Repactuar com a corrupção?!...
RIO DE JANEIRO (RJ) - ESTA sucessão de escândalos de corrupção no eixo do governo federal parece estar levando a presidente da República, Dilma Wana Rousseff (PT-RS) ao limiar do descontrole. Segundo conversas em off em Brasília (DF), ao tomar conhecimento da prisão, pelo Departamento de Polícia Federal (DPF), dos envolvidos na Operação Voucher, que apura irregularidades no Ministério do Turismo, dona Rousseff demonstrou "grande irritação". De acordo com nossas fontes ligadas ao Palácio do Planalto, Rousseff classificou de "acinte" o fato de os detidos terem sido algemados, reclamou "furiosa" por estar sendo a toda hora surpreendida por operações da DPF que lhe criam problemas políticos e cobrou satisfações do ministro de Estado da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), a quem o DPF é subordinado dentro do Ministério da Justiça.
É MUITO fácil entender que a chefe de governo perca a paciência ao se dar conta das proporções em que o aparelho público e estatal que herdou está contaminado pelo fisiologismo que seu antecessor, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), institucionalizou. É igualmente compreensível sua aflição diante da grave ameaça que a denúncia e a repressão dos arrastões nos Ministérios representam para a estabilidade da base de sustentação de seu governo. Afinal, hoje está mais do que evidente que o que manteve em pé essa construção, meticulosamente edificada ao longo de oito anos, foi a tolerância com os gambás introduzidos nos galinheiros.
MAS a ênfase com que dona Rousseff passou a manifestar sua contrariedade com esses espetáculos pode dar margem à interpretação de que está tomando as dores dos denunciados, em vez de manter a atitude de isenção e respeito ao funcionamento das instituições que sua alta investidura exige. À chefe do governo não cabe "enquadrar" a Polícia Federal, como têm sugerido, ou mesmo exigido, colaboradores e aliados. Aquela Instituição policial existe para investigar delitos e reprimir a ação de criminosos no âmbito federal, colocando-os à disposição da Justiça. E deve agir de acordo com normas de procedimento que, se infringidas, sujeitam os responsáveis pelas infringências, por sua vez, a investigação, julgamento e, se for o caso, punições cabíveis. Não cabe, portanto, a altas autoridades palacianas em Brasília (DF) ou onde quer que seja, classificar de "exageradas" ou "atabalhoadas" as ações do DPF que lhes criam problemas políticos. Nem ao líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), declarar que "houve abuso de poder do Judiciário e do Ministério Público (MP)".
ATÉ outro dia dona Rousseff vinha se comportando publicamente com exemplar sobriedade diante das repetidas denúncias de corrupção, apoiando a necessária "faxina" nos setores da administração pública federal comprometidos com a bandalheira. E essa atitude tem sido respaldada pela opinião pública, como demonstram as pesquisas de opinião. Mas a sua reação diante do mais recente capítulo de uma sucessão de escândalos como nunca se viu antes na história deste país, parece revelar que se está tornando irresistível a pressão daqueles que, tanto no governo como na base parlamentar aliada, não admitem senão a maneira lullopetista de governar.
PRESSIONADA por todos os lados e preocupada, principalmente, com o tensionamento das relações entre governo e Partido dos Trabalhadores (PT), de um lado, e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do outro, dona Rousseff recorreu a quem entende do assunto para se aconselhar. Em reunião com Luiz Inácio da Silva em São Paulo, na última Terça-feira, 09, foi orientada a "repactuar" a aliança com o maior partido político da base aliada governista no Congresso Nacional, cujos interesses estão sendo afetados pelos escândalos no Ministério da Agricultura e no Ministério do Turismo. Resta saber o que Luiz Inácio da Silva entende por "repactuar".
APÓS a porteira arrombada, parece impossível conter a catadupa de denúncias na mídia e as ações policiais contra o arrastão na administração pública, em especial na esfera federal. É uma simples questão de se colher o que foi plantado durante oito anos. Trata-se, é claro, de uma lavoura que não foi inventada por Luiz Inácio da Silva e pelo PT, que na verdade criaram fama denunciando pragas. O lullopetismo apenas aperfeiçoou métodos de semeadura e colheita. E o PMDB é o segundo maior beneficiário de toda essa criatividade. Na hora em que esses benefícios se transformam em constrangimento, "repactuar" a aliança parece significar a promessa do impossível ao parceiro: acabar com as denúncias e com as operações policiais e com a repercussão de tudo isso na mídia.
