Mar pra peixe
RIO
DE JANEIRO (RJ) – NA verdade, o tsunami financeiro denunciado pela presidente
da República está salvando as contas externas, como mostram os dados projetados
deste primeiro quadrimestre do balanço de pagamentos em 2012.
A
CONTA capital-financeira de Março foi de US$ 13,6 bilhões, enquanto a média
mensal dos últimos 12 meses ficou em US$ 8 bilhões. Sem essa liquidez
internacional, seguramente o Brasil não teria conseguido receber Investimentos
Estrangeiros Diretos (IEDs) líquidos de US$ 5,8 bilhões em Março e de US$ 14,9 bilhões
no trimestre.
NÃO
há dúvida de que a instituição do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
sobre outros tipos de entradas de recursos teve como efeito uma saída líquida
de US$ 323 milhões em Março. Outras operações de crédito, essencialmente as de
mais de três anos, representaram uma entrada líquida de US$ 2,8 bilhões.
Verifica-se, assim, que o governo conseguiu conter a entrada de capitais
externos mais especulativos, que estavam contribuindo para aumentar a
valorização do real ante o dólar.
O
PAÍS tem consciência, ao contrário do seu vizinho do sul, a Argentina, de que
os IEDs são indispensáveis, não apenas para cobrir o déficit das transações
correntes, como para contribuir para o crescimento das atividades no País.
DE
FATO, o déficit das transações correntes foi de US$ 3,3 bilhões em março, com
exportações superiores em 8,4% às do mesmo mês de 2011, e importações 6,5%
maiores. As compras no exterior têm sido contidas por um dólar mais caro do que
alguns meses atrás. Até a conta de serviços acusa uma redução de 46,8%, que se
concentra especialmente nas remessas de lucros e dividendos com um real menos
valorizado. Os dados parecem mostrar que a política de defesa cambial do
governo está correta.
AS
REMESSAS de lucros e dividendos somaram US$ 2 bilhões em Março de 2012, ante
US$ 3,9 bilhões em Março de 2011. É curioso que os investimentos brasileiros no
exterior, de US$ 202 bilhões no final do ano passado, auferiram uma receita de
apenas US$ 41 milhões.
A
AUTORIDADE monetária do País, o Banco Central do Brasil (BC) está prevendo um
déficit das transações correntes de US$ 68 bilhões, com entrada de IEDs somando
US$ 50 bilhões. Previsão talvez pessimista, quanto ao déficit das transações
correntes, pois as exportações de commodities continuam com um preço elevado,
enquanto as importações vão sendo contidas pela desvalorização do real.
E
NO quadro internacional, o Brasil continua tendo a preferência dos investidores
estrangeiros, o que poderá limitar a desvalorização do real.
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