Educação: a chaga social desse bobo e grande País!
RECIFE (PE) – MUITO embora pareça uma platitude, o ministro de Estado da Educação, Fernando Haddad (PT-SP), não deixa de ter razão quando diz que o desempenho dos estudantes brasileiros em avaliações internacionais deve ser visto em "perspectiva histórica". De fato, ao longo do século XX, enquanto um número cada vez maior de países investia pesadamente em educação, "o Brasil custou a despertar para o assunto", recorda Haddad. O problema é que o País não só acordou tarde - o pleno acesso ao Ensino Fundamental foi obtido apenas na segunda metade da década passada -, como ainda não acordou de todo, se a condição de vigília for medida pela qualidade da educação.
ESTA continua longe do mínimo satisfatório, assim como os índices de evasão escolar e o porcentual de estudantes em séries aquém de sua idade. É verdade que os números já foram piores, mas isso não pode servir de consolo. Sem querer negar os progressos alcançados, o patamar em que se encontra o ensino brasileiro é uma chaga social e um freio ao desenvolvimento nacional na era da informação. Nesses dois sentidos essenciais - a educação de qualidade como direito da população e imperativo para uma economia impulsionada pela inovação tecnológica - a metáfora do copo meio cheio e meio vazio não se aplica. A metade vazia é "mais igual" do que a metade cheia.
AGORA tomem-se os resultados de 2009 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), iniciado em 2000 e repetido a cada triênio. Os exames, de que participam os 34 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 31 nações convidadas, medem a aptidão dos estudantes de 15 anos na sétima série em leitura, matemática e ciência, cada vez com ênfase numa dessas áreas. Da última versão do teste, participaram 20 mil brasileiros. Numa escala de 0 a 1.000, tiveram em média 412 pontos no quesito leitura, 386 em matemática e 405 em ciência. Ou, respectivamente, 4,8%, 4,3% e 3,8% acima das marcas de 2006.
A CONTAR de 2000, apenas dois países (o minúsculo Luxemburgo e o vizinho Chile) avançaram mais do que o Brasil. O relatório da OCDE considerou "impressionante" a evolução do País, agora o 53.º no ranking de leitura e ciência, e o 57.º dos 65 participantes em matemática. Nada a comemorar, sobretudo quando se vê que praticamente a metade dos alunos brasileiros tirou as notas mais baixas em leitura, pouco mais da metade ficou nos mesmos patamares em ciência, assim como perto de 70% na prova de matemática. Apenas 2 em cada 100 tiveram "alto desempenho", na classificação do Pisa, em qualquer das áreas avaliadas. A China (mais especificamente Xangai) lidera nas três modalidades. Os números exprimem uma situação alarmante.
O TÍPICO estudante brasileiro naquele grupo de idade sabe ler, mas não entende o que lê - as ideias implícitas nos textos lhes escapam. O padrão se repete em ciência: a maioria entende o óbvio, mas é incapaz de lidar com os conceitos básicos. Em matemática, apenas os problemas mais simples são resolvidos. O baixíssimo nível, adverte a OCDE, representa uma barreira insuperável à aprendizagem em anos futuros. É, por sinal, o que mostra a experiência empírica: as nossas faculdades estão cheias de pessoas com sérios problemas de expressão e compreensão; as profissões também.
TAIS deficiências vêm do berço, por assim dizer. As crianças brasileiras começam a estudar mais tarde (aos 7,4 anos em média) do que as chilenas ou peruanas, por exemplo, para ficar na América Latina. E o número de horas por semana dedicadas ao estudo é também inferior. Além disso, 40% dos alunos repetem pelo menos um ano durante a sua vida escolar. Na relação da OCDE, o Brasil só é melhor do que a Tunísia e o Macau nesse quesito. Mas o maior problema singular do sistema educacional brasileiro é a capacitação insuficiente dos professores, reflexo direto de seus baixos salários e da erosão continuada do seu prestígio social.
NESSE particular, o relatório da OCDE contém duas perguntas embaraçosas para o Brasil: "Como são pagos os professores em comparação com outros trabalhadores de alto nível?" e "Você gostaria que o seu filho fosse professor?".
ESTA continua longe do mínimo satisfatório, assim como os índices de evasão escolar e o porcentual de estudantes em séries aquém de sua idade. É verdade que os números já foram piores, mas isso não pode servir de consolo. Sem querer negar os progressos alcançados, o patamar em que se encontra o ensino brasileiro é uma chaga social e um freio ao desenvolvimento nacional na era da informação. Nesses dois sentidos essenciais - a educação de qualidade como direito da população e imperativo para uma economia impulsionada pela inovação tecnológica - a metáfora do copo meio cheio e meio vazio não se aplica. A metade vazia é "mais igual" do que a metade cheia.
AGORA tomem-se os resultados de 2009 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), iniciado em 2000 e repetido a cada triênio. Os exames, de que participam os 34 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 31 nações convidadas, medem a aptidão dos estudantes de 15 anos na sétima série em leitura, matemática e ciência, cada vez com ênfase numa dessas áreas. Da última versão do teste, participaram 20 mil brasileiros. Numa escala de 0 a 1.000, tiveram em média 412 pontos no quesito leitura, 386 em matemática e 405 em ciência. Ou, respectivamente, 4,8%, 4,3% e 3,8% acima das marcas de 2006.
A CONTAR de 2000, apenas dois países (o minúsculo Luxemburgo e o vizinho Chile) avançaram mais do que o Brasil. O relatório da OCDE considerou "impressionante" a evolução do País, agora o 53.º no ranking de leitura e ciência, e o 57.º dos 65 participantes em matemática. Nada a comemorar, sobretudo quando se vê que praticamente a metade dos alunos brasileiros tirou as notas mais baixas em leitura, pouco mais da metade ficou nos mesmos patamares em ciência, assim como perto de 70% na prova de matemática. Apenas 2 em cada 100 tiveram "alto desempenho", na classificação do Pisa, em qualquer das áreas avaliadas. A China (mais especificamente Xangai) lidera nas três modalidades. Os números exprimem uma situação alarmante.
O TÍPICO estudante brasileiro naquele grupo de idade sabe ler, mas não entende o que lê - as ideias implícitas nos textos lhes escapam. O padrão se repete em ciência: a maioria entende o óbvio, mas é incapaz de lidar com os conceitos básicos. Em matemática, apenas os problemas mais simples são resolvidos. O baixíssimo nível, adverte a OCDE, representa uma barreira insuperável à aprendizagem em anos futuros. É, por sinal, o que mostra a experiência empírica: as nossas faculdades estão cheias de pessoas com sérios problemas de expressão e compreensão; as profissões também.
TAIS deficiências vêm do berço, por assim dizer. As crianças brasileiras começam a estudar mais tarde (aos 7,4 anos em média) do que as chilenas ou peruanas, por exemplo, para ficar na América Latina. E o número de horas por semana dedicadas ao estudo é também inferior. Além disso, 40% dos alunos repetem pelo menos um ano durante a sua vida escolar. Na relação da OCDE, o Brasil só é melhor do que a Tunísia e o Macau nesse quesito. Mas o maior problema singular do sistema educacional brasileiro é a capacitação insuficiente dos professores, reflexo direto de seus baixos salários e da erosão continuada do seu prestígio social.
NESSE particular, o relatório da OCDE contém duas perguntas embaraçosas para o Brasil: "Como são pagos os professores em comparação com outros trabalhadores de alto nível?" e "Você gostaria que o seu filho fosse professor?".
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