Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sexta-feira, março 13, 2009

Burrocracia

Eu me lembro bem de que, quando fui tirar a carteira de motorista, o livreto que a auto-escola me deu para que eu pudesse me familiarizar com as regras de trânsito tinha um aviso na página 2 que dizia mais ou menos o seguinte: o detalhamento das regras de trânsito neste livro foi feita de maneira a tornar sua compreensão o mais completa possível, mesmo por aqueles que possuam Q.I. mais baixo.


Cerca de vinte e seis anos se passaram desde que eu obtive a minha primeira habilitação para conduzir veículos automotores. Nesse meio tempo, surgiram e se disseminaram as câmeras portáteis de vídeo em diversos formatos, o microcomputador e a internet, entre outras maravilhas inimagináveis (para aqueles tempos) da tecnologia.


No País do faz de conta, continua como antes no quartel do Abrantes - pelo menos, quando se fala em trânsito de veículos e seu controle (ou, pelo menos, as tentativas nesse sentido)। Os escândalos de corrupção nos detrans são os mesmos (com suaves variações no modus operandi), a picaretagem da indústria da multa continua a mesma।


Se alguém tiver a paciência de consultar exemplares de jornais dos anos 1980 para cá vai constatar que só mudam os nomes e as circunstâncias e que, apesar de toda a tecnologia surgida de lá para cá, o que prevalece é a mentalidade do atraso, o raciocínio e as atitudes de Q.I. baixo daqueles designados para buscar soluções com ferramentas avançadas - mas que certamente teriam dificuldades de ler o livreto mencionado no início destas notas.


O aprimoramento tecnológico de ponta, utilizado (de maneira canhestra) apenas com o objetivo de aperfeiçoar a indústria das multas é incapaz de criar uma sinalização de trânsito que funcione apenas em determinados períodos do dia - algo que poderia ser útil até mesmo nessa época de crise, reduzindo o consumo de gasolina. O resultado? O avanço do sinal vermelho nas horas em que ele realmente não serve para nada, pois a visibilidade é de 100 por cento nos dois sentidos e até agora o famigerado pardal não foi instalado no local.


É assim, leitor(a), que... de pequenas transgressões em pequenas transgressões, vamos construindo um país sem lei, vamos aplainando o caminho para a volta do faroeste, vamos minando as forças da coletividade até o ponto em que elas não se importem mais com absolutamente nada e apenas dêem de ombros quando alguém noticiar que a popularidade do chefe do desgoverno chega a delirantes 84% - uma lorota que só recebe aplausos entusiásticos do chamado "petismo de boutique", que vivem na Europa, a salvo da medíocre, ignominiosa realidade do solo tupiniquim.