"Guias" sem domínio
BARRETOS (SP) – O ENSINO da matemática continua sendo a disciplina do currículo básico da Educação de crianças e jovens brasileiros com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais. No Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (SIMAVE) de 2010, por exemplo, 44% dos alunos da 3.ª série do Ensino Médio tiveram desempenho insuficiente em matemática no Estado de Minas Gerais. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países. Quatro em cada 10 jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar.
DIVULGADO semana passada, o levantamento mais recente da situação do ensino de matemática no País foi elaborado pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) com base nas notas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2005, 2007 e 2009, e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2008. Entre outras conclusões, a pesquisa aponta um paradoxo: os Estados brasileiros com as notas mais baixas em matemática nas avaliações do Ministério de Educação (MEC) são os que apresentam maior número de estudantes interessados em seguir a carreira docente no campo das ciências exatas. E o que os leva a fazer essa opção é a baixa concorrência nas licenciaturas dessa área, pois as notas exigidas para ingresso são inferiores às das áreas mais disputadas.
PARA as pesquisadoras Maria Cristina Gramani e Cintia Scrich, responsáveis pelo levantamento do Insper, isso vem gerando um círculo vicioso que vai piorar a má qualidade do ensino de matemática no País. Isso porque esses estudantes vão se tornar docentes na área em que apresentaram as maiores dificuldades de aprendizagem. Como no ensino básico não tiveram um bom conhecimento dos rudimentos da matemática, eles não conseguiram aprender - e, portanto, não conseguirão ensinar - as questões mais complexas. "O Estado do Piauí e o Estado de Sergipe são grandes exemplos dessa relação preocupante: registram altos números de inscritos e ingressantes nos vestibulares para formação de professores em ciências exatas e, ao mesmo tempo, têm desempenhos baixos em matemática", diz Cristina Gramani. Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), por exemplo, só 20% dos alunos do 1.º ano do Curso de Licenciatura em Matemática passam para o 2.º ano aprovados em todas as disciplinas.
O PROBLEMA é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os Cursos de Graduação em Engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas Universidades - faltam, sim, alunos ingressantes com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.
A ESTIMATIVA é de que o Brasil tenha hoje apenas 59 mil professores formados em matemática - um número muito aquém da necessidade da rede de ensino básico. Além disso, no Ensino Fundamental o docente das séries iniciais tem formação em pedagogia, carecendo de formação específica em matemática. E, segundo os pedagogos, isso não é suficiente para que saiba ensinar uma disciplina bastante técnica. As séries iniciais do Ensino Básico são fundamentais para que os alunos aprendam a ler números, a compreender as quatro operações aritméticas e a aplicá-las no cotidiano. As deficiências nas séries iniciais comprometem assim todo o aprendizado do aluno no ensino básico.
DURANTE décadas, imaginou-se que o baixo rendimento dos estudantes em matemática decorria do método com que a disciplina era ensinada. Valorizando a memorização de tabuada e a repetição de fórmulas, esse método não mostra aos estudantes como a matemática ajuda a raciocinar de forma lógica e objetiva. A pesquisa do Insper mostrou que o problema do baixo rendimento dos alunos em matemática não decorre só da falta de métodos de ensino mais modernos, mas também do baixo número de docentes capazes de dominar a disciplina.
DIVULGADO semana passada, o levantamento mais recente da situação do ensino de matemática no País foi elaborado pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) com base nas notas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2005, 2007 e 2009, e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2008. Entre outras conclusões, a pesquisa aponta um paradoxo: os Estados brasileiros com as notas mais baixas em matemática nas avaliações do Ministério de Educação (MEC) são os que apresentam maior número de estudantes interessados em seguir a carreira docente no campo das ciências exatas. E o que os leva a fazer essa opção é a baixa concorrência nas licenciaturas dessa área, pois as notas exigidas para ingresso são inferiores às das áreas mais disputadas.
PARA as pesquisadoras Maria Cristina Gramani e Cintia Scrich, responsáveis pelo levantamento do Insper, isso vem gerando um círculo vicioso que vai piorar a má qualidade do ensino de matemática no País. Isso porque esses estudantes vão se tornar docentes na área em que apresentaram as maiores dificuldades de aprendizagem. Como no ensino básico não tiveram um bom conhecimento dos rudimentos da matemática, eles não conseguiram aprender - e, portanto, não conseguirão ensinar - as questões mais complexas. "O Estado do Piauí e o Estado de Sergipe são grandes exemplos dessa relação preocupante: registram altos números de inscritos e ingressantes nos vestibulares para formação de professores em ciências exatas e, ao mesmo tempo, têm desempenhos baixos em matemática", diz Cristina Gramani. Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), por exemplo, só 20% dos alunos do 1.º ano do Curso de Licenciatura em Matemática passam para o 2.º ano aprovados em todas as disciplinas.
O PROBLEMA é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os Cursos de Graduação em Engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas Universidades - faltam, sim, alunos ingressantes com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.
A ESTIMATIVA é de que o Brasil tenha hoje apenas 59 mil professores formados em matemática - um número muito aquém da necessidade da rede de ensino básico. Além disso, no Ensino Fundamental o docente das séries iniciais tem formação em pedagogia, carecendo de formação específica em matemática. E, segundo os pedagogos, isso não é suficiente para que saiba ensinar uma disciplina bastante técnica. As séries iniciais do Ensino Básico são fundamentais para que os alunos aprendam a ler números, a compreender as quatro operações aritméticas e a aplicá-las no cotidiano. As deficiências nas séries iniciais comprometem assim todo o aprendizado do aluno no ensino básico.
DURANTE décadas, imaginou-se que o baixo rendimento dos estudantes em matemática decorria do método com que a disciplina era ensinada. Valorizando a memorização de tabuada e a repetição de fórmulas, esse método não mostra aos estudantes como a matemática ajuda a raciocinar de forma lógica e objetiva. A pesquisa do Insper mostrou que o problema do baixo rendimento dos alunos em matemática não decorre só da falta de métodos de ensino mais modernos, mas também do baixo número de docentes capazes de dominar a disciplina.
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