Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

terça-feira, setembro 04, 2012

O instrumental do ofício de todo jornalista

ESSA Proposta de Emenda à Constituição Federal do Brasil (PEC), recentemente aprovada no Senado Federal, a fim de restabelecer a exigência do diploma de Graduação superior, concedido por faculdade de Comunicação, para o exercício da profissão de jornalista, é parte de uma polêmica que se arrasta desde 2001.



É FATO que naquele ano, o Ministério Público investiu contra a obrigatoriedade, instituída por decreto-lei, em 1969, pela Ditadura Militar (1964-85), com o argumento de que a regra contrariava o direito constitucional à liberdade de expressão.



TRANCORREU uma guerra de liminares até que, oito anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu o argumento, e a exigência de um diploma específico para o trabalho em meios de comunicação foi extinta.



SINDICATOS de trabalhadores do setor resolveram explorar o caminho da PEC, uma rota tortuosa, por se contrapor a uma decisão da mais alta Corte do país, tomada, claro, com base na própria Constituição Federal do Brasil (CFB).



NÃO existe um só registro de que o Congresso Nacional discuta com profundidade o mérito desta PEC. Se debatesse, tomaria conhecimento de que, durante todo o longo tempo em que o diploma esteve suspenso, devido a liminares, não ocorreu qualquer alteração substancial no perfil de contratações pelas empresas jornalísticas.



ESTUDANTES graduandos de Comunicação Social - com Habilitação em Jornalismo -, são, e continuarão a ser, os preferidos nos estágios para formandos nas redações.



O CURSO de Graduação em Comunicação Social lhes capacita no manejo de ferramentas básicas da profissão, em qualquer meio — texto, imagem e som —, algo valorizado pelos empregadores.



E O fim do cartório do diploma de Jornalista não conspira contra o Curso de Graduação Superior. Ao contrário, pois, acabado o monopólio das Faculdades de Comunicação Social, os estabelecimentos do ramo, para continuarem a ser procurados por aspirantes a uma carreira no Jornalismo, precisarão melhorar a qualidade destes cursos. Ganham todos: as boas Faculdades, os alunos e as redações dos Jornais, Revistas, Rádios, Agências de Notícias e Reportagens, e TVs.



O STF acertou ao acolher as razões para o fechamento do cartório do diploma com base no direito à liberdade de expressão. O STF entendeu que, por não existir necessidade de qualquer conhecimento específico técnico, científico para o exercício da profissão, aquele Decreto-Lei da Ditadura Militar limitava esta liberdade.



DE FATO, e o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, ao votar pelo fim da obrigatoriedade do diploma, estabeleceu uma relação entre o Decreto-Lei de 1969 e a preocupação dos generais militares em controlar a Imprensa.



PORÉM, fora aspectos políticos, a própria vertiginosa modernização tecnológica no universo da Comunicação Social força as redações jornalísticas a recrutar profissionais de múltiplas áreas do conhecimento.



SE O Jornalismo, por tratar de todo tipo de assunto, sempre necessitou de múltiplas formações acadêmicas, agora, com a diversificação de meios de rápida difusão de informações, esta necessidade foi ampliada. Mas não em prejuízo daqueles que se formam no aprendizado básico do instrumental do ofício.