Diplomacia de ressentidos
ESTE governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) chega ao fim do seu segundo mandato sem haver concluído um só acordo de livre comércio com um grande parceiro internacional. O governo tem procurado apropriar-se do sucesso comercial do Brasil nos últimos oito anos, mas esse é apenas mais um caso de apropriação indébita. A expansão do comércio exterior nesse período resultou principalmente da combinação de três fatores estranhos à diplomacia do petismo. O primeiro foi o empenho do empresariado brasileiro em aumentar sua participação no mercado internacional. Esse esforço, iniciado no começo dos anos 1990, com a abertura econômica do País, ganhou impulso depois da reforma cambial de 1999. O segundo foi a expansão do comércio global, favorecida por novos esquemas de produção e por uma longa fase de prosperidade. O terceiro foi a intensa demanda de matérias-primas, alimentada pelo crescimento econômico da China e de outros países emergentes.
E QUANTO à diversificação de parceiros, foi a continuação de uma velha tendência: há muito tempo o Brasil é classificado como um exportador global, ao contrário do México, muito vinculado a um grande comprador. O número de mercados para produtos brasileiros aumentou, mas nos anos 80 as vendas já eram destinadas a compradores de todos os continentes.
O COMPLEXO “terceiro-mundista” do ministério das Relações Exteriores em nada contribuiu para favorecer o Brasil no mercado mundial. Ao contrário: atrapalhou, e muito, assim como a voracidade fiscal e a incompetência do governo em investir na infraestrutura.
NISSO um balanço publicado essa semana pelo Jornal O GLOBO mostra as limitações dos pactos comerciais concluídos pelo governo federal a partir de 2003 e já postos em vigor. O acordo de livre comércio com Israel é positivo, naturalmente, mas pouco afeta as contas externas do País. O mercado israelense absorveu em 2009 apenas 0,18% das exportações brasileiras. As preferências negociadas com a Índia valem para 450 produtos e só favorecem 0,2% das vendas do Brasil. As preferências acertadas com a União Aduaneira da África Austral ainda não foram aprovadas pelo Congresso Nacional brasileiro.
OUTRAS negociações foram iniciadas com nações de economias em desenvolvimento e todas têm alguma importância, mas nenhum acordo de grande alcance foi concluído com os mercados mais importantes. Enquanto isso, concorrentes do Brasil firmaram acordos com a União Europeia (UE) e com os Estados Unidos da América (EUA) ou simplesmente ocuparam espaços - como a China -, graças ao seu poder excepcional de competição.
OS GRANDES exportadores chineses tomaram mercados de brasileiros não só no mundo desenvolvido, mas também na América Latina (AL), onde os acordos comerciais e os equívocos diplomáticos deixam em desvantagem os exportadores nacionais. Nos acordos do Mercosul com parceiros sul-americanos, a abertura de mercados para o Brasil só se completará em 2014, 2018 ou 2019. Ao mesmo tempo, a ilusão de liderança regional estimula o governo a aceitar o protecionismo contra os produtores brasileiros.
AS PRIORIDADES oficiais não são diferentes dos objetivos dos empresários, disse o coordenador do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, embaixador Evandro Didonet, citado na reportagem publicada em O GLOBO. "O Brasil sempre demonstrou interesse em negociar com Europa ou Estados Unidos", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior, Welber Barral (PT-SP). Os fatos desmentem. As negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foram enterradas por iniciativa do governo do Brasil. Os negociadores norte-americanos só criaram obstáculos quando os brasileiros, secundados pelos negociadores argentinos, já haviam feito grandes esforços para impedir qualquer acordo. O vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), vangloriou-se diante de sindicalistas de haver "tirado a Alca da pauta".
ESSA certamente foi uma das muitas tolices cometidas por um chefe de Governo, e de Estado, despreparado para o assunto e aconselhado por assessores incompetentes. Nas negociações com a UE, iniciadas há mais de dez anos, o governo brasileiro cedeu ao protecionismo dos sócios argentinos. Na Rodada Doha, foi abandonado pelos "parceiros estratégicos", como Índia e China. Que mais seria preciso para demonstrar o fracasso da diplomacia comercial lullopetista?
E QUANTO à diversificação de parceiros, foi a continuação de uma velha tendência: há muito tempo o Brasil é classificado como um exportador global, ao contrário do México, muito vinculado a um grande comprador. O número de mercados para produtos brasileiros aumentou, mas nos anos 80 as vendas já eram destinadas a compradores de todos os continentes.
O COMPLEXO “terceiro-mundista” do ministério das Relações Exteriores em nada contribuiu para favorecer o Brasil no mercado mundial. Ao contrário: atrapalhou, e muito, assim como a voracidade fiscal e a incompetência do governo em investir na infraestrutura.
NISSO um balanço publicado essa semana pelo Jornal O GLOBO mostra as limitações dos pactos comerciais concluídos pelo governo federal a partir de 2003 e já postos em vigor. O acordo de livre comércio com Israel é positivo, naturalmente, mas pouco afeta as contas externas do País. O mercado israelense absorveu em 2009 apenas 0,18% das exportações brasileiras. As preferências negociadas com a Índia valem para 450 produtos e só favorecem 0,2% das vendas do Brasil. As preferências acertadas com a União Aduaneira da África Austral ainda não foram aprovadas pelo Congresso Nacional brasileiro.
OUTRAS negociações foram iniciadas com nações de economias em desenvolvimento e todas têm alguma importância, mas nenhum acordo de grande alcance foi concluído com os mercados mais importantes. Enquanto isso, concorrentes do Brasil firmaram acordos com a União Europeia (UE) e com os Estados Unidos da América (EUA) ou simplesmente ocuparam espaços - como a China -, graças ao seu poder excepcional de competição.
OS GRANDES exportadores chineses tomaram mercados de brasileiros não só no mundo desenvolvido, mas também na América Latina (AL), onde os acordos comerciais e os equívocos diplomáticos deixam em desvantagem os exportadores nacionais. Nos acordos do Mercosul com parceiros sul-americanos, a abertura de mercados para o Brasil só se completará em 2014, 2018 ou 2019. Ao mesmo tempo, a ilusão de liderança regional estimula o governo a aceitar o protecionismo contra os produtores brasileiros.
AS PRIORIDADES oficiais não são diferentes dos objetivos dos empresários, disse o coordenador do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, embaixador Evandro Didonet, citado na reportagem publicada em O GLOBO. "O Brasil sempre demonstrou interesse em negociar com Europa ou Estados Unidos", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior, Welber Barral (PT-SP). Os fatos desmentem. As negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foram enterradas por iniciativa do governo do Brasil. Os negociadores norte-americanos só criaram obstáculos quando os brasileiros, secundados pelos negociadores argentinos, já haviam feito grandes esforços para impedir qualquer acordo. O vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), vangloriou-se diante de sindicalistas de haver "tirado a Alca da pauta".
ESSA certamente foi uma das muitas tolices cometidas por um chefe de Governo, e de Estado, despreparado para o assunto e aconselhado por assessores incompetentes. Nas negociações com a UE, iniciadas há mais de dez anos, o governo brasileiro cedeu ao protecionismo dos sócios argentinos. Na Rodada Doha, foi abandonado pelos "parceiros estratégicos", como Índia e China. Que mais seria preciso para demonstrar o fracasso da diplomacia comercial lullopetista?
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