Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, julho 27, 2009

2009 com menos emprego

SÃO PAULO - OS INDICADORES sofríveis do emprego com carteira assinada, registrados em Junho no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), devem ser vistos com certa naturalidade.

UMA recuperação do nível de contratações vem depois, nunca antes da recuperação da economia - e isso vale tanto para o Brasil como para outros países. Nos Estados Unidos da América (EUA), o presidente da República, Barack Obama, admitiu que o desemprego continuará em alta, mesmo que a economia já esteja saindo do fundo do poço.

A GERAÇÃO de 119,4 mil vagas com carteira assinada no Brasil, no mês de Junho, ante 131,5 mil, em Maio, foi o pior resultado em 10 anos. Às vésperas da divulgação desse dado, o vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), como sempre, mal informado previu que 136 mil vagas haviam sido criadas, "para o desespero da Oposição", afirmou em Maceió (AL).

NO PRIMEIRO semestre de 2009 foram registrados 299,5 mil trabalhadores, com saldo positivo em serviços (235,4 mil), agropecuária (128,8 mil), construção civil (78,4 mil) e administração pública (31,1 mil). Mas a indústria de transformação cortou 144,4 mil vagas e o comércio e a extração mineral também demitiram.

NO AUGE da crise, entre Novembro de 2008 e Janeiro de 2009, quase 800 mil vagas formais foram eliminadas e apenas a metade foi reposta entre Fevereiro e Junho. O saldo negativo, desde Novembro, é de 396 mil vagas, sem contar o pessoal que procurou o mercado em 2009 e não encontrou trabalho.

ATÉ Junho deste ano, nos últimos 12 meses, o saldo líquido de trabalhadores registrados foi de apenas 390 mil, destacando-se as atividades mais mal remuneradas (serviços, comércio e construção civil).

O SETOR agropecuário contribuiu com 40% da geração de emprego no primeiro semestre de 2009, mas, em 12 meses, cortou quase 80 mil vagas. Ou seja, o saldo positivo deste ano pode ter sido apenas sazonal.

INCLUSIVE os analistas mais otimistas com a recuperação do mercado neste semestre julgam improvável um saldo positivo de 1 milhão de vagas em 2009, como previu o ministro de Estado do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PTB-SP). Sazonalmente, Novembro e Dezembro são desfavoráveis para contratações.

ENTRE os anos 2004 e 2008, o saldo líquido de vagas formais aumentou entre 1,2 milhão e 1,6 milhão por ano, mais que o dobro dos 645 mil postos de 2003, primeiro ano da era do lulismo. Mas é provável que o saldo de 2009 seja mais próximo do saldo de 2003, o menos favorável dos últimos anos.