Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

quinta-feira, julho 21, 2011

Controle do capital externo

O FUNDO Monetário Internacional (FMI), que há pouco tempo era totalmente contrário ao controle da entrada de capitais estrangeiros, mudou de posição, e chega a divulgar um estudo (expressando, embora, na introdução, que não representa necessariamente a opinião da instituição) com uma série de sugestões para conter o excesso desses ingressos.

O GOVERNO do Brasil, que anuncia há tempos medidas nesse sentido, deveria ter todo o interesse em avaliar as sugestões feitas para o nosso caso, tratando-se de problema urgente em vista das desastrosas consequências que a valorização da moeda nacional em relação ao dólar tem sobre nossa atividade econômica.

OS AUTORES do estudo do FMI põem o dedo na verdadeira ferida brasileira, que é, nada mais, nada menos, a grande diferença entre a remuneração dos ativos financeiros nos países ricos e a que estamos oferecendo sob o pretexto de combater a inflação. Não se trata tanto de atuar no mercado à vista (spot) como fizemos até agora, mas muito mais no mercado futuro e nas operações de derivados.

TODO o problema decorre das operações de arbitragem entre as taxas de juros nos mercados futuros, em que são realizadas operações de carry trade financiadas com empréstimos a juros muito baixos que vigoram nos países ricos.

O ESTUDO mostra que a regulamentação que limita a, no máximo, 30% do capital a posição líquida em câmbio dos bancos (spot e derivativos) é ineficaz, uma vez que a posição vendida dos bancos anula essa regulamentação.

COM o carry trade os bancos domésticos conseguem aumentar sua posição spot no mercado cambial, o que serve de hedge (proteção) da sua posição no mercado futuro. Poder-se-ia, também, taxar os bancos pela posição que detivessem no mercado de derivativos, desestimulando-os de comprar dólares a qualquer preço no mercado futuro, cuja cotação influi no mercado à vista.

UMA desvalorização do real poderia dar importante contribuição ao controle da inflação, pois permitiria reduzir a taxa de juros, que tem sua fonte no excesso de crédito. Poder-se-ia pensar ainda em preparar o terreno para que o Brasil se torne ativo nos empréstimos ao exterior.

O BRASIL é um dos países mais caros do mundo, muito em razão da sua taxa cambial, mas essa valorização do real ameaça o futuro da sua indústria. Portanto, o governo não deveria temer adotar medidas drásticas para corrigir a situação, mesmo tendo como consequência a redução dos lucros dos bancos