Outra lambança aérea
PARATY (RJ) – NO início desta semana, pouco antes das 10h da manhã, quando desembarcávamos no saguão do Aeroporto Internacional de Cumbica (SP), retornando de viagem de 21 dias aos Estados Unidos da América (EUA), reinava o caos nos principais aeroportos do Brasil provocado pelos atrasos e cancelamentos de voos da companhia aérea Gol, ainda a ação mais incisiva da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em favor dos milhares de passageiros prejudicados foi emitir uma nota na qual afirmava "estar acompanhando a normalização da situação". Se, diante dos enormes transtornos enfrentados pelos passageiros ao longo de pelo menos três dias inteiros, o órgão criado especialmente para assegurar o funcionamento adequado do sistema de transporte aéreo e zelar pelos interesses dos usuários não pode fazer mais do que emitir um comunicado como esse, com que proteção podem contar os prejudicados?
AQUI aparece apenas uma das questões suscitadas pela passividade com que as autoridades acompanharam os problemas em cascata criados pela Gol por causa do excesso de voos fretados oferecidos pela aquela companhia aérea e por falhas no seu sistema de controle da escala de trabalho das tripulações.
EXISTEM outras dúvidas sobre o assunto. Se as autoridades nada podem fazer para evitar esse tipo de problema, ou para resolvê-lo antes que ele se resolva "naturalmente" - sabe-se lá quando -, o que poderá acontecer daqui para a frente, com a crescente demanda por transporte aéreo? E como estarão os serviços aeroportuários, as condições de operação das companhias e a ação das autoridades responsáveis pela regulação e fiscalização do setor quando o Brasil tiver de abrigar grandes eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo de Futebol Fifa'2014, e mesmo os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016?
DIZEM algumas vítimas do descaso que os problemas da Gol começaram no último dia 30 de Julho, persistiram durante o fim de semana e alcançaram o nível crítico na Segunda-feira, 02 de Agosto 02 (data em que desembarcamos no País do voo Nova York - São Paulo) quando, dos 784 voos programados pela companhia até as 22 horas, 408 (ou 52%)registraram atrasos iguais ou superiores a 30 minutos e 99 (12,6%) foram cancelados. Admitindo-se que esses voos seriam feitos por aviões com capacidade para 114 passageiros, o de menor porte operado pela empresa em linhas nacionais, e considerando-se a taxa média de ocupação dos aviões da Companhia Gol no primeiro semestre deste ano, de 66,53%, conclui-se que, só naquela Segunda-feira, 02, 67 mil passageiros foram prejudicados.
E OUTRA vez, repetindo as justificativas dadas pela empresa, a diretoria da Anac informou que "um problema no software que processa as escalas de trabalho de seus tripulantes, durante o fim de semana, fez com que parte deles atingisse o limite de horas de trabalho estipulado pela legislação". A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), única companhia estatal responsável pelas operações dos principais aeroportos do País, igualmente repetiu, em comunicado oficial, as explicações da Gol.
NOSSA legislação para o setor de aviação civil estabelece que, por razões de segurança, tripulantes de jatos não podem voar mais do que 85 horas por mês, 230 horas por trimestre e 850 horas por ano. Para o Sindicato dos Aeronautas do Brasil, o problema não está no novo programa que a Gol passou a utilizar em Julho para estabelecer a escala de suas tripulações. Está na falta de pessoal. De acordo com o sindicato, a Gol é a empresa com o maior índice de rotatividade de funcionários entre todas as companhias em operação no País. O diretor de Segurança do Sindicato dos Aeronautas, Carlos Camacho (PT-SP), afirma que a Anac liberou um número de voos e de fretamentos que a Gol, e outras companhias que fizeram a solicitação, não poderia realizar com as equipes atuais. A agência reguladora do transporte civil aéreo neste País não pode alegar que foi surpreendida pelos problemas da Gol para a montagem da escala de suas tripulações. O sindicato informa que registrou na Ouvidoria da Anac, no dia último 15, uma manifestação com 520 denúncias trabalhistas contra a Companhia Gol Transportes Aéreos, a maior parte por carga horária excessiva e problemas nas escalas de voos.
DE QUE adianta um órgão criado para zelar pelos interesses dos passageiros - e que, ironicamente, colocou em vigor há pouco mais de dois meses uma resolução na qual define esses interesses e estabelece punições às empresas que não a cumprirem - se ele não consegue encontrar uma solução para problemas como os que milhares de brasileiros enfrentaram nos últimos dias ou, pelo menos, mitigar seus efeitos?