DÁ PRA entender, portanto, a irritação da presidente Rousseff. E lamentar que ela esteja dirigida na direção errada.
É MUITO fácil entender que a chefe de governo perca a paciência ao se dar conta das proporções em que o aparelho público e estatal que herdou está contaminado pelo fisiologismo que seu antecessor, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), institucionalizou. É igualmente compreensível sua aflição diante da grave ameaça que a denúncia e a repressão dos arrastões nos Ministérios representam para a estabilidade da base de sustentação de seu governo. Afinal, hoje está mais do que evidente que o que manteve em pé essa construção, meticulosamente edificada ao longo de oito anos, foi a tolerância com os gambás introduzidos nos galinheiros.
MAS a ênfase com que dona Rousseff passou a manifestar sua contrariedade com esses espetáculos pode dar margem à interpretação de que está tomando as dores dos denunciados, em vez de manter a atitude de isenção e respeito ao funcionamento das instituições que sua alta investidura exige. À chefe do governo não cabe "enquadrar" a Polícia Federal, como têm sugerido, ou mesmo exigido, colaboradores e aliados. Aquela Instituição policial existe para investigar delitos e reprimir a ação de criminosos no âmbito federal, colocando-os à disposição da Justiça. E deve agir de acordo com normas de procedimento que, se infringidas, sujeitam os responsáveis pelas infringências, por sua vez, a investigação, julgamento e, se for o caso, punições cabíveis. Não cabe, portanto, a altas autoridades palacianas em Brasília (DF) ou onde quer que seja, classificar de "exageradas" ou "atabalhoadas" as ações do DPF que lhes criam problemas políticos. Nem ao líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), declarar que "houve abuso de poder do Judiciário e do Ministério Público (MP)".
ATÉ outro dia dona Rousseff vinha se comportando publicamente com exemplar sobriedade diante das repetidas denúncias de corrupção, apoiando a necessária "faxina" nos setores da administração pública federal comprometidos com a bandalheira. E essa atitude tem sido respaldada pela opinião pública, como demonstram as pesquisas de opinião. Mas a sua reação diante do mais recente capítulo de uma sucessão de escândalos como nunca se viu antes na história deste país, parece revelar que se está tornando irresistível a pressão daqueles que, tanto no governo como na base parlamentar aliada, não admitem senão a maneira lullopetista de governar.
PRESSIONADA por todos os lados e preocupada, principalmente, com o tensionamento das relações entre governo e Partido dos Trabalhadores (PT), de um lado, e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do outro, dona Rousseff recorreu a quem entende do assunto para se aconselhar. Em reunião com Luiz Inácio da Silva em São Paulo, na última Terça-feira, 09, foi orientada a "repactuar" a aliança com o maior partido político da base aliada governista no Congresso Nacional, cujos interesses estão sendo afetados pelos escândalos no Ministério da Agricultura e no Ministério do Turismo. Resta saber o que Luiz Inácio da Silva entende por "repactuar".
APÓS a porteira arrombada, parece impossível conter a catadupa de denúncias na mídia e as ações policiais contra o arrastão na administração pública, em especial na esfera federal. É uma simples questão de se colher o que foi plantado durante oito anos. Trata-se, é claro, de uma lavoura que não foi inventada por Luiz Inácio da Silva e pelo PT, que na verdade criaram fama denunciando pragas. O lullopetismo apenas aperfeiçoou métodos de semeadura e colheita. E o PMDB é o segundo maior beneficiário de toda essa criatividade. Na hora em que esses benefícios se transformam em constrangimento, "repactuar" a aliança parece significar a promessa do impossível ao parceiro: acabar com as denúncias e com as operações policiais e com a repercussão de tudo isso na mídia.
DÁ PRA entender, portanto, a irritação da presidente Rousseff. E lamentar que ela esteja dirigida na direção errada.
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