Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, agosto 30, 2009

Drama incomum

BARRETOS (SP) - LOGO após a morte do filho (aos 2 anos de idade) em um acidente, um casal retira-se para a casa de campo para se recuperar do trauma. Olha quem conhece o tamanho o trabalho egocêntrico de Lars von Trier, seu filme “Anticristo” (Antichrist) soa algo renovado no currículo do diretor dinamarquês. Exceto pelos créditos iniciais, compostos apenas pelo nome do filme e o nome do cineasta, ele se comporta.

EM “Anticristo” Trier deixa que o enredo flua livremente com posicionamentos de câmera interessantes.

ENTRETANTO, o maior mérito de Trier em “Anticristo” está na forma como ele consegue convidar seu espectador de forma gradativa a adentrar na loucura na trama. Conforme avança a narrativa, vamos nos aprofundando na psique dos personagens até chegarmos à nebulosa e torturante (no bom sentido) seqüência final.

PARA se ter uma noção da diferença gritante entre o começo e o final de “Anticristo”, basta comparar as sensações que esses momentos opostos geram. A primeira cena é altamente plástica, com uma bela direção de fotografia assinada por Anthony Dod Mantle (O Último Rei da Escócia), em câmera lenta e com uma tocante trilha de fundo – uma daquelas passagens únicas em experiência cinematográfica. Por outro lado, ao final da exibição muitos estômagos estarão doendo e muitos corações ficarão inquietos. A tensão permanecerá na mente do espectador mesmo depois de sair do cinema.

AFINAL, em um filme com um elenco composto praticamente por apenas dois atores, o trabalho desses profissionais é uma peça-chave para o valor geral da obra. Será suficiente dizer sobre o assunto que a atriz Charlotte Gainsbourg (A Noiva Perfeita) foi premiada em Cannes e que ator Willem Dafoe (Um Segredo entre Nós) não fica para trás.

EU DIRIA que está ai um filme realmente imperdível para quem gosta de Cinema.