Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Em guarda!

Pimentel continua no PT


A convocação do empresário Sérgio Barroso para ocupar Secretaria de Estado Desenvolvimento Econômico em Minas Gerais derrubou as especulações de que o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT-MG) deixaria o Partido dos Trabalhadores (PT) para entrar no governo peessedebista e viabilizar-se como candidato de Aécio Neves (PSDB-MG) na sucessão estadual. Se Pimentel for candidato, será pelo PT.


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Depois do primeiro confronto, não há mais como disfarçar as diferenças entre os governadores tucanos José Serra e Aécio Neves, ambos pré-candidatos a presidente da República, a razão maior da divergência. Como é de seu estilo, mais agressivo, Serra desferiu um golpe sobre Aécio, quando atraiu o tucano Geraldo Alckmin para seu secretariado. Ainda que sem brilho, o gesto empolgou e reacendeu o bairrismo paulista, especialmente o da imprensa. A partir daí, deram a entender que a fatura estava liquidada, que Serra teria dado um golpe de mestre, quando muito teve o mérito de apenas enxergar o óbvio que a todo o tempo ululava diante de seu nariz. Numa versão atualizada daquilo que diriam Magalhães Pinto ou José Maria Alkmim, nada do que se diz hoje é o que veremos amanhã. Tanto é que Aécio não se fez de rogado e, também de seu jeito, ajudou a derrotar as pretensões de Serra no Congresso Nacional, onde dois desafetos do paulista venceram as eleições, um para nada menos do que a Presidência do Senado (José Sarney); o outro, para a liderança do próprio partido, com a reeleição de José Aníbal. Outra resposta do mineiro foi a de manter o perfil de executivo bem-sucedido na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, depois que o paulista empossou um político.




Ao contrário do que se dizia do PMDB, hoje, quem está rachado é o PSDB. Pouco importa para Serra, que não faz política de conciliação ou de aliança; nesse ponto, Aécio sai perdendo. Quem mais ganharia com uma briga interna tucana é a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT à presidência. Serra precisa, e muito, considerar os riscos de um Aécio derrotado por ele, apesar de seu estilo ser esse, de atropelamentos. Por isso, Aécio não pode mais baixar as armas daqui pra frente. Terá que encarar Serra e os paulistas de frente, sem esperar por céu de brigadeiro. Há muito, já passou a fase tribalista do primeiro ano de governo. A paulistização do PSDB, ou o caciquismo tucano, pode levar Aécio a mudar de ideia sobre seu futuro partidário. O mineiro tem dito que é homem de partido, que não pensa em trocar de legenda para disputar a presidência, como teria prometido ao ex-presidente Fernando Henrique, mas tudo tem um limite.





Aécio, de fato, é um dos poucos governadores que pode muito bem deixar o cargo um ano antes das eleições, trocar de partido, que ainda assim continuará tendo grande influência no Governo de Minas, onde ficaria no comando seu vice e fiel escudeiro, Antônio Anastasia. Não é uma hipótese a ser desconsiderada nem descartada. Quem não se lembra do que fez seu avô, Tancredo Neves? Preteridos pelos jardins paulistas, Tancredo e Hélio Garcia migraram para o PP, e não foram sozinhos, para depois retornarem ao PMDB, disputar o governo mineiro e, em seguida, a presidência. Aécio até fica no PSDB, desde que tratado correta e adequadamente por Serra. O que é difícil, quase inviável, ante as pretensões de ambos.





Não se pode esquecer ainda que caiu a polarização política nacional, de PT e PSDB, após a dupla vitória do PMDB no Congresso Nacional. O partido não se cacifou apenas para compor uma das dessas duas chapas, mais do que isso, está credenciado a encabeçar uma terceira via. Os peemedebistas superaram as divergências históricas e viram-se abraçados nas vitórias do Senado e da Câmara dos Deputados. Agora, não ficarão disputando espaço entre aliados. Eles podem perfeitamente disputar o primeiro turno e, se não forem bem-sucedidos, entrar no segundo como fiéis da balança.