Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

terça-feira, março 23, 2010

Política social e mecanização

AO FINAL de 2008 as empresas industriais reduziram violentamente seus investimentos, prevendo uma queda da demanda. Diante de uma demanda maior do que previam, lançaram mão, em 2009, de estoques que estavam elevados. Mas, uma vez que se normalizaram, preferiram aumentar as horas trabalhadas em vez dos investimentos, que somente no 4º trimestre foram retomados - o que parece que se consolidará neste ano.

NO ANO de 2009 a produção de bens de capital caiu 17,4% e a importação, 16,4%, mas em Janeiro deste 2010 houve crescimento de 2,6% das importações de bens de capital, em relação ao mês de Dezembro de 2009, e de 6,7%, relativamente a Janeiro 2009.

ESTUDO de um grupo de economistas do Bradesco S/A revela que o consumo aparente de bens de capital (produção doméstica + importação - exportação), que já havia aumentado 6,5% no 3º trimestre, sobre o trimestre anterior, cresceu 18% no último trimestre (13,6% da produção nacional e 18,3% das importações).

AGORA essa tendência deve se consolidar em 2010 com a maior ativação dos investimentos do governo e uma aceleração do setor da construção civil. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que acusou queda de 9,5% em 2009, poderá crescer 20% neste ano.

TAMBÉM, essa é uma previsão importante em face da preocupação da diretoria do Banco Central do Brasil (BC) com o descasamento entre a demanda interna e o uso da capacidade instalada da indústria, quando avalia se há necessidade de apertar a política monetária.

NOSSA dúvida é se a indústria continuará aumentando suas importações de bens de capital, apesar de uma taxa cambial que se está desvalorizando.

E CONVÊM lembrar que as importações de Janeiro foram encomendadas alguns meses antes, quando a taxa cambial estava valorizada e o preço dos equipamentos caíra cerca de 4% em razão da demanda medíocre nos países produtores.

EXISTEM novos fatores que forçarão um aumento da mecanização nas indústrias. Um deles é a reivindicação para reduzir a semana de trabalho de 44 para 40 horas. Outro, mais importante, é essa nova política social que inclui, entre outras propostas, a distribuição de 5% dos lucros aos empregados, o que certamente estimulará a redução do número de funcionários, notadamente por meio de maior automação do maquinário.