. Ainda que a partir do próximo mês Abril (coincidentemente alcunhado como o mês da mentira no Brasil), a candidata Rousseff não possa mais subir ao seu "palanque", ele poderá usar à farta as suas aparições públicas para agredir a Oposição, seguro de que esta não poderá lhe dar o devido troco.

EVIDENCIAM-SE os nexos entre a baixaria e as limitações da senhora “Pinóquio”. Imagine-se, apenas para raciocinar, que a candidata tivesse a metade do poder do seu mentor para empolgar as massas analfabetas (politicamente) e que a maioria dos tupiniquins a considerasse um dos seus. Nesse caso, o recurso à truculência na campanha seria supérfluo por definição.

DE FATO é a completa falta de apelo de Rousseff que acentua o pendor do “CARA!” para a apelação.