Se gritar pega ladrão!...
RIO DE JANEIRO (RJ) - ESSA prisão do secretário executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa (PMDB-SP), do seu antecessor Mário Augusto Moysés (PT-SP) e do ex-deputado federal Colbert Martins, nomeado para uma secretaria do mesmo Ministério - na leva de 35 suspeitos de fraudes capturados na última Terça-feira, 09, pelo Departamento de Polícia Federal (DPF) - era tudo o que a presidente da República, Dilma Wana Rousseff (PT-RS), não precisava nesta hora de crises acumuladas com os partidos da coalizão de governo, nascidas da faxina no Ministério dos Transportes e do escândalo seguinte, no Ministério da Agricultura. Assim como o ministro do Turismo, Pedro Novais (PMDB-MA), o seu secretário-executivo, Costa, e o secretário Martins pertencem aos quadros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foram indicados a dona Rousseff pelos sobas do partido. Já o petista Moysés é ligado de há muito à senadora da República, Marta Suplicy (PT-SP), que o levou para o Ministério do Turismo quando o comandava, no segundo mandato (2007-10) do então presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT-SP).
MAS, para o País, a Operação Voucher empreendida pelo DPF, resultado de uma investigação ordenada pelo Ministério Público Federal (MPF) e respaldada pelo Poder Judiciário sobre desvio de recursos em convênios do Turismo com uma Organização Não-Governamental (ONG) do Estado do Amapá, foi uma grande notícia. Pelo fato em si e, principalmente, porque a ação policial não foi freada a pretexto de que "este não é o momento". Nem o diretor executivo do DPF, o delegado federal Tarso Teixeira, nem o ministro de Estado da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), a quem o órgão se subordina, muito menos a Justiça Federal do Estado do Amapá, que decretou as prisões (38 ao todo) fizeram ou deixaram de fazer algo que travasse os devidos trâmites do inquérito, em nome da conveniência política da presidente da República. Segundo se diz no Palácio do Planalto, o ministro Cardozo, que decerto sabia da investigação, só avisou a Rousseff da execução dos mandados judiciais na undécima hora, pouco antes do início da espetaculosa operação que mobilizou cerca de 200 agentes - e, ainda assim, sem entrar em detalhes. Isso jamais aconteceria no governo Luiz Inácio da Silva (2003-10).
NÃO fosse pelo clima de acrimônia entre os políticos e a presidente da República que os teria deixado ao deus-dará - não só em matéria de verbas e cargos, mas sobretudo pelo seu aparente descaso com os efeitos da maré de denúncias de corrupção que lhes sobe pelos pés - o caso do Ministério Turismo teria um impacto menor. Afinal, o maranhense Novais, da cota do PMDB no governo, decerto nem sabia onde fica a pasta que lhe tocaria chefiar este ano, quando a fraude começou a germinar, em 2009. É um filme que a população já cansou de ver: um político (no caso, a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) apresenta duas emendas ao Orçamento Geral da União (OGU), destinando R$ 9 milhões ao custeio de convênios entre o Ministério do Turismo e um certo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) para treinar 1,9 mil futuros trabalhadores do setor no Estado. A partir de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), apura-se que o Ibrasi desviou cerca de R$ 3 milhões de um contrato no valor de R$ 4,4 milhões.
O ENTÃO secretário executivo do Ministério, Mário Moysés, assinou o primeiro convênio com o tal do Ibrasi, cujos cabeças apresentaram documentos falsos para se qualificar. (Na casa de seu diretor Luiz Gustavo Machado, o DPF achou R$ 610 mil em dinheiro.) O convênio seguinte, de 2010, foi assinado pelo atual secretário, Frederico da Costa, à época responsável pela área de programas de desenvolvimento do turismo, encargo atual do ex-deputado baiano Colbert Martins. Nesses dois anos, o Ibrasi recebeu R$ 14 milhões do governo. Teixeira, o delegado da PF, sustenta serem "robustas" as evidências de envolvimento deles com o esquema fraudulento. Se está certo, a Justiça dirá. O episódio, de qualquer modo, confirma a desalentada certeza da opinião pública de que "se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão", como no samba do saudoso Bezerra da Silva. E propaga entre os políticos atordoados com a ameaça à impunidade a pergunta "Onde é que isso vai parar?". Só lhes resta culpar a presidente Rousseff ou acusar o Poder Judiciário de "abuso de autoridade", como fez o líder petista na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), pois onde já se viu mandar prender figuras tão notáveis?
