Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

domingo, março 15, 2009

Cadê a proposta?!...

Qual seria, então, uma proposta de Brasil para o período que vai começar em 2011, o pós-Lula? Até o momento, não apareceu nenhuma, seja do lado do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ou mesmo do Partido dos Trabalhadores (PT), seja da ministra-candidata Dilma Rousseff (PT-RS), de Ciro Gomes (PSB-CE) ou até da sempre combativa Heloísa Helena (PSOL-AL). Os pré-candidatos ainda não disseram a que vieram.

Pode ser apenas uma nuvem de fumaça para desviar as atenções e manter o PSDB no noticiário, sem, contudo, definir uma tendência em favor do governador de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG), ou do governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), mas está estranho, muito estranho, o fogo amigo peessedebista estampado na Imprensa. Em especial, as declarações do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): “Qual alternativa para as prévia, convenção? Convenção é democrática. Todos os partidos do mundo fazem convenção. Resolve, mas adia a decisão. Tem lei no Brasil e hoje a lei é convenção só no ano que vem. Tem que seguir a lei. O resto é só conversa para passar o tempo”.


Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) esteve pela última vez em Belo Horizonte, tendo, inclusive, pernoitado no Palácio das Mangabeiras (residência oficial do governador mineiro), a conversa, em público, era outra. Era em favor das prévias internas que seriam promovidas pelo PSDB. Do mesmo modo, outras lideranças do partido que passaram pelo Palácio das Mangabeiras deram declarações em favor das prévias, aqui em Minas, mas aparentemente contra, quando entrevistados pela Imprensa em outros estados.
Outros exemplos vêm do próprio presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PSDB-CE), e do líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, o deputado José Aníbal (PSDB-SP), que foi reconduzido ao cargo com o apoio das lideranças ligadas ao governador Aécio Neves. Graças à articulação do governador de Minas, Aníbal derrotou, no voto, o grupo ligado ao governador José Serra, cujo candidato era o ex-ministro de Estado da Educação (1995-2002), deputado Paulo Renato (PSDB-SP), que, aliás, foi chorar as mágoas junto ao ex-chefe, em São Paulo.


Após conversar com Aécio em Belo Horizonte, Aníbal descartou, em São Paulo, durante evento do PSDB para lembrar os oito anos da morte do ex-governador de São Paulo Mário Covas (1995-2001), a necessidade da realização de prévias. “Eu acho que nós vamos chegar a uma convergência da candidatura. Acho não, eu tenho certeza, muito provavelmente sem necessidade de prévias”.

E disse mais. Acrescentou que Aécio reconheceria o favoritismo de Serra na sucessão presidencial. “O governador de Minas quer se colocar, mas de qualquer maneira ele reconhece que é uma situação que favorece fortemente o nosso governador de São Paulo”. Mais não precisava dizer, a não ser o que as pesquisas vêm demonstrando, que Serra teria hoje mais de 40% das intenções de voto.
Que Serra é hoje o favorito na corrida sucessória do ano que vem, não resta dúvida.


As pesquisas registram o momento. O governador do Estado de São Paulo está calado e parece que assim vai permanecer. Sequer respondeu ao convite, feito por Aécio, para viajarem juntos pelo Nordeste. Não interessa a Serra falar nada. Quem está na frente, fica na muda. É sempre assim e não será agora que a política vai mudar.

E quem está atrás no ranking da preferência do eleitorado brasileiro, como o governador mineiro, tem de correr atrás. Um dos poucos argumentos de Aécio em favor das prévias, que ele tem repetido nas entrevistas e nos bastidores, é que “não se constrói um projeto para o país de alguns gabinetes ou da avenida Paulista”.


De qualquer maneira, ainda não se sabe quais são as propostas do PSDB para a sucessão do vosso carismático presidente Luiz Inácio da Silva (PT-SP). Elas têm que convencer. Não se sabe também qual seria o projeto do qual o governador mineiro tanto fala. Seria o choque de gestão aplicado no Estado? Seria o aperfeiçoamento das políticas sociais compensatórias? A proposta tem de ser clara e, o que é realmente importante, para ser entendida pelo eleitorado.


É difícil ganhar uma eleição apenas com o choque de gestão. Seria esta a diferença de uma administração tucana para a aminsitração do petismo? Será que a gestão do PT teria sido tão desastrada assim que precisaria de um choque? O Governo petista pode ter muitos defeitos, mas as mesmas pesquisas que apontam o favoritismo de Serra demonstram, mês a mês, que a administração do vosso presidente Luiz Inácio da Silva (2003-10) tem a aprovação recorde da maioria dos entrevistados.