Diplomacia nebulosa
O CAUDILHO Hugo Chávez , como sempre boquirroto, já contou como aconselhou e auxiliou o presidente deposto Manuel Zelaya a voltar a Honduras e a buscar abrigo na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Forneceu os meios para a viagem e participou pessoalmente de uma operação de despistamento, para levar o governo de fato de Honduras a crer que o presidente deposto estava indo para Nova York, quando seu destino era seu próprio país. O que ainda não está claro é se Hugo Chávez deu conhecimento de seu plano ao vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (2003-10) e ao Itamaraty ou se decidiu colocar o Governo do Brasil numa situação delicada - numa verdadeira armadilha - sem avisar ninguém, dando por bem que pode manobrar à vontade o seu aliado brasileiro. Nenhuma dessas hipóteses é lisonjeira para o governo do petismo.
A QUESTÃO é que o governo brasileiro se tornou prisioneiro de suas próprias posições. Ao liderar o movimento pela volta de Manuel Zelaya ao governo - do qual foi deposto em processo conduzido pela Suprema Corte e pelo Congresso Nacional e concluído desastradamente pelas Forças Armadas daquele país, para evitar que o presidente desse o primeiro passo para a reeleição, expressamente proibida pela Constituição daquele país -, em nome da defesa da democracia na America Latina (AL), o vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva, caiu na armadilha armada pelo maior inimigo da democracia como ele, sendo “O-CARA”, a entende. Agora, surge perante o mundo, que aprendeu a respeitá-lo e admirá-lo exatamente pelo que o distingue do inventor do "socialismo do século 21", como seu aliado e até instrumento, na desastrada aventura "zelayana".
O PLANO Arias poderia atender às exigências da comunidade internacional e, ao mesmo tempo, manter intacto o princípio constitucional, cuja violação motivou a destituição de Zelaya. Mas, para isso, as duas partes teriam de ser pressionadas pelos governos dos países interessados na manutenção da estabilidade política regional. Ora, esses governos assumiram atitudes radicais, retirando embaixadores e não reconhecendo o governo de fato - razão pela qual perderam a condição de exercer qualquer mediação útil.
O GOVERNO do Brasil foi mais longe. Deu abrigo a Zelaya na embaixada em Tegucigalpa, configurando-se uma situação sui generis. Pela primeira vez na história da diplomacia latino-americana, um político perseguido por governo atrabiliário pede abrigo em embaixada, não para sair do seu país, mas para a ele voltar. E o Itamaraty não pôde conceder a Zelaya o clássico asilo político, uma vez que não poderia submeter às condições desse status - entre elas a de se abster de quaisquer manifestações políticas - um presidente que considera estar no exercício de seu cargo.
O ITAMARATY, tendo cometido a imprudência de conceder o abrigo, nada mais pôde fazer além de pedir a Zelaya que não fizesse declarações capazes de desencadear reações, tanto de seus partidários como do governo de fato, que resultassem em atos de violência. Não é, obviamente, o que o presidente deposto tem feito. Desde que se instalou, em precaríssimas condições, na embaixada brasileira, Zelaya e seus mais de 60 acompanhantes não têm feito outra coisa senão dar entrevistas e manter contatos, sempre por telefone celular, com os seus militantes. Os distúrbios verificados nos últimos dias em Tegucigalpa são o resultado desse ativismo.
DESSE MODO, o governo brasileiro corre o risco de ser responsabilizado por ter dado pretexto a uma eventual explosão de violência, por ter decidido hospedar Zelaya. Não bastasse isso, ao conceder o abrigo nas condições em que o fez, o Itamaraty rompeu um dos mais caros e tradicionais princípios da política externa brasileira: o da não-intervenção nos assuntos internos de terceiros países.
