Acanhados!
US$ 1,1 trilhão para ajudar os países mais afetados pela crise e para financiar o comércio internacional foi a decisão mais importante da reunião de chefes de governo do Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento do planeta. Com todo esse dinheiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird), o Banco InterAmericano de Desenvolvimento (BID) e outras instituições multilaterais poderão combater a recessão nos países emergentes, atenuar os problemas sociais nos mais pobres e facilitar as exportações, um dos principais motores da economia global.
Na tentativa de obter resultados a curto prazo, os líderes globais também se comprometeram a continuar tomando medidas para estimular a atividade em seus países e para garantir a solidez das instituições financeiras mais importantes para a segurança do mercado. Ninguém assumiu, no entanto, compromissos específicos quanto a novos estímulos fiscais, por meios de cortes de impostos ou de aumento de gastos. Este era um dos pontos de divergência entre norte-americanos, defensores de novas medidas expansionistas, e alguns europeus - os franceses e os alemães, principalmente -, favoráveis a uma pausa nesse tipo de política. O comunicado final da reunião contorna o problema com uma linguagem deliberadamente vaga.
O comunicado, também, não explica como se buscará a recuperação dos bancos mais importantes - se haverá, por exemplo, estatização e se os governos absorverão os créditos podres. A falta desses detalhes significa, provavelmente, que cada administração continuará agindo segundo critérios próprios, como até agora.
Todos os presentes concordaram, no entanto, quanto a um ponto: sem o saneamento do mercado global não será restabelecida confiança indispensável à normalização do crédito.
No curto prazo, a preservação de mercados abertos também será importante para a reativação do comércio e, por consequência, dos níveis de produção e de emprego. Os governantes prometeram evitar a adoção de novas barreiras comerciais até o fim do próximo ano e a retomar, em breve, as negociações da Rodada Doha de liberalização comercial. Mas essas promessas já haviam sido feitas na reunião de cúpula do G-20, realizada em novembro do ano passado, em Washington. A partir daí, a maior parte dos componentes do grupo tomou medidas protecionistas.
Grande parte dos outros compromissos produzirá efeito a médio prazo e terá pouca ou nenhuma influência na superação dos problemas imediatos da economia global. Será relevante para a prevenção de novas crises financeiras, não para a solução da atual. Os participantes do encontro decidiram tomar medidas para tornar mais seguro o sistema financeiro, foco da maior crise desde os anos 30. Prometeram adotar critérios mais severos e mais eficientes para regular os negócios dos bancos e de outras instituições financeiras e ampliar o alcance das normas. A crise foi facilitada, principalmente nos Estados Unidos, porque só os bancos comerciais estavam sujeitos à supervisão regular do banco central. Bancos de investimento e fundos de hedge atuavam quase sem controle.
A aguardada disciplina das instituições continuará a depender principalmente da supervisão exercida pelas autoridades de cada país. Mas o papel das entidades multilaterais será ampliado - como já se previa e como se vinha propondo há alguns anos. O Fórum de Estabilidade Financeira, criado nos anos 1990 e formado por representantes de economias industriais, terá um mandato fortalecido e incluirá, além de seus participantes atuais, todos os membros do G-20, a Espanha e a Comissão Europeia. Seu novo nome será Junta de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board). A Junta e o FMI deverão acompanhar os mercados e lançar sinais de alerta quando identificarem sinais de perigo financeiro. Também deverão colaborar na reforma do sistema de regulação e supervisão, ajudando as autoridades nacionais a aperfeiçoar seus controles.
Os líderes também combinaram pressionar os paraísos fiscais para fornecer as informações necessárias à segurança financeira internacional. "A era do sigilo bancário acabou", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anfitrião do encontro. Para não deixar o serviço incompleto, resolveram também disciplinar as agências de classificação de risco - quase sempre culpadas de omissão nas crises financeiras desde os anos 1990.
Na tentativa de obter resultados a curto prazo, os líderes globais também se comprometeram a continuar tomando medidas para estimular a atividade em seus países e para garantir a solidez das instituições financeiras mais importantes para a segurança do mercado. Ninguém assumiu, no entanto, compromissos específicos quanto a novos estímulos fiscais, por meios de cortes de impostos ou de aumento de gastos. Este era um dos pontos de divergência entre norte-americanos, defensores de novas medidas expansionistas, e alguns europeus - os franceses e os alemães, principalmente -, favoráveis a uma pausa nesse tipo de política. O comunicado final da reunião contorna o problema com uma linguagem deliberadamente vaga.
O comunicado, também, não explica como se buscará a recuperação dos bancos mais importantes - se haverá, por exemplo, estatização e se os governos absorverão os créditos podres. A falta desses detalhes significa, provavelmente, que cada administração continuará agindo segundo critérios próprios, como até agora.
Todos os presentes concordaram, no entanto, quanto a um ponto: sem o saneamento do mercado global não será restabelecida confiança indispensável à normalização do crédito.
No curto prazo, a preservação de mercados abertos também será importante para a reativação do comércio e, por consequência, dos níveis de produção e de emprego. Os governantes prometeram evitar a adoção de novas barreiras comerciais até o fim do próximo ano e a retomar, em breve, as negociações da Rodada Doha de liberalização comercial. Mas essas promessas já haviam sido feitas na reunião de cúpula do G-20, realizada em novembro do ano passado, em Washington. A partir daí, a maior parte dos componentes do grupo tomou medidas protecionistas.
Grande parte dos outros compromissos produzirá efeito a médio prazo e terá pouca ou nenhuma influência na superação dos problemas imediatos da economia global. Será relevante para a prevenção de novas crises financeiras, não para a solução da atual. Os participantes do encontro decidiram tomar medidas para tornar mais seguro o sistema financeiro, foco da maior crise desde os anos 30. Prometeram adotar critérios mais severos e mais eficientes para regular os negócios dos bancos e de outras instituições financeiras e ampliar o alcance das normas. A crise foi facilitada, principalmente nos Estados Unidos, porque só os bancos comerciais estavam sujeitos à supervisão regular do banco central. Bancos de investimento e fundos de hedge atuavam quase sem controle.
A aguardada disciplina das instituições continuará a depender principalmente da supervisão exercida pelas autoridades de cada país. Mas o papel das entidades multilaterais será ampliado - como já se previa e como se vinha propondo há alguns anos. O Fórum de Estabilidade Financeira, criado nos anos 1990 e formado por representantes de economias industriais, terá um mandato fortalecido e incluirá, além de seus participantes atuais, todos os membros do G-20, a Espanha e a Comissão Europeia. Seu novo nome será Junta de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board). A Junta e o FMI deverão acompanhar os mercados e lançar sinais de alerta quando identificarem sinais de perigo financeiro. Também deverão colaborar na reforma do sistema de regulação e supervisão, ajudando as autoridades nacionais a aperfeiçoar seus controles.
Os líderes também combinaram pressionar os paraísos fiscais para fornecer as informações necessárias à segurança financeira internacional. "A era do sigilo bancário acabou", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anfitrião do encontro. Para não deixar o serviço incompleto, resolveram também disciplinar as agências de classificação de risco - quase sempre culpadas de omissão nas crises financeiras desde os anos 1990.
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