Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, abril 18, 2009

O brother é o cara!

RIO DE JANEIRO - Midiático, o presidente da República dos Estados Unidos da América, Barack Obama, sabe das coisas do marketing como ninguém, por isso mesmo, consciente das suas limitações quando não tem à frente o teleprompter, pra onde vai leva a maquininha dos seus sonhos que o faz um orador de primeira linha, sem gaguejos ou indecisões. Mesmo assim, não lhe tiro o mérito do discurso sincero, na medida em que ele participa de sua realização com todas as palavras. Afinal, usar os recursos que a tecnologia moderna oferece não diminui o talento de ninguém. Que o digam os apresentadores de telejornais do mundo todo.

Aliás, agora ele pode ser considerado como a última cereja do bolo, a última coca-cola do deserto ou coisa parecida. É ele que está tentando arrumar a casa, dando a cara pra bater todo dia. O cara é onipresente. Quando se pensa que ele está no sul, está no norte e vive-versa.

Barack Obama é imprevisível e talvez esteja aí o seu sucesso. Desde candidato já prometia façanhas que hoje como presidente está fazendo tudo pra cumprir. Em campanha conquistou o sisudo povo alemão em praça pública mobilizando uma verdadeira multidão que ouviu suas palavras de esperança e incentivo de como solucionar a crise mundial que, na época, ainda não se sabia de sua extensão.

Em sua visita a Europa, Obama consagrou sua postura de superstar da politica, mobilizando outras tantas multidões, com destaque para Praga, onde milhares ouviram atentos seu discurso de que os tempos mudaram e as relações americanas são agora amistosas e receptivas.

Sua popularidade incontestável, é claro, acaba polarizando opiniões e alimentando calorosas discussões entre adversários políticos. De um lado, democratas que já o acusaram de inexperiente e até de falastrão. De outro, radicais da direita, como o comunicador Rush Limbaugh que não se envergonha de dizer que torce pelo fracasso de Barack Obama.

Seja como for, a postura corajosa e ousada do presidente da nação mais poderosa do planeta tem calado muitos de seus críticos. Barack Obama pode ser pop, midiático ou sonhador, mas a verdade é que ele está cumprinco o que prometeu. Mudanças. Acho mesmo que se não as faz com mais profundidade é porque isso iria mexer com estruturas antigas e delicadas que têm de ser removidas aos poucos. Seu slogan “sim, nós podemos”, vem norteando os dias amargos do cidadão norte-americano que, apesar da crise, mantém a confiança no homem, que chegou no momento em que não havia mais em quem acreditar.

Não tenho dúvida de que o famoso “american dream”, se é que algum dia ele existiu mesmo, acabou. Agora a realidade está mais para o cinema catástrofe de Hollywood do que para os filmes onde os atores fumavam sem parar e conversavam frivolidades mostrando que tudo eram flores no "american way of life".

O momento é de pisar firme no chão de uma terra que passou a ser prometida, na medida em que os empregos foram pulverizados na onda da recessão, o poder de compra e o crédito dos consumidores foram para o espaço, as casas, carros, barcos e até animais de estimação abandonados pelo meio do caminho demonstram que por ali passou um verdadeiro tsunami econômico que empobreceu e maltratou a maioria da população.

Irônico, não? Um império que até poucos anos desprezava, discriminava e alienava os negros está agora nas mãos de um homem de pele escura que desafia os incrédulos quando chega de surpresa ao Iraque para saber em que pé está uma guerra que ele não inventou, quando mobiliza multidões no país dos outros e encanta a todos com seu jeito simples de cidadão comum, quando discute com imigrantes estrangeiros suas limitações e direitos, quando dialoga com líderes de países divergentes com tranquilidade mas com jeito de quem sabe o que quer.

Só falta agora ele apertar a mão de Fidel Castro. E esse dia parece que não está distante, o que está deixando inconformada boa parte da comunidade cubana de Miami. O desembarque de Barack Obama nos domínios del "comandante", se vier acontecer, será um dos mais importantes e emocionantes da história recente da Humanidade. Os dois vão travar uma guerra, sim. Mas de carisma e de prestígio mundial.