E, NESSE momento, o que Honduras realmente necessita é de amigos que ajudem a resolver o impasse político, sem deixar sequelas que mais tarde se transformem em conflitos violentos. O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, parece ter esgotado sua capacidade de mediação. Mas a Organização dos Estados Americanos (OEA), usando como base o Plano Arias, tem agora condições para intermediar uma solução para o dissídio. Nesta Segunda-feira, 05, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, iniciará uma nova missão em Honduras. Mas, pondo as barbas de molho, “O-CARA” já pediu socorro ao primeiro-ministro espanhol, José Luiz Zapatero. No início da semana passada, o chanceler espanhol iniciou contatos com o governo de fato hondurenho num esforço de mediação.
A QUESTÃO é que o governo brasileiro se tornou prisioneiro de suas próprias posições. Ao liderar o movimento pela volta de Manuel Zelaya ao governo - do qual foi deposto em processo conduzido pela Suprema Corte e pelo Congresso Nacional e concluído desastradamente pelas Forças Armadas daquele país, para evitar que o presidente desse o primeiro passo para a reeleição, expressamente proibida pela Constituição daquele país -, em nome da defesa da democracia na America Latina (AL), o vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva, caiu na armadilha armada pelo maior inimigo da democracia como ele, sendo “O-CARA”, a entende. Agora, surge perante o mundo, que aprendeu a respeitá-lo e admirá-lo exatamente pelo que o distingue do inventor do "socialismo do século 21", como seu aliado e até instrumento, na desastrada aventura "zelayana".
O PLANO Arias poderia atender às exigências da comunidade internacional e, ao mesmo tempo, manter intacto o princípio constitucional, cuja violação motivou a destituição de Zelaya. Mas, para isso, as duas partes teriam de ser pressionadas pelos governos dos países interessados na manutenção da estabilidade política regional. Ora, esses governos assumiram atitudes radicais, retirando embaixadores e não reconhecendo o governo de fato - razão pela qual perderam a condição de exercer qualquer mediação útil.
O GOVERNO do Brasil foi mais longe. Deu abrigo a Zelaya na embaixada em Tegucigalpa, configurando-se uma situação sui generis. Pela primeira vez na história da diplomacia latino-americana, um político perseguido por governo atrabiliário pede abrigo em embaixada, não para sair do seu país, mas para a ele voltar. E o Itamaraty não pôde conceder a Zelaya o clássico asilo político, uma vez que não poderia submeter às condições desse status - entre elas a de se abster de quaisquer manifestações políticas - um presidente que considera estar no exercício de seu cargo.
O ITAMARATY, tendo cometido a imprudência de conceder o abrigo, nada mais pôde fazer além de pedir a Zelaya que não fizesse declarações capazes de desencadear reações, tanto de seus partidários como do governo de fato, que resultassem em atos de violência. Não é, obviamente, o que o presidente deposto tem feito. Desde que se instalou, em precaríssimas condições, na embaixada brasileira, Zelaya e seus mais de 60 acompanhantes não têm feito outra coisa senão dar entrevistas e manter contatos, sempre por telefone celular, com os seus militantes. Os distúrbios verificados nos últimos dias em Tegucigalpa são o resultado desse ativismo.
DESSE MODO, o governo brasileiro corre o risco de ser responsabilizado por ter dado pretexto a uma eventual explosão de violência, por ter decidido hospedar Zelaya. Não bastasse isso, ao conceder o abrigo nas condições em que o fez, o Itamaraty rompeu um dos mais caros e tradicionais princípios da política externa brasileira: o da não-intervenção nos assuntos internos de terceiros países.
E, NESSE momento, o que Honduras realmente necessita é de amigos que ajudem a resolver o impasse político, sem deixar sequelas que mais tarde se transformem em conflitos violentos. O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, parece ter esgotado sua capacidade de mediação. Mas a Organização dos Estados Americanos (OEA), usando como base o Plano Arias, tem agora condições para intermediar uma solução para o dissídio. Nesta Segunda-feira, 05, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, iniciará uma nova missão em Honduras. Mas, pondo as barbas de molho, “O-CARA” já pediu socorro ao primeiro-ministro espanhol, José Luiz Zapatero. No início da semana passada, o chanceler espanhol iniciou contatos com o governo de fato hondurenho num esforço de mediação.
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