PS: A propósito, nos livramos desse caos aéreo porque usamos os serviços da América Air Lines no retorno ao Brasil, certamente se tivéssemos um babaquice nacionalista em mente e optássemos por um companhia do Brasil seríamos, também, vítimas da lambança do petismo nos ares.
E AO vir para o litoral fluminense, nesta manhã, não enfrentamos qualquer problema maior. Queira Oxalá que o nosso retorno a Capital mineira, na próxima Segunda-feira, 09, seja também sem atropelos ou surpresas desagradáveis.
AQUI aparece apenas uma das questões suscitadas pela passividade com que as autoridades acompanharam os problemas em cascata criados pela Gol por causa do excesso de voos fretados oferecidos pela aquela companhia aérea e por falhas no seu sistema de controle da escala de trabalho das tripulações.
EXISTEM outras dúvidas sobre o assunto. Se as autoridades nada podem fazer para evitar esse tipo de problema, ou para resolvê-lo antes que ele se resolva "naturalmente" - sabe-se lá quando -, o que poderá acontecer daqui para a frente, com a crescente demanda por transporte aéreo? E como estarão os serviços aeroportuários, as condições de operação das companhias e a ação das autoridades responsáveis pela regulação e fiscalização do setor quando o Brasil tiver de abrigar grandes eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo de Futebol Fifa'2014, e mesmo os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016?
DIZEM algumas vítimas do descaso que os problemas da Gol começaram no último dia 30 de Julho, persistiram durante o fim de semana e alcançaram o nível crítico na Segunda-feira, 02 de Agosto 02 (data em que desembarcamos no País do voo Nova York - São Paulo) quando, dos 784 voos programados pela companhia até as 22 horas, 408 (ou 52%)registraram atrasos iguais ou superiores a 30 minutos e 99 (12,6%) foram cancelados. Admitindo-se que esses voos seriam feitos por aviões com capacidade para 114 passageiros, o de menor porte operado pela empresa em linhas nacionais, e considerando-se a taxa média de ocupação dos aviões da Companhia Gol no primeiro semestre deste ano, de 66,53%, conclui-se que, só naquela Segunda-feira, 02, 67 mil passageiros foram prejudicados.
E OUTRA vez, repetindo as justificativas dadas pela empresa, a diretoria da Anac informou que "um problema no software que processa as escalas de trabalho de seus tripulantes, durante o fim de semana, fez com que parte deles atingisse o limite de horas de trabalho estipulado pela legislação". A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), única companhia estatal responsável pelas operações dos principais aeroportos do País, igualmente repetiu, em comunicado oficial, as explicações da Gol.
NOSSA legislação para o setor de aviação civil estabelece que, por razões de segurança, tripulantes de jatos não podem voar mais do que 85 horas por mês, 230 horas por trimestre e 850 horas por ano. Para o Sindicato dos Aeronautas do Brasil, o problema não está no novo programa que a Gol passou a utilizar em Julho para estabelecer a escala de suas tripulações. Está na falta de pessoal. De acordo com o sindicato, a Gol é a empresa com o maior índice de rotatividade de funcionários entre todas as companhias em operação no País. O diretor de Segurança do Sindicato dos Aeronautas, Carlos Camacho (PT-SP), afirma que a Anac liberou um número de voos e de fretamentos que a Gol, e outras companhias que fizeram a solicitação, não poderia realizar com as equipes atuais. A agência reguladora do transporte civil aéreo neste País não pode alegar que foi surpreendida pelos problemas da Gol para a montagem da escala de suas tripulações. O sindicato informa que registrou na Ouvidoria da Anac, no dia último 15, uma manifestação com 520 denúncias trabalhistas contra a Companhia Gol Transportes Aéreos, a maior parte por carga horária excessiva e problemas nas escalas de voos.
DE QUE adianta um órgão criado para zelar pelos interesses dos passageiros - e que, ironicamente, colocou em vigor há pouco mais de dois meses uma resolução na qual define esses interesses e estabelece punições às empresas que não a cumprirem - se ele não consegue encontrar uma solução para problemas como os que milhares de brasileiros enfrentaram nos últimos dias ou, pelo menos, mitigar seus efeitos?
PS: A propósito, nos livramos desse caos aéreo porque usamos os serviços da América Air Lines no retorno ao Brasil, certamente se tivéssemos um babaquice nacionalista em mente e optássemos por um companhia do Brasil seríamos, também, vítimas da lambança do petismo nos ares.
E AO vir para o litoral fluminense, nesta manhã, não enfrentamos qualquer problema maior. Queira Oxalá que o nosso retorno a Capital mineira, na próxima Segunda-feira, 09, seja também sem atropelos ou surpresas desagradáveis.
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