Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, dezembro 26, 2010

O “cachimbo do capeta”

RIO DE JANEIRO (RJ) – EM mais de 3,8 mil, dos 5,5 mil municípios brasileiros, existem graves problemas de segurança pública, saúde e assistência social decorrentes do consumo de crack. O consumo da droga já se disseminou por todas as regiões do País, expandindo-se dos grandes centros urbanos para as cidades de pequeno e de médio portes e até para zonas rurais. E esse quadro só pode se agravar ainda mais, dado que 90% das prefeituras municipais não dispõem de condições técnicas e financeiras para formular e implementar programas de prevenção dirigidos a jovens e adolescentes. As estimativas são de que o consumo do crack leve cerca de 300 mil pessoas à morte nos próximos seis anos.

TAIS informações foram divulgadas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), com base num estudo de amplitude nacional. "O Brasil não tem nenhuma política de enfrentamento ao crack, seja por parte de municípios, Estado ou União. Fizemos um grande esforço para a redução da mortalidade infantil, mas não há nenhuma política de prevenção à mortalidade juvenil. Estamos salvando nossas crianças, mas deixando-as morrer na juventude", diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, depois de classificar a expansão do consumo de crack como "epidemia nacional" e de reclamar da escassez de recursos para conter a disseminação do vício entre os segmentos mais jovens da população.

NOSSAS autoridades federais do setor questionaram a validade da pesquisa, alegando que ela teria sido realizada sem respeitar os padrões metodológicos comuns aos trabalhos acadêmicos e aos levantamentos estatísticos. "Se fizermos um estudo epidemiológico, não vamos encontrar nenhum município sem problemas com crack. Agora, há lugares com consumo maior e outros com consumo menor", afirma a secretária adjunta da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), Paulina Duarte (PT-SP).

A PESQUISA da CNM apresenta números preocupantes, independentemente dos seus padrões metodológicos. Eles dão a dimensão do crescimento do número de viciados em crack e mostram que o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack (PIECD) e outras Drogas, lançado em Maio último como bandeira da campanha eleitoral que elegeu Dilma Rousseff (PT-RS) Presidente da República, não trouxe os resultados esperados. O Plano prevê a distribuição de recursos federais, por meio de convênios entre a União Federal e as prefeituras municipais.

PORÉM, segundo o levantamento da CNM, em seus sete meses de vigência, apenas 3,39% dos municípios se dispuseram a assiná-lo. Além de reclamar do excesso de exigências burocráticas para ter acesso ao dinheiro, o presidente da entidade lembra que só as cidades com mais de 20 mil habitantes podem ser beneficiadas. Ele afirma que, dos R$ 410 milhões previstos para 2010, a 10 dias do término do ano o governo federal liberou somente R$ 285 milhões. Pela pesquisa da CNM, a maioria dos 333 municípios que implementam políticas de prevenção e promovem campanhas de orientação, instalando Centros de Atenção Psicossocial e firmando acordos com ONGs e entidades comunitárias para ajudar na recuperação e ressocialização de viciados, financia suas ações com recursos próprios ou com a ajuda de governos estaduais.

A CÚPULA da Senad, ouvida pela nossa reportagem, refuta as críticas, alegando que o órgão já destinou R$ 73 milhões para a abertura de leitos em hospitais e comunidades terapêuticas, a criação de Núcleos de Apoio à Saúde da Família e a capacitação de agentes que atuam nas redes assistenciais de atendimento aos usuários de drogas. "O Plano vem tendo uma implementação extremamente positiva e uma execução satisfatória", diz a secretária adjunta do órgão.

O LEVANTAMENTO feito pela CNM, contudo, mostra o oposto - ou seja, as dificuldades que o governo federal vem enfrentando para tentar introduzir políticas de prevenção mais eficientes e articuladas com os governos estaduais e municipais. Durante o período eleitoral, a então candidata Rousseff afirmou que uma das prioridades de seu governo (2011-14) seria conter o avanço do crack. A pesquisa da CNM deixa claro que não será com base na política da Senad que ela conseguirá cumprir a promessa que fez.

O “Rei” Roberto Carlos encanta centenas de millhares de fãs nas areias de Copacabana!

RIO DE JANEIRO (RJ) – TERMINOU ainda a pouco o histórico megashow que o cantor e compositor capixaba Roberto Carlos fez nesta noite de Natal aqui nas areias escaldantes da Praia de Copacabana, Região Sul da Cidade Maravilha Mutante. O espetáculo natalino começou pontualmente às 22:21h e foi pelo menos 40% igual ao que ele apresenta tradicionalmente. Por conta dos convidados (o grupo pagodeiro paulistano Exaltasamba, a dupla breganeja Bruno & Marrone, a cantora popular mineira Paula Fernandes e a bateria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis), o repertório foi bastante modificado.

MAS as músicas que o público esperava ouvir: “Emoções”, “Detalhes”, “Jesus Cristo”, todos os grandes sucessos da carreira de Roberto Carlos foram cantados esta noite sob o acompanhamento da Orquestra RC9 regida pelo maestro Eduardo Lages. O espetáculo teve mais de duas horas de duração e 21 músicas. Por conta da transmissão ao vivo da TV GLOBO, a "minutagem" (tempo de duração de cada canção) teve de ser precisa, e o maestro Lages ainda quebrava a cabeça ontem para escolher as três músicas "novas" que seriam incluídas no programa (três canções do seu repertório que Roberto Carlos habitualmente não costuma cantar, o que já foi boa sacada).

OS NÚMEROS musicais da noite foram os seguintes: o GRES Beija-Flor de Nilópolis cantou o enredo com o qual homenageará na Passarela do Samba, no Carnaval 2011, o cantor mais popular da música brasileira, Roberto Carlos. A bela mineirinha Paula Fernandes cantou com Roberto Carlos um pot-pourri de canções da Jovem Guarda, aquele que tradicionalmente evoca o passado mais juvenil de RC. Já o grupo pagodeiro de São Paulo, Exaltasamba, cantou a música “O Rei na Beija-Flor”, que Erasmo Carlos, Paulo César Valle e Eduardo Lages compuseram para o cantor (o GRES Beija Flor de Nilópolis acompanhou os pagodeiros paulistanos). "Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo/Sentindo a emoção da multidão/E a Beija-Flor sorrindo", diz a letra. O vocalista é Péricles.

OUTRO dado curioso a se observar foi ver a RC9, a orquestra que acompanha Roberto Carlos, tocando com o músico Aristeu Reis. O violonista teve um tipo de stress emocional em Fortaleza (CE), e desapareceu no último dia 11. A banda teve de fazer o show sem a participação de Aristeu, que foi localizado, horas depois, a 40 quilômetros dali, vagando a esmo.

MAIS de 400 mil fãs reunidos e literalmente vestidos de azul e branco (como sugerido pela produção e pelo próprio cantor) na orla de Copacabana para ver o show de Roberto Carlos - estimativa de público feita pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) -, cujo palco montado à frente do hotel Copacabana Palace tem 19 metros de altura e contou com 80 refletores apontados para o palco e o público. Este que deve ter sido o maior público da carreira do cantor brasileiro.