Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, novembro 14, 2009

O apagão da competência do lullismo

PASSADOS quatro longos dias do apagão e a administração petista não trouxe até o presente momento uma explicação plausível para o ocorrido - e, sobretudo, por que não se impediu que o problema avançasse pela madrugada, atingisse 18 Estados, o Distrito Federal, além do Paraguai, afetando perto de 60 milhões de pessoas, na noite da última Terça-feira, 10. Não é preciso, porém, esperar mais nada para deplorar o apagão de competência (do Governo) e de integridade (da Oposição) ao longo do nosso day after. Ministros de Estado e outras autoridades do setor elétrico nacional tiveram em comum com os políticos um desempenho marcado por um monumental pouco-caso com os brasileiros ansiosos por respostas confiáveis e condutas honestas.

OUVIRAM do ministro de Estado da Justiça, Tarso Genro (PT-RS) que tudo não passou de um "microincidente", ou de uma "marolinha". Dos oposicionistas ouviram que foi a "pá de cal" na candidatura presidencial da ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República e ex-titular do Ministério das Minas e Energia, de 2003 a 2005, Dilma Rousseff (PT-RS). E, ainda, que o apagão de agora (na transmissão) deixou o presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) em pé de igualdade com seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), em cujo (os últimos dois anos, 2001 e 2002, do) segundo mandato do governo, o País conheceu uma prolongada crise de geração e racionamento de eletricidade.

A PRÉ-candidata, Pinóquio Rousseff, por sua vez, em contraste clamoroso com a sua habitual onipresença destinada a promovê-la junto ao eleitorado, simplesmente se apagou. Cancelou compromissos, ausentou-se de eventos aos quais decerto compareceria em outras circunstâncias e, no seu único contato com jornalistas, fugiu das perguntas, mandando "um beijo". E somente na tarde de Quinta-feira, 12, concedeu uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, para dizer o óbvio palavrório que pontua suas falas desde 2003.

É BEM provável que Pinóquio Rousseff tenha se eclipsado por decisão do “CARA”, preocupado em dissociá-la do acontecimento que interrompeu uma sequência de fatos positivos para o governo, ou assim explorados, de olhos postos na sucessão. Agindo assim, foi apequenou-se – e tentou manipular a opinião pública - quanto os seus adversários. Afinal, em vez de se ocultar, a ministra Rousseff devia ter esclarecido, de imediato, o que a levou a afirmar categoricamente, numa entrevista há duas semanas, ter a certeza de que "não vai ter apagão". Devia esclarecer também o que fez das recomendações recebidas do Tribunal de Contas da União (TCU) em Julho último para prevenir um novo apagão. É verdade que, nas duas situações, o termo empregado designasse um problema estrutural, não o risco de um evento isolado. Mas Rousseff teria de ser a primeira a se manifestar a respeito, jogando limpo com a sociedade.

E TUDO considerado. Mais uma vez, as autoridades em Brasília (DF) reagiram a uma emergência nacional batendo cabeças, às tontas, e mantendo o País no escuro sobre o que se passava. Figurões do setor elétrico passaram boa parte do dia dando explicações contraditórias, num show de descoordenação, negligência e desrespeito pela população. Isso quando não se contradiziam a si mesmos, modalidade em que o ministro de Estado das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB- MA) levou - previsivelmente – um troféu. Dele, que se enrolou a cada declaração, se pode dizer que os seus conhecimentos da área talvez nem sequer lhe permitam trocar uma lâmpada. Mas ele não caiu na Esplanada dos Ministérios como os raios que, na versão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), recebida com ceticismo por especialistas independentes, teriam derrubado "em milissegundos" três linhas de transmissão que ligam a Hidrelétrica de Itaipu à malha nacional. Lobão está onde está por conta dos arranjos políticos do vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva, com o presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-MA). Por isso tem reduzida autoridade moral para dar um "cala a boca" em quem "fala bobagem sobre o que não sabe".

E SOMENTE agora, no afã de proteger a pré-candidata que “O-CARA” lhe impôs, o Partido dos Trabalhadores (PT) ousa criticar publicamente Lobão. "Quando Dilma era ministra, não tivemos nenhum apagão", atacou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Na verdade, ninguém acredita que Lobão seja mais do que o executor da política de Dilma Pinóquio Rousseff na área da eletricidade.

TODOS são parte do problema, como é fácil observar. E até o momento nenhum agente público desse governo tem tido a solução.

SOLUÇÃO essa, também, fácil de ser identificada. Tal medida clama pela competência técnica dos brasileiros com formação acadêmica adequada e experiência profissional imprescindível para gerir e manter o sistema elétrico brasileiro. No entanto, tudo leva a crer que nada será apurado pelo poder Executivo, pois teriam que ser demitidos todos os envolvidos na trapalhada, a começar pela Senhora Pinóquio Rousseff, o Senhor Lobão e o Senhor Tarso Genro, puxando a fila das autoridades planaltinas responsáveis pelo "mini-acidente" climatérico.