Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sábado, março 14, 2009

Aberta a temporada

O lançamento de Costa, prestigiado pelos caciques do PMDB, abre oficialmente a temporada de caça à cadeira do Palácio da Liberdade. Uma corrida cheia de incertezas e que não permite confiar, agora, em qualquer prognóstico.

Antonio Augusto Anastásia (PSDB-MG) é o nome mais vistoso e comentado. Mas não é a única opção de candidatura do governador Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG) para sua sucessão no Governo do Estado de Minas Gerais. O governador trabalha com dois cenários.

No cenário ideal, concorrendo ao Presidência da República em 2010, a tendência de Aécio será reservar Anastasia, seu braço direito, para um eventual Governo. E trabalhar em Minas uma candidatura de composição, que agregue apoios à campanha presidencial. Neste cenário, o candidato oficial seria Alberto Pinto Coelho (PP-MG), o presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALEMG), com vice de outro partido aliado.

O ministro de Estado das Comunicações, Hélio Costa(PMDB-MG), lançou-se como pré-candidato à sucessão de Aécio Neves.

Não havendo outros candidatos na mesma condição, Costa poderá trabalhar o eleitorado, chegar aos municípios e ainda encontrar água limpa.

O Partido dos Trabalhadores (PT) dos ex-prefeitos da Capital, Fernando Damata Pimentel (PT-MG) e Patrus Ananias (PT-MG) depende ainda de um acerto que, provavelmente, se dará bem mais adiante. Em caso de consenso, até Março de 2010, em caso de prévias, poderá se resolver em Maio daquele mesmo ano.

O governador deverá apresentar o vice-governador Antonio Augusto Anastasia, em volta do qual Aécio Neves vem construindo, sem alardes, uma aliança. Entretanto, muito dependerá da posição dele em 2010. Se for candidato a presidente ou a vice-presidente, terá munições dobradas para fazer de seu vice o seu sucessor, se optar por uma candidatura ao senado, seu apoio será menos valioso, apesar de considerável.

É muito improvável que Aécio opte por permanecer no cargo de governador até o final de seu mandato, fortalecendo, de caneta na mão, o processo do sucessor. Abdicaria assim de um cargo eletivo de 2011 até 2014. Anastasia, porém, terá a caneta com ele mesmo e estará pleiteando, nesse caso, a permanência no cargo. O que não deixa de ser uma situação altamente privilegiada.

No quadro mineiro, existe sempre a possibilidade de surgir uma "outra" candidatura, facilitada pela crise econômica que conspira a favor de um cenário de imprevisibilidades e novidades. Poderá algum pregador de uma renovação político-administrativa cair no agrado de uma população saturada pelos atuais ocupantes do poder. Afinal, Barack Obama ensina isso e confirma ter algo em gestação.

Em outro cenário, em que Aécio partiria para a disputa de uma cadeira no Senado Federal, a candidatura de Anastasia se impõe como estratégica por uma razão ainda não explicitada na mídia. Como substituirá o governador a partir de abril, Anastasia estaria disputando em 2010 uma reeleição. O atual vice-governador é o único dos potenciais pré-candidatos ao governo mineiro que não poderia, legalmente, tentar um novo mandato em 2014. Assim, deixaria as portas do Palácio da Liberdade escancaradas para o retorno de Aécio Neves.

Para o candidato do PMDB, é dado prever que, valendo-se de uma maior penetração e notoriedade no interior, adquirida em campanhas que, por pouco, não se concluíram com sucesso em 1990 e 1994, tente se acertar com o PT, oferecendo a vice a Pimentel e uma vaga para o Senado Federal a Patrus Ananias ou vice-versa.