Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, fevereiro 27, 2011

Commoditie em alta

ENTRE 2009 e 2010, as reservas provadas de petróleo aumentaram de 12,8 bilhões para 14,2 bilhões de barris (+10,65%), segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O montante das reservas, sobretudo provadas, é a principal medida de valor das empresas e das economias dos produtores de petróleo, como o da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

ESSE crescimento das reservas brasileiras foi o maior desde 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando o aumento foi de 15,4%. No ano passado, as reservas totais - provadas, prováveis e possíveis, incluindo o gás natural - aumentaram 34,57%, maior alta desde 2000, passando de 21,1 bilhões para 28,4 bilhões de barris ou o equivalente em gás. Para isso, contribuiu a inclusão das reservas dos campos da camada do pré-sal da Bacia de Santos, nas áreas de Tupi e Iracema, no Bloco BM-S-11; dos Campos de Barracuda, Caratinga, Marlim, Marlim Leste e Pampo, na Bacia de Campos; além dos projetos de aumento da recuperação de óleo e gás nos Campos de Albacora Leste, Maromba, Marimbá, Marlim Sul, Marlim Leste e Roncador, na Bacia de Campos, e da concessão de Leste de Urucu, na Bacia do Solimões.

ENTRE as consequências imediatas do aumento das reservas está a de tornar mais fácil a captação dos recursos de que a Companhia Petróleo do Brasil (Petrobrás S/A) necessita para explorar toda a área do pré-sal, que demandará centenas de bilhões de dólares (por ora, as estimativas rondam a casa dos US$ 600 bilhões). Reforça-se, ademais, a posição relativa do Brasil entre os países produtores, pois poucos têm conseguido elevar as reservas em níveis significativos, além de destinar mais óleo bruto para exportar.

A PARTIR da recuperação econômica global, está em curso uma tendência bem definida de alta dos preços da commodity: as cotações, tanto do tipo West Texas Intermediate (WTI) como do tipo Brent, saíram da faixa dos US$ 40 o barril, no início do ano passado, para a casa dos US$ 90, no início deste ano, chegando a até US$ 108 (tipo North Sea Brent), na última Sexta-feira, 25. São preços que permitem remunerar satisfatoriamente os produtores, salvo se afetados por desastres ambientais ou custos imprevisíveis, por exemplo, na exploração da camada do pré-sal.

O CLIMA de tensão no Oriente Médio, ameaçando a liderança de países cujas oposições até há pouco estavam sob controle, como Irã e Líbia (respectivamente, 2.º e 10.º maiores produtores entre os membros da Opep), pressiona as cotações e favorece os produtores menos sujeitos a problemas de estabilidade política, como o Brasil.