Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, fevereiro 14, 2009

Forrest Gump: o retorno!

O deputado norte-americano Brian Baird, democrata eleito pelo Estado de Washington, foi muito claro, durante entrevista à Imprensa brasileira, no Forum Econômico Mundial em Davos: o mundo vai ter de “engolir” as emendas “Buy American”. O Congresso dos EUA só aprovou o pacote de US$ 789 bilhões (versão final) do presidente Barack Obama se fossem incluídas medidas protecionistas, que proíbem a aquisição de ferro e aço estrangeiros para os projetos de infraestrutura contidos no plano. Para o deputado, o povo norte-americano e o Congresso não aprovariam o pacote sem as cláusulas “Buy American”. Segundo ele, não há como convencer os norte-americanos a aumentar a dívida nacional, e a gastar o dinheiro do contribuinte, para criar empregos no exterior.


Obama e os congressistas acabam de aprovar medidas que vão contra tudo o que os EUA defenderam nas últimas décadas. O neoliberalismo sustentava que o mercado é soberano, capaz de equilibrar tudo. Não é mais. Agora, o Governo Obama revela que até Adam Smith, o ícone da defesa do livre comércio, teria acreditado que há áreas essenciais para a segurança doméstica que precisam de algum tipo de proteção.



“Buy American” define que os US$ 789 bilhões só devem ser gastos na compra de produtos fabricados, de preferência, lá nos EUA. Foi o suficiente para acender o alerta vermelho na União Européia, Índia, na China, no Japão e até no Brasil, que ficou de fora. O Senado norte-americano não incluiu o Brasil na lista de países que, além dos EUA, poderão fornecer ferro, aço e produtos manufaturados para os projetos do pacote anticrise.




Os EUA repetem os erros do passado. Após a recessão de 1929, com a quebra da bolsa, eles também tomaram medidas protecionistas. O resultado foi a grande depressão dos anos 30, que criou o ambiente propício para a ascensão de Hitler.Em 1933, Hitler foi nomeado chanceler pelo presidente alemão Hindenburg. Em 2 de agosto de 1934, três horas após a morte de Hindenburg, Hitler era empossado Chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas.




Aqui no Brasil, o chanceler Celso Amorim alertou para o fato de que se o povo norte-americano comprar apenas produtos feitos nos Estados Unidos, isso vai terminar se voltando contra aquela nação: “Sabemos que os olhos de cada governante estão postos no seu próprio país. É até natural que assim seja. Mas é muito importante alertar que, na busca das soluções dos seus problemas, esses países não acabem criando problemas que se voltem contra eles próprios. Não adianta dizer ‘comprem americans’ (referência ao Buy Americans, aprovado pelo Legislativo norte-americano) se ninguém mais comprar”. Perguntado se o Brasil vai responder na mesma moeda, Amorim foi diplomático: o Governo brasileiro vai considerar cada situação. “Acho que nossa preocupação maior é evitar que o protecionismo se alastre. Temos certeza de que alastrar o protecionismo é um veneno que agrava ainda mais a situação”. Lula parece que não vai retaliar e manter as importações, sem restrições.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, já deu o grito.




Disse que o Brasil não deve levantar a bandeira do protecionismo, mas não pode ficar parado: “Temos que defender nossos interesses, nossos empregos.” Skaf reclamou ainda que a vizinha Argentina voltou a impor restrições às importações de vários produtos brasileiros.