Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

quinta-feira, dezembro 02, 2010

“Assuntos intocáveis”?!!!...

A ELETROBRÁS S/A é uma empresa pública de capital aberto negociado em Bolsa de Valores e que se compromete a adotar um alto nível de governança corporativa, baseada em ética, transparência, prestação de contas e responsabilidade empresarial. Mas nem todos os acionistas acreditam nisso. Representante dos minoritários no Conselho de Administração da Eletrobrás S/A, Arlindo Magno afirmou, em entrevista a jornalista Josette Goulart, publicada na edição do Jornal Valor Econômico do último dia 24, que há naquela companhia pública inúmeros "assuntos intocáveis", sobre os quais a diretoria da empresa não presta informação, nem quando indagada formalmente.

ENTRE tais “assuntos intocáveis” está a dificuldade de acesso a informações pormenorizadas sobre as companhias por ela controladas - como as subsidiárias Furnas Centrais Elétricas S/A, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a Companhia Elétrica do Norte Brasileiro (Eletronorte) e a Companhia Elétrica do Sul Brasileiro (Eletrosul). Ou as participações minoritárias que tem em mais de 30 empresas, no montante de R$ 6,8 bilhões. E não há gestão "dessas participações", segundo Magno, funcionário aposentado do Banco do Brasil S/A (BB), que já trabalhou no fundo previdenciário do BB (a Previ) e participa do conselho de várias empresas.

A USINA de Belo Monte, que será controlada pela Eletrobrás S/A, é outro exemplo de falta de informação: "Você sabe qual o valor do investimento? Eu não sei. Sabe a rentabilidade? Eu não sei. O leilão aconteceu na primeira parte do ano e até agora não fomos informados sobre quanto a empresa vai investir e o retorno que teremos”.

A ELETROBRÁS S/A tem, também, obrigações próprias de governo, não só de empresa, cujo papel é obter lucro e remunerar os acionistas. "Gerenciamos os fundos setoriais" - observou Magno -, mas "por que não mandar isso para um gestor financeiro como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)? Gerenciamos (os programas de governo) o Programa Luz para Todos, o Programa Reluz", mas "nada disso é o nosso negócio".

EM carta ao ministro de Estado das Minas e Energia, o conselheiro sugeriu aperfeiçoar as regras de governança e permitir que o Conselho de Administração fiscalize a empresa, mas não obteve resposta. Em tom de desabafo, Magno afirmou que as subsidiárias não obedecem ao comando da Eletrobrás S/A e que há "uma luta interna para ver quem controla a corporação". Propõe ele que os diretores que não cumprirem as metas sejam demitidos, independentemente da filiação partidária.

MAIOR empresa holding do País, a Eletrobrás deve explicações não apenas aos acionistas minoritários brasileiros e estrangeiros, que detêm 21,7% das ações ordinárias e 87,5% das preferenciais, mas também aos contribuintes, pois a União Federal e o BNDES controlam o capital da empresa.