Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, janeiro 17, 2009

Grata surpresa!

O último capítulo de “A favorita” (telenovela de João Emanuel Carneiro, exibida e produzida pela TV GLOBO), nesta sexta-feira, 16, teve de tudo um pouco: suspense nas cenas iniciais, xaropada (no melhor sentido) aqui e ali, casamento e parto. Todos os vilões foram castigados, no formidável jogo folhetinesco do maniqueísmo. E a brilhante intérprete do personagem Flora Pereira da Silva (na verdade a grande protagonista da trama) Patrícia Pillar teve direito a encerrar seu trabalho com chave de ouro numa cena longa em que sua vilã atirou e também levou um tiro da filha, Lara (Mariana Ximenes).

Outros dos desfechos mais interessantes foi o do personagem Catarina (a megera, interpretada pela atriz Lilia Cabral, como sempre, brilhante). A personagem, aliás, teve uma história bem montada pelo autor, convincente e coerente. Foi com Catarina que João Emanuel, um autor calouro no horário das 21H, exercitou uma pegada mais realista nessa novela em que o tom fabuloso prevaleceu. A cena de Lilia Cabral com o ator Alexandre Nero, o verdureiro Vanderlei, foi bonita e na medida.

Outro grande momento do último capítulo foi o discurso de Iolanda, a megera-mãe (Susana Faini) no casamento de Cida (Claudia Ohana). Emocionante de verdade.

“A favorita” vai ser lembrada como uma novela que trouxe para o horário nobre da teledramaturgia brasileira um tipo de narrativa cheia de suspense a que o telespectador não experimentava desde “A próxima vítima” (Silvio de Abreu, TV GLOBO, final dos anos 1990). E também nisso foi coerente até o fim: a história começou brincando com a ambiguidade dos personagens. No último capítulo, a arquivilã Flora provocou sentimentos mistos, com tantas explicações 'psi' para suas maldades, deu pena dela. Sem os exageros do personagem Donatela. Portanto, a grande ‘favorita” se revelou em Flora Pereira da Silva.