Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, janeiro 28, 2012

Fatores que fortalecem a moeda nacional

SALVADOR (BA) – A PARTIR da retomada da valorização do real em relação ao dólar a autoridade monetária brasileira (o Banco Central do Brasil – BC) voltou a dar atenção ao câmbio. Essa é uma questão que ganha nova atualidade em razão do quadro que se vai delineando no mercado internacional.

O BC dectou três fatores que estariam agindo para fortalecer a moeda nacional: 1) a entrada de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores; 2) os ingressos das exportações - sendo que os exportadores são autorizados a não internar imediatamente suas receitas em moeda estrangeira; e 3) as operações especulativas de investidores internacionais. Sem falar, é claro, dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs).

TODA a entrada de capital estrangeiro para compra de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), neste início de 2012, somaram até agora US$ 2,7 bilhões. E, deduzindo-se o movimento inverso (vendas de ações), deixaram um saldo de US$ 400 milhões.

E APESAR de esse saldo ser muito pouco significativo, não se pode deixar de apontar que foram essencialmente as compras estrangeiras que permitiram uma valorização de 9% do mercado da Bolsa de Valores no período, isto é, que criaram um clima favorável para que as empresas nacionais pensassem em novas emissões de ações, o modo mais barato para captar recursos. Não se deve, portanto, recorrer a medidas que inibam as compras de ações por investidores estrangeiros.

A AUTORIZAÇÃO dada aos exportadores de, por um pequeno prazo, não converter suas receitas de exportação teve por finalidade compensar a valorização excessiva da moeda nacional, dando-lhes a oportunidade de aguardar uma taxa interessante.

ALÉM do fato de que o mercado internacional não oferece, atualmente, segurança suficiente para que se emprestem receitas de exportação, é necessário levar em conta as dificuldades encontradas pelos exportadores para obter adiantamentos sobre as suas receitas. Desta forma, também não se deve modificar as regras atuais.

E AS operações de carry trade, em que o investidor estrangeiro capta recursos baratos no seu país para aplicá-los aqui, com remuneração pela Taxa Selic, já estão com uma tributação elevada. Caberia modificar a remuneração dos títulos públicos, que se encontra num nível muito elevado.

OS INVESTIMENTOS Estrangeiros Diretos (IEDs), que somaram mais de US$ 60 bilhões no ano passado, não devem ser tocados, especialmente num ano em que o déficit das transações correntes será maior do que as entradas de capital.

NO máximo se deve verificar se os financiamentos que os acompanham são, de fato, aplicados no projeto. O melhor é nada fazer agora, e esperar para ver como evolui a situação cambial.