Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, maio 18, 2009

Vamos acasalar?

RIO DE JANEIRO - OBSERVE o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=6-3X5hIFXYU (narrado em inglês). Ele reúne projeções feitas e publicadas anteriormente e apresenta um embasamento supostamente científico para anunciar suas conclusões. Só no final esclarece sua origem, o que torna a coisa meio suspeita. Mas o debate é pertinente, e para tornar tudo mais claro, prefiro fazer tudo na ordem inversa. Assim, evito que o debate, incitado por meio destas notas, acabe acusado de estar envenenado por “forças ocultas.”

TAL VÍDEO foi produzido pelos seguidores do Evangelho e chama atenção para a explosão demográfica da população muçulmana em todo o mundo. De acordo com as pesquisas, diz o vídeo, para que uma cultura se mantenha por mais de vinte e cinco anos é necessário que a taxa de fertilidade mantenha um nível mínimo de 2,11 crianças por família. Com qualquer taxa menor, vaticina o vídeo, uma determinada cultura irá entrar em declínio. Historicamente, segue a peça, cultura nenhuma conseguiu reverter uma taxa de fertilidade de 1,9. Uma taxa de fertilidade de 1,3, então, foi impossível de ser revertida e a cultura acabou absorvida por outras. Segundo o vídeo, numa situação dessas é preciso de 80 a 100 anos para que a taxa se corrija, e não existe modelo econômico estável o suficiente para garantir isso durante todo esse tempo.

EXEMPLIFICANDO, o vídeo mostra que se dois casais (quatro pessoas) têm apenas um descendente cada um (duas pessoas), isso significa a metade de pessoas dos pais, e se esse novo casal tem apenas um filho, esse número (1) é apenas um quarto do número de avós. Para reforçar a idéia, o vídeo questiona se poderemos ter dois milhões de pessoas fazendo parte da força de trabalho em 2026 se apenas um milhão de crianças nasceram em 2006. “Com o encolhimento da população, há o encolhimento da cultura”, diz o vídeo.

BASEADO nessas suposições, o vídeo anuncia as taxas de fertilidade em 2007: França, 1,8; Inglaterra, 1,6; Grécia e Alemanha, 1,3; Itália, 1,2 e Espanha, 1,1. Em toda a Comunidade Européa de 31 nações, a taxa alcança apenas a média de 1,38. Com base nas pesquisas, o vídeo conclui que a Europa, como a conhecemos, vai deixar de existir dentro de mais alguns anos.

APESAR disso, a população da Europa não está diminuindo. “Por quê?”, pergunta o vídeo. A imigração islâmica é a resposta. Desde 1990, 90% dos níveis populacionais europeus são mantidos pela imigração islâmica. Para ficarmos apenas na França: um casal francês tem 1,8 crianças; um casal islâmico na França tem 8,1 crianças. No sul da França, já há mais mesquitas do que igrejas, diz o vídeo, que arremata: o Vaticano já reconheceu que há mais muçulmanos que católicos em todo o mundo.

ALGUNS paises – inclusive os Estados Unidos da América (EUA), cuja população islâmica aumentou de 100 mil em 1970 para 9 milhões em 2008 e cuja taxa de fertilidade se mantém no mínimo de 2,11 apenas por causa da imigração hispânica – são descritos no vídeo como parte dessa espiral descendente que vincula taxa de fertilidade, declínio cultural e ameaça do domínio muçulmano. O governo belga anunciou que um terço das crianças européias nascerão de famílias muçulmanas até 2025 (daqui a dezesseis anos). O governo alemão jogou a toalha: “a queda na população (alemã) não pode ser mais revertida. [A Alemanha] será um estado muçulmano por volta de 2050.”

TAL VÍDEO denuncia a “tentativa islâmica de evangelização dos EUA”, planejada a partir de uma reunião da Conferência de Estratégia Islâmica ocorrida há quatro anos em Chicago e que contou com a participação de mais de vinte organizações sediadas nos EUA. Diversas áreas – jornalismo, política, educação e outras – “precisam ser preparadas para a realidade de que dentro de trinta anos, haverá 50 milhões de muçulmanos vivendo nos EUA.”

PORÉM o confeite do bolo fica por conta do líbio Muamar Khadafi: “Há sinais de que Alá concederá a vitória ao Islã na Europa sem espadas, sem armas, sem conquistas. Não precisamos de terroristas, nem de explosões de bombas homicidas. Os mais de 50 milhões de muçulmanos farão com que a Europa se transforme num continente muçulmano dentro de poucas décadas”.

E ENTÃO, o que você acha de tudo isso? O Ocidente deve ou pode ficar premido entre a cruz e a treva desse jeito? A saída é fazer a festa do acasalamento agora e lidar com um mundo superpovoado mais adiante?