Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

quinta-feira, março 12, 2009

De arautos, retóricas ou marolas

Esta queda de 3,6 % do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2008, anunciada ainda a pouco pela equipe técnica do Governo foi uma paulada e revelou certa torcida pelo desastre econômico que poderia abalar a popularidade do vosso presidente da República Luiz Inácio da Silva (2003-10) e interferir no processo sucessório do próximo ano. Analistas de economia ouvidos pela nossa reportagem apresentam cenários sombrios, com um mal disfarçado tom de eu não disse sobre as conseqüências da crise financeira internacional.


O vosso presidente da República está pagando pela boca por ter entoado País afora a retórica de que a crise no Brasil seria uma marolinha. O resultado do último trimestre de 2008 provou que o impacto não será tão fraco assim, mas também não aparenta ser a tsunami que alguns apregoam, ouvindo os analistas de mercado e a Oposição em seu papel de jogar mais lenha na fogueira das vaidades.


Apesar da frase infeliz de Luiz Inácio da Silva (PT-SP), o Governo não ignorou a crise e tomou providências para enfrentá-la. Em primeiro lugar é bom destacar que apesar do péssimo resultado do último trimestre, o PIB de 2008 fechou em 5,1%, o terceiro melhor da administração do petismo, com conseqüências positivas para o emprego e para economia como um todo.


Esta crise interrompeu o que seria um crescimento espetacular, possivelmente na casa dos 7% ou 9%, e aos seus primeiros sinais o governo atacou a escassez do crédito, irrigando a economia com financiamentos dos bancos públicos. Também foram tomadas medidas relativas a setores mais fortemente atingidos pela crise, como o automotivo, alvo de socorro em todo o mundo.


Tais medidas deram resultado e a economia já deu sinais de melhora nos primeiros meses de 2009. O primeiro trimestre ainda sofrerá a conseqüência inercial do mau resultado do período anterior, mas parece cedo para se falar em recessão. Todos os organismos econômicos internacionais dizem que a economia do Brasil não sofrerá o impacto da crise como nos Estados Unidos da América (EUA), no Japão e na Europa, e terá seu crescimento reduzido, naturalmente, diante das circunstâncias externas.


O Governo assimilou o golpe e já anuncia mais medidas, como um corte maior no Orçamento deste ano. Deve tomar cuidado, no entanto, com a eterna cantilena contrária a aumentos nos gastos públicos, como se fossem sempre ruins e não necessários para um melhor funcionamento do Estado e de seus programas sociais e de infra-estrutura.


Para a Oposição e seus aliados, esta crise financeira veio em boa hora e é melhor que qualquer cantilena de estado policial eternamente alimentada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. A economia em queda afeta o bolso do cidadão e tem capacidade de influir diretamente no seu voto. Pelo tom expresso na cobertura da Imprensa com relação ao esse princípio de colapso do PIB, não faltarão arautos para amplificá-la.