Entre cobras e serpentes
NOVA YORK (EUA) – A DIPLOMACIA turca votou contra a resolução com sanções à República Islâmica do Irã no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo da Turquia também tem adotado uma postura contrária ao governo de Israel em diferentes episódios neste ano, como é o caso do Irã. O comércio entre a Turquia e o Irã tampouco parou de crescer. Olhando assim, até parece que os mandatários turcos se tornaram os bons companheiros do regime de teocrático-totalitário do Irã. O que ninguém percebe é que os turcos são na verdade rivais dos iranianos. E isso é uma boa notícia, para o mundo civilizado.
ANTES da Guerra de Gaza, dizia-se haver uma “guerra fria” no Oriente Médio. De um lado estavam ditaduras e monarquias absolutistas ligadas ao governo dos Estados Unidos da América (EUA), capitaneadas pelo Egito, Arábia Saudita e Jordânia. Do outro, o regime ditatorial religioso do Irã, com o apoio do governo da Síria e dos grupos terroristas libanês Hezbollah e palestino Hamas. Esta disputa ainda existe, mas se reduziu porque a “república dos aiatolás” vem sendo derrotada, ainda que sem armas. O governo sírio se aproximou dos sauditas e dos sunitas pró-Ocidente de Saad Hariri no Líbano, deixando de lado o Hezbollah e o Irã .
ENTÃO emergiu a Turquia. Em vez de um questionador do Holocausto que desrespeita os direitos humanos em seu país, a defesa de Gaza passou a ser feita pelo República da Turquia, uma democracia com economia emergente (apesar dessa crise econômica internacional). Os aliados do governo norte-americano no Oriente Médio deixaram de ter apenas a imagem do caos do Cairo e da repressão das mulheres em Riad, para passarem a ser vistos como a sofisticação e ocidentalidade de Istambul.
OS TURCOS também lançaram negociações comerciais com a Síria, Líbano e Jordânia. Os sírios voltaram a visitar Turquia, incluindo o ocupado território de Antioquia. Os turcos estão enchendo Beirute e Damasco neste verão de 2010. E o Irã perde importância para libaneses, sírios e palestinos. Como notou a reportagem do site noticioso Now Lebanon, a foto do ano passado era a do presidente da República da Síria, Bashar al Assad, com presidente da República Islâmica do Irã, Mahmoud Ahmadinejad e o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Agora é do mesmo Assad (que entende para onde sopram os ventos), com o premiê Erdoganm da Turquia, e Hariri, que anos atrás acusava Assad de ter matado seu pai.
PARA o governo de Israel, não há nada melhor. Uma frase de Assad diz tudo – “Israelenses e turcos não podem brigar”. Segundo o líder sírio, o governo da Turquia é importante mediador de conflitos naquela região e seu racha com o governo de Israel prejudica as negociações – os dois devem se reaproximar. Do outro lado, os israelenses têm pela primeira vez no comando da defesa dos palestinos uma democracia amiga dos EUA, integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Bem melhor do que os radicais do regime iraniano e, claro, dos absolutistas e ditadores de alguns países árabes. Fica mais fácil negociar, desde que o Abbas queira e o presidente de Israel, Shimon Peres, não sabote seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
ANTES da Guerra de Gaza, dizia-se haver uma “guerra fria” no Oriente Médio. De um lado estavam ditaduras e monarquias absolutistas ligadas ao governo dos Estados Unidos da América (EUA), capitaneadas pelo Egito, Arábia Saudita e Jordânia. Do outro, o regime ditatorial religioso do Irã, com o apoio do governo da Síria e dos grupos terroristas libanês Hezbollah e palestino Hamas. Esta disputa ainda existe, mas se reduziu porque a “república dos aiatolás” vem sendo derrotada, ainda que sem armas. O governo sírio se aproximou dos sauditas e dos sunitas pró-Ocidente de Saad Hariri no Líbano, deixando de lado o Hezbollah e o Irã .
ENTÃO emergiu a Turquia. Em vez de um questionador do Holocausto que desrespeita os direitos humanos em seu país, a defesa de Gaza passou a ser feita pelo República da Turquia, uma democracia com economia emergente (apesar dessa crise econômica internacional). Os aliados do governo norte-americano no Oriente Médio deixaram de ter apenas a imagem do caos do Cairo e da repressão das mulheres em Riad, para passarem a ser vistos como a sofisticação e ocidentalidade de Istambul.
OS TURCOS também lançaram negociações comerciais com a Síria, Líbano e Jordânia. Os sírios voltaram a visitar Turquia, incluindo o ocupado território de Antioquia. Os turcos estão enchendo Beirute e Damasco neste verão de 2010. E o Irã perde importância para libaneses, sírios e palestinos. Como notou a reportagem do site noticioso Now Lebanon, a foto do ano passado era a do presidente da República da Síria, Bashar al Assad, com presidente da República Islâmica do Irã, Mahmoud Ahmadinejad e o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Agora é do mesmo Assad (que entende para onde sopram os ventos), com o premiê Erdoganm da Turquia, e Hariri, que anos atrás acusava Assad de ter matado seu pai.
PARA o governo de Israel, não há nada melhor. Uma frase de Assad diz tudo – “Israelenses e turcos não podem brigar”. Segundo o líder sírio, o governo da Turquia é importante mediador de conflitos naquela região e seu racha com o governo de Israel prejudica as negociações – os dois devem se reaproximar. Do outro lado, os israelenses têm pela primeira vez no comando da defesa dos palestinos uma democracia amiga dos EUA, integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Bem melhor do que os radicais do regime iraniano e, claro, dos absolutistas e ditadores de alguns países árabes. Fica mais fácil negociar, desde que o Abbas queira e o presidente de Israel, Shimon Peres, não sabote seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
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