NEM pensar em ir à raiz do problema: os incentivos de Luiz Inácio da Silva, por ação ou omissão, à montagem de uma rede de quadrilhas na administração federal como decerto nunca antes se viu na história deste país.
MAS, para o País, a Operação Voucher empreendida pelo DPF, resultado de uma investigação ordenada pelo Ministério Público Federal (MPF) e respaldada pelo Poder Judiciário sobre desvio de recursos em convênios do Turismo com uma Organização Não-Governamental (ONG) do Estado do Amapá, foi uma grande notícia. Pelo fato em si e, principalmente, porque a ação policial não foi freada a pretexto de que "este não é o momento". Nem o diretor executivo do DPF, o delegado federal Tarso Teixeira, nem o ministro de Estado da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), a quem o órgão se subordina, muito menos a Justiça Federal do Estado do Amapá, que decretou as prisões (38 ao todo) fizeram ou deixaram de fazer algo que travasse os devidos trâmites do inquérito, em nome da conveniência política da presidente da República. Segundo se diz no Palácio do Planalto, o ministro Cardozo, que decerto sabia da investigação, só avisou a Rousseff da execução dos mandados judiciais na undécima hora, pouco antes do início da espetaculosa operação que mobilizou cerca de 200 agentes - e, ainda assim, sem entrar em detalhes. Isso jamais aconteceria no governo Luiz Inácio da Silva (2003-10).
NÃO fosse pelo clima de acrimônia entre os políticos e a presidente da República que os teria deixado ao deus-dará - não só em matéria de verbas e cargos, mas sobretudo pelo seu aparente descaso com os efeitos da maré de denúncias de corrupção que lhes sobe pelos pés - o caso do Ministério Turismo teria um impacto menor. Afinal, o maranhense Novais, da cota do PMDB no governo, decerto nem sabia onde fica a pasta que lhe tocaria chefiar este ano, quando a fraude começou a germinar, em 2009. É um filme que a população já cansou de ver: um político (no caso, a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) apresenta duas emendas ao Orçamento Geral da União (OGU), destinando R$ 9 milhões ao custeio de convênios entre o Ministério do Turismo e um certo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) para treinar 1,9 mil futuros trabalhadores do setor no Estado. A partir de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), apura-se que o Ibrasi desviou cerca de R$ 3 milhões de um contrato no valor de R$ 4,4 milhões.
O ENTÃO secretário executivo do Ministério, Mário Moysés, assinou o primeiro convênio com o tal do Ibrasi, cujos cabeças apresentaram documentos falsos para se qualificar. (Na casa de seu diretor Luiz Gustavo Machado, o DPF achou R$ 610 mil em dinheiro.) O convênio seguinte, de 2010, foi assinado pelo atual secretário, Frederico da Costa, à época responsável pela área de programas de desenvolvimento do turismo, encargo atual do ex-deputado baiano Colbert Martins. Nesses dois anos, o Ibrasi recebeu R$ 14 milhões do governo. Teixeira, o delegado da PF, sustenta serem "robustas" as evidências de envolvimento deles com o esquema fraudulento. Se está certo, a Justiça dirá. O episódio, de qualquer modo, confirma a desalentada certeza da opinião pública de que "se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão", como no samba do saudoso Bezerra da Silva. E propaga entre os políticos atordoados com a ameaça à impunidade a pergunta "Onde é que isso vai parar?". Só lhes resta culpar a presidente Rousseff ou acusar o Poder Judiciário de "abuso de autoridade", como fez o líder petista na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), pois onde já se viu mandar prender figuras tão notáveis?
NEM pensar em ir à raiz do problema: os incentivos de Luiz Inácio da Silva, por ação ou omissão, à montagem de uma rede de quadrilhas na administração federal como decerto nunca antes se viu na história deste país.
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