Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

quinta-feira, março 05, 2009

O crime e o gueto

Um dos exemplos mais gritante das diferenças sociais nas regiões mais abastardas das metrópoles brasileiras como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília (DF), os pontos de lazer para a população das redondezas – como parques públicos, a orla da praia ou de uma lagoa – como a nossa na Pampulha -, cede lugar à violência, aos pequenos assaltos, principalmente, dos quais são vítimas os frequentadores .



Estas áreas, na verdade, de há muito retratam a separação entre pobres e ricos, entre os moradores dos morros, vilas e favelas, e os de classe média e alta que habitam nos elegantes edifícios ou nas mansões dos bairros vizinhos.



Nossa reportagem esteve em alguns desses locais e constatou que muitos frequentadores já presenciaram ataques de grupos que saem das favelas e vilas para aterrorizar pessoas, em verdadeiros arrastões nos pontos de ônibus. Ora, pois as agressões acontecem a poucos metros da Polícia Militar e, conforme os moradores, geralmente no horário de mudança de turno dos policiais.



O problema é que os assaltantes circulam pelas regiões com tal desnevoltura que, logo depois dos ataques, voltam ao mesmo local em busca de novas vítimas. A situação beira o insustentável, afastando a comunidade das poucas áreas das metrópoles destinada às saudáveis caminhadas.




O que assusta mais é que os bandos de assaltantes agem sem a menor preocupação de serem reconhecidos pelos vizinhos ou de serem detidos pela Polícia, que admite a existência do problema, especialmente nos períodos de início e fim de turnos escolares. Telefones celulares, bolsas e mochilas são os itens mais visados nos furtos nas regiões, daí a necessidade de os próprios moradores se precaverem, não deixando estes objetos à vista.




Alertada pela vizinhança, a reforçou o policiamento, e homens das Guardas Municipais também se revezam desde a manhã até a noite. Segundo o comando do das polícias, as ocorrências têm diminuído com a presença ostensiva de policiais. Mas a população, realmente, tem todo o direito de reclamar por segurança, mesmo os locais são espaços democráticos. Ali, crianças e adolescentes das favelas podem jogar bola com seus vizinhos dos bairros elegantes das metrópoles, enquanto empresários dividem seu cooper matinal com moradores dos morros e favelas. Em nome desta harmonia, então, que sejam adotadas medidas realmente eficazes contra os arrastões.