Pseudo caça às bruxas
RIO DE JANEIRO (RJ) – “PSEUDOS
jornalistas chapas-brancas”, donos de blogs e veículos da Imprensa que
atuam como linha auxiliar de setores radicais do Partido dos Trabalhadores (PT)
desfecharam uma campanha do achincalhe organizada contra a revista Veja (Editora Abril), na esteira do
escândalo “Carlinhos Cachoeira”
TAL empreitada tem todas as características de retaliação pelas
várias reportagens publicadas pela revista Veja
das quais biografias de figuras estreladas do petismo saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção
urdidos em Brasília (DF) por partidos da base aliada dos governos Luiz Inácio
da Silva (2003-10) e Dilma Rousseff (2011-14). É indisfarçável, ainda, a
tentativa de atemorização da Imprensa como um todo, algo que esses mesmos
setores radicais do PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos,
sem sucesso graças ao compromisso da presidente da República, Dilma Wana Rousseff
(PT-RS), com a liberdade de expressão.
AGORA essa manobra se baseia em fragmentos de escutas telefônicas
legais feitas pelo Departamento de Polícia Federal (DPF) na investigação das
atividades do contraventor goiano Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a
verdadeira face do, ainda, senador da República, Demóstenes Torres (sem
partido-GO), outrora bastião da moralidade, e, entre outros achados, ligações
espúrias de Cachoeira com a construtora Delta Engenharia Ltda. As gravações
registraram vários contatos entre o diretor da Sucursal da revista Veja em Brasília, o jornalista Policarpo
Júnior, e Cachoeira. O contraventor goiano municiou a reportagem da revista
Veja com informações e material de vídeo/gravações sobre o baixo mundo da
política, de que alguns políticos petistas e aliados do governo fazem parte.
ESSA constatação animou alas radicais do partido a dar o troco. O
presidente do PT, Rui Falcão (PT-SP), chegou a declarar formalmente que a Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada no Congresso Nacional para
investigar os negócios espúrios de Carlinhos Cachoeira no setor público e
privado do Cachoeira iria "desmascarar
o Mensalão". Aos poucos, os blogs chapa-branca e pseudopetistas
começaram a soltar notas sobre uma suposta conspiração de da revista Veja com o contraventor goiano. E, durante
da semana, reportagens de televisão e na mídia impressa chapas-brancas,
devidamente replicados na internet, compararam o editor Roberto Civita, diretor-presidente
do conselho de administração da Editora Abril, que edita a revista Veja, ao
magnata da comunicações Rupert Murdoch, o australiano-americano sob cerrada
pressão no Reino Unido da Grã-Bretanha, devido aos crimes cometidos pelo seu
jornal News of the World, fechado
pelo próprio Murdoch.
TENTAR comparar Civita a Murdoch é tosco exercício de má-fé, pois
o jornal de Murdoch invadiu, ele próprio, a privacidade alheia. Quer-se
produzir um escândalo de Imprensa sobre um contato jornalista-fonte. Cada
organização jornalística tem códigos, em que as regras sobre este
relacionamento — sem o qual não existe notícia — têm destaque, pela sua
importância. Como inexiste notícia passada de forma desinteressada, é preciso
extremo cuidado principalmente no tratamento de informações vazadas por fontes
no anonimato. Até aqui, nenhuma das gravações divulgadas indica que o diretor
de da revista Veja estivesse a serviço do contraventor goiano, como afirmam os
blogs chapas-brancas e aduladores de governos, ou com ele trocasse favores
espúrios. Ao contrário, numa das gravações, o contraventor se irrita com o fato
de municiar o jornalista com informações e dele nada receber em troca.
NOSSA empresa recomenda em um dos itens de seus Princípios
Editoriais: "(...) é altamente
recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se
transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia".
E em busca da notícia o repórter não pode escolher fontes. Mas as informações
que vêm delas devem ser analisadas e confirmadas, antes da publicação. E nada
pode ser oferecido em troca, com a óbvia exceção do anonimato, quando necessário.
NO início dos anos 1990, a Central Única dos Trabalhadores (CUT),
o braço sindical do PT, durante a CPI que apurou os desvios do esquema PC
Farias/Collor de Mello (e que contribuiu para o impechment do então presidente
da República, Fernando Collor de Mello), abasteceu a Imprensa com informações
vazadas ilegalmente, a partir da quebra do sigilo bancário e fiscal de PC
Farias e outros. A reportagem do jornal norte-americano Washington Post só pôde elucidar a invasão de um escritório do
Partido Democrata no conjunto Watergate, em Washington (DC-USA) porque um alto
funcionário do FBI, cujo codinome "Garganta
Profunda", repassou aos jornalistas, ilegalmente, informações
sigilosas. Só alguém de dentro do esquema do Mensalão empreendido pelo
delubiovalerioduto sob o beneplácito do então todo-poderoso comissário do
governo Luiz Inácio da Silva, o deputado federal cassado José Dirceu (PT-SP),
poderia denunciá-lo. Coube a um então aliado governista, o deputado federal,
também cassado, Roberto Jefferson (PTB-RJ) tal tarefa